Das passarelas da moda para o mundo do leite, Marlene Kaiut, ajudou a triplicar o número de vacas em lactação e o volume de leite aumentou 4 vezes mais. Confira!
A fama não caiu do céu. São 11 anos de muito trabalho e dedicação até Marlene Kaiut conquistar esse título de rainha do Jersey. Tudo começou quando ela tinha 23 anos e trabalhava como modelo, desfilando nas passarelas pelo Brasil todo. A história de Marlene com a pecuária de leite, inicia em 2011 quando assumiu a leiteria da família na Chácara São João, no município de Carambeí no Paraná, região muito forte na criação de gado de leite.
Insatisfeita com a carreira, e sabendo que o esposo estava endividado a ponto de entregar as vacas de leite para abater parte das contas junto a cooperativa, Marlene resolveu se desafiar e assumir a propriedade da família.
A questão é que, a modelo de passarela, nunca tinha lidado com vacas. “Meu marido já estava bem desgastado, estava acumulando dívidas e me disse que não dava mais para continuar. Mesmo não entendendo nada, eu corri atrás de ajuda com nutricionista, zootecnista, enfim, mobilizei todo mundo e hoje estou tendo bons resultados na pecuária leiteira”, comenta Kaiut.
Em 2011, ela assumiu a frente do rebanho leiteiro, na chácara São João, em Carambeí no interior do Paraná, que na época tinha uma média de 60 animais. Hoje a propriedade tem mais de 400. O número de vacas em lactação triplicou e o volume de leite aumentou 4 vezes mais. O salto foi obtido graças à educação na alimentação dos animais, manejo aprimorado e à melhoria genética.
O inicio foi desafiador para Marlene, não somente pelo novo mundo que ela passava a fazer parte, mas por causa de preconceitos por ser mulher. “No meu primeiro dia de trabalho eu só tinha um funcionário, ele me disse que não receberia ordens de mulher. Eu demiti ele na hora. Quando fui comprar um trator também me desmereceram, perguntaram se eu estava indo entregar currículo na loja”, relembra.
Ela conseguiu triplicar os animais em lactação, deu um salto de qualidade, devido à alimentação correta dos animais e melhoramento genético, tanto sucesso lhe rendeu um prêmio Sebrae e seu reconhecimento a levou palestrar por diversas regiões do Brasil para contar sua história de superação.Continua depois da publicidade
Tanto carisma lhe rendeu muitos seguidores nas redes sociais, os quais buscam, dicas de manejo, alimentação, cuidado com o rebanho, além de acompanhar o dia a dia da pecuarista. Marlene compartilha de tudo. A ida ao salão de beleza, até um parto de uma vaca.
Marlene tem três filhos e é produtora rural formada em administração de empresas. Mesmo não sendo de áreas da saúde animal ou agronomia, ela se destaca na propriedade rural. “Eu me dedico bastante. Acordo cedo e já faço casco, chifre, medicamento, etc.. Essa vivência já me deu muita experiência, portanto, 70% da parte clínica das vacas eu consigo resolver”, afirma.
Kaiut foi destaque em diversas capas de revistas do mundo agro no Brasil e já conquistou diversos títulos. É campeã do prêmio Sebrae Mulher de Negócios da categoria produtora rural do Paraná e ficou em segundo lugar em nível nacional.
Hoje ela também percorre o Brasil como palestrante. A carreira nos palcos começou em 2015, quando apresentou o case de sucesso pela primeira vez, a convite de uma professora. “Eu viajo o país todo motivando mulheres e homens, pois eles devem correr atrás dos seus sonhos e podem dar sequência na sucessão familiar”, finaliza.
Galeria da Rainha do Jersey
A propriedade da Rainha do Jersey
A propriedade conta com 45 hectares e o rebanho é de 370 animais da raça, Jersey e destes 170 em lactação com uma média de 5 mil litros de leite dia e fica no municipio de Carambeí no Paraná. A chácara é sustentável tanto que produz a própria energia elétrica com painel solar e utiliza a água por gravidade de maneira racional.
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“Aqui nós produzimos a energia elétrica que usamos, instalamos um sistema de energia solar que me trouxe uma economia de aproximadamente R$ 5 mil por mês, além de usarmos os créditos em outra propriedade lá no bairro de Terra Nova, no municipio de Castro.”, conta Marlene. Ela também explica que seu rebanho é focado na genética com o genótipo A2A2, pois acredita que o setor lácteo no Brasil irá explorar este importante nicho de mercado. A produção de leite para pessoas que possuem alergia às beta-caseínas, que correspondem a 30% das proteínas do leite.
Outra questão interessante sobre a chácara é a visita de estagiários que buscam passar o mês no local para aprender o manejo sobre o gado leiteiro. “Quando eu iniciei na atividade eu não sabia nada, tinha pouca informação, portanto, abrir a propriedade para estágio é importante para que as pessoas possam aprender. Sempre tive isso comigo, que quando tivesse condições de receber pessoas para estágio eu faria. Assim, as pessoas podem aprimorar seu conhecimento sobre a produção de leite e eu também aprendo muito com elas, ou seja, o estágio e uma relação ganha, ganha.”, conta Marlene.