
Conhecido como berne, ele surge em regiões inesperadas, trazendo preocupação para produtores – saiba como identificar, prevenir e tratar esse problema antes que cause grandes prejuízos.
A infestação por bernes, causada pela larva da mosca Dermatobia hominis, é um problema recorrente na pecuária brasileira. Esses parasitas se desenvolvem sob a pele dos bovinos, provocando dor, irritação e prejuízos significativos para os produtores.
A presença da doença bernes não só compromete o bem-estar dos animais, mas também afeta diretamente a qualidade do couro e pode reduzir o ganho de peso do gado. Estudos indicam que uma infestação severa pode causar perdas médias de 15% no peso do gado, podendo chegar a um prejuízo de até 20% na produtividade, impactando diretamente a lucratividade da atividade pecuária.
Qual é a doença e como ela afeta o gado?
A Dermatobia hominis, conhecida popularmente como mosca do berne, é um parasita que afeta diretamente os bovinos. Essa infestação ocorre quando a larva penetra na pele do animal, formando lesões subcutâneas que geram inflamação, dor e desconforto. O ciclo do parasita (bernes) pode durar de 30 a 60 dias, período no qual o animal sofre com os efeitos adversos da infestação.
Os principais sintomas incluem a formação de nódulos na pele, coceira intensa, inflamação e até infecções secundárias. Além do sofrimento dos animais, a infestação compromete a conversão alimentar, pois os bovinos passam a gastar energia tentando se livrar das larvas em vez de direcioná-la para o crescimento e engorda. Com isso, o ganho de peso pode ser reduzido em até 15%.
Disseminação e regiões afetadas
A disseminação do berne ocorre principalmente por meio de insetos vetores, como moscas e carrapatos, que transportam os ovos da Dermatobia hominis até os bovinos. O clima quente e úmido favorece a proliferação desses vetores, tornando regiões do Centro-Oeste, Norte e Nordeste as mais afetadas. Durante períodos chuvosos, a incidência tende a aumentar significativamente.
Casos de surtos de bernes são registrados anualmente, impactando a produtividade da pecuária em várias partes do Brasil. Comparado a anos anteriores, a infestação tem se mantido constante, mas as mudanças climáticas podem contribuir para a expansão da praga para novas áreas. O transporte de animais infestados entre estados também é um fator de risco relevante para a disseminação.

Consequências para a pecuária e para a economia
A infestação de bernes impacta diretamente a produtividade da pecuária, uma vez que bovinos infestados apresentam menor ganho de peso, atrasando o ciclo de engorda. Isso se reflete no custo da arroba do boi, pois os produtores precisam gastar mais tempo e recursos para que os animais atinjam o peso ideal para o abate. Em casos mais graves, a redução na conversão alimentar pode estender o período de engorda em até dois meses.
Outro prejuízo significativo ocorre na indústria do couro, já que as lesões causadas pelo parasita tornam muitas peles inutilizáveis para comercialização. Estima-se que até 40% do couro produzido no Brasil sofra algum tipo de dano devido a parasitas, incluindo o berne. O impacto econômico para os pecuaristas pode ser elevado, com perdas diretas e indiretas devido ao tratamento dos animais e redução na qualidade do produto final.
Como prevenir e controlar a doença do berne?
A prevenção do berne na pecuária deve ser feita com um manejo sanitário adequado, incluindo a aplicação periódica de endectocidas como ivermectina e doramectina. Esses medicamentos são eficazes no controle do parasita e devem ser administrados estrategicamente ao longo do ano, principalmente antes dos períodos chuvosos. Manter os currais limpos e reduzir a presença de moscas também são medidas importantes para diminuir a infestação.

Além do controle químico, a nutrição dos bovinos pode ajudar a minimizar os impactos do parasita. Suplementação com vitaminas e minerais fortalece o sistema imunológico, tornando os animais menos suscetíveis a infecções secundárias. A inspeção frequente do rebanho também permite a identificação precoce dos primeiros sinais da infestação, reduzindo o impacto da doença.
O que dizem especialistas e autoridades sobre a infestação por berne?
Veterinários e pesquisadores alertam que a infestação por bernes pode se tornar um problema ainda maior caso medidas preventivas não sejam adotadas de forma ampla. Estudos indicam que a resistência dos parasitas a certos medicamentos está aumentando, tornando essencial a rotação de princípios ativos no controle químico. Além disso, programas de educação sanitária são recomendados para conscientizar pecuaristas sobre a importância do manejo preventivo.
Órgãos governamentais têm adotado iniciativas para conter o avanço da infestação, incluindo campanhas de conscientização e incentivo ao uso de tecnologias mais sustentáveis. No entanto, ainda não há restrições sanitárias específicas para o comércio de carne devido ao berne, mas especialistas apontam que, caso a infestação atinja níveis críticos, medidas mais rígidas poderão ser implementadas para garantir a qualidade da produção pecuária.
A infestação por bernes representa um desafio constante para a pecuária brasileira, trazendo prejuízos econômicos e comprometendo o bem-estar animal. No entanto, com o uso de estratégias preventivas, controle eficiente dos insetos vetores e adoção de tecnologias sustentáveis, é possível minimizar os impactos dessa praga. O monitoramento frequente do rebanho e a adoção de boas práticas de manejo são fundamentais para garantir uma produção pecuária mais eficiente e rentável.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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