Conglomerado do agro com R$ 271 mi em dívidas tem recuperação judicial aprovada

Justiça tomou uma decisão importante ao antecipar o período de blindagem do patrimônio do Grupo Princesa. A decisão, ocorrida na última quinta-feira (26), foi motivada pelo pedido de recuperação judicial apresentado pelo grupo, que visa renegociar uma dívida total de R$ 271 milhões.

O Grupo Princesa, um conglomerado familiar agroindustrial que engloba as empresas Agroindustrial Princesa Ltda., Princesa Piscicultura Ltda. e FM3 Participações Ltda, teve uma grande vitória na justiça para salvar a história do grupo. O juiz Renan Carlos Leão Pereira Nascimento, da 4ª Vara Cível de Rondonópolis (MT), tomou uma decisão importante ao antecipar o período de blindagem do patrimônio da empresa do agronegócio. A decisão, ocorrida na última quinta-feira (26), foi motivada pelo pedido de recuperação judicial apresentado pelo grupo, que visa renegociar uma dívida total de R$ 271 milhões.

Apesar do recente o pedido do Grupo Princesa, ela não está sozinha nesse cenário. Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial no setor do agronegócio, refletindo uma série de desafios econômicos que têm impactado os produtores rurais e empresas do setor. Esse fenômeno começou a se intensificar desde o ano de 2023 e, infelizmente, se agravou em 2024, evidenciando a fragilidade de muitos negócios agrícolas que foram negativamente impactados por adversidades climáticas que assolam o país.

A empresa, fundada na década de 1990 no Paraná, o Grupo Princesa se transferiu para Mato Grosso em 2001, onde se destacou na produção de algodão, soja, milho e em atividades de piscicultura. Ao longo de sua trajetória, a empresa consolidou-se como um pilar do agronegócio local, desempenhando um papel crucial na economia tanto regional quanto nacional.

Atualmente, a empresa agroindustrial possui seis marcas ligadas ao grupo:

  • Agroindustrial Princesa
  • AgroPrincesa
  • Fazenda Agape
  • Princesa Agro e Piscicultura
  • Fazenda Pedra Branca
  • Fazenda Ouro Branco

Entretanto, o conglomerado enfrentou desafios significativos nos últimos três anos, exacerbados pelo fenômeno El Niño, que resultou em secas severas e afetou a produtividade agrícola. Além disso, a infestação de pragas, como o bicudo do algodoeiro, e o aumento nos custos de produção contribuíram para a deterioração de sua situação financeira. A queda nos preços de commodities como algodão e soja intensificou ainda mais a crise, levando a um crescimento alarmante da dívida.

Foto: Grupo Princesa
Foto: Grupo Princesa

Ao solicitar a recuperação judicial, o Grupo Princesa busca reestruturar suas finanças e garantir a continuidade de suas operações, protegendo os empregos e renegociando suas obrigações com credores. Na sua decisão, o juiz Nascimento enfatizou que a documentação apresentada pelo grupo cumpriu os requisitos legais necessários e demonstrou a viabilidade da empresa, que, apesar das dificuldades, apresenta potencial para recuperação.

A antecipação dos efeitos da recuperação judicial, que inclui a suspensão de ações executivas e a prescrição de dívidas, foi justificada pelo magistrado como uma medida essencial para evitar danos irreparáveis à continuidade das atividades da empresa e para atender aos interesses de credores e funcionários.

O juiz também destacou a importância de resguardar o resultado produtivo do processo, uma vez que a recuperação judicial visa preservar a fonte de produção, os empregos e a função social do conglomerado.

O processo de recuperação judicial do Grupo Princesa será monitorado por uma perícia técnica, que avaliará a situação financeira e a viabilidade do grupo, fornecendo ao juiz as informações necessárias para decisões robustas e apropriadas sobre a continuidade do processo.

Foto: Grupo Princesa

Causas do Aumento nos Pedidos de Recuperação Judicial

  1. Aumento dos Custos de Produção: O encarecimento dos insumos, como fertilizantes, ração e combustível, pressionou as margens de lucro dos produtores. Com o aumento dos custos, muitos agricultores e pecuaristas se viram incapazes de honrar compromissos financeiros.
  2. Desafios Climáticos: Eventos climáticos adversos, como secas severas e enchentes, afetaram drasticamente a produção agrícola em várias regiões do país. Esses fatores climáticos não apenas prejudicaram a colheita, mas também impactaram a capacidade de pagamento das dívidas.
  3. Flutuações de Preços: A volatilidade dos preços das commodities, exacerbada por questões geopolíticas e variações na demanda global, tem dificultado o planejamento financeiro das empresas do setor. As incertezas nos preços tornam arriscado para os produtores se comprometerem com investimentos de longo prazo.
  4. Dificuldades de Acesso a Crédito: O endurecimento das políticas de crédito por parte das instituições financeiras, muitas vezes em resposta à alta inadimplência, tem limitado as opções de financiamento para os agricultores, forçando muitos a buscar recuperação judicial como alternativa.
  5. Concorrência Internacional: O aumento da concorrência internacional, especialmente com produtos de países que possuem custos de produção mais baixos, tem pressionado os preços e a rentabilidade dos produtos brasileiros.

Impacto nas Empresas do Setor

O alto número de pedidos de recuperação judicial tem gerado uma série de consequências, tanto para os empresários quanto para a economia rural como um todo. Muitas empresas estão reestruturando suas operações e renegociando dívidas, o que pode levar à consolidação de mercado, mas também pode resultar em uma diminuição da competitividade.

Além disso, a recuperação judicial não é apenas uma medida paliativa; ela reflete a necessidade urgente de políticas públicas que ofereçam suporte ao agronegócio, incluindo linhas de crédito acessíveis, assistência técnica e estratégias para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

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