O diferimento de pastagem é uma boa estratégia para o período da seca? Essa é uma das principais perguntas que os pecuaristas fazem sobre essa tecnologia
Por Dr. Angel Amaral Seixas, Zootecnista – Como toda tecnologia aplicada ao manejo de pastagem, ela precisa de ser feita com técnica, estratégia e boas tomadas de decisões. Por isso, nós vamos discutir nesse artigo sobre os principais pontos a serem considerados para adotar o diferimento de pastagem em sua fazenda, além de trazer 7 dicas de ouro que te ajudarão a melhorar ainda mais a adoção dessa tecnologia, contribuindo ainda mais nas estratégias de enfrentamento da seca em sua fazenda. Leia o artigo até o final e baixe o ebook para ter acesso ao cálculo para determinação de área de pasto a ser diferida!
Produção a pasto – o papel das boas tomadas de decisões
O pasto é a principal fonte de alimento do rebanho bovino nacional, sendo que, mais de 90% dos animais abatidos no país são criados, recriados ou terminados a pasto, característica que torna a nossa pecuária brasileira tão competitiva no mundo. Contudo, a sazonalidade climática faz com que ocorra variação na oferta e na qualidade do pasto ao longo do ano. No Brasil central por exemplo, 80% da produção anual de forragem está concentrada nos meses de outubro a março (águas) e apenas 20% de abril a setembro (seca), principalmente pelo efeito da redução das chuvas, luz e temperatura sobre o crescimento e qualidade do pasto.
Diferente da oferta, a demanda por forragem é constante ao longo do ano, isso faz com que, inevitavelmente, o produtor tenha que reduzir o tamanho do rebanho ou até mesmo vender todos os animais durante o período de seca, quando isso não ocorre, os efeitos negativos são devastadores, prejudicando assim a viabilidade da atividade, além de contribuir para a degradação da pastagem (Figura 1).
Nesse contexto, o diferimento de pastagens pode ser uma alternativa viável para contornar essa condição, garantindo assim forragem suficiente para alimentar todo o rebanho durante o período seco do ano. Diante disso, vamos entender melhor o que é essa técnica e quais os critérios para o seu uso.
Diferimento de pastagem – tecnologia de processo eficiente!
O diferimento de pastagem consiste em vedar uma determinada área (retirar do pastejo), geralmente no final do período das águas, para que acumule forragem para ser consumida pelos animais durante a seca (Figura 2).
O diferimento do pasto geralmente é recomendado para fazendas onde a taxa de lotação não seja superior a 1,5 UA/ha/ano. Porém, em regiões onde a quantidade de chuvas é maior e bem distribuídas ao longo do ano, o período de seca é menor, permitindo assim o uso dessa técnica em fazendas com lotação de até 3,0 UA/ha/ano. Já o tamanho da área diferida depende da taxa de lotação anual da propriedade, da taxa de lotação da área não diferida e da produção de forragem da área diferida e, consequentemente da sua capacidade de suporte. Contudo, como o diferimento é uma técnica que retira uma determinada área do pastejo no final das águas, a escolha do tamanho da área não deve ser superior a 40% da área total de pastagem para não impactar a taxa de lotação e sobrecarregar as demais áreas da fazenda.
Nesse contexto é essencial que você saiba realizar um ótimo planejamento para o período da seca, utilizando de todas as estratégias disponíveis que possam dar suporte para o diferimento de pastagem.
7 dicas de ouro para adotar o diferimento de pastagem.
Agora que sabemos o que é o diferimento de pastagens e os critérios que devemos ter para sua adoção, nós vamos te passar 7 dicas de ouro que te ajudarão a melhorar ainda mais a adoção dessa tecnologia, contribuindo ainda mais nas estratégias de enfretamento da seca em sua fazenda.
1ª Dica: Época de diferimento!
O diferimento ou vedação do pasto é feito no final das águas, que varia de região para região, sendo que, uma regra pratica séria a vedação do pasto cerca de 30 a 40 dias antes do fator climático (falta de chuvas e baixa temperatura) limitar o crescimento da forrageira. No Brasil central, a melhor época de vedação seria de fevereiro a março.
2ª Dica: Escolha do capim!
No geral, as espécies utilizadas para ao diferimento são aquelas que apresentam crescimento prostrado ou decumbente de porte baixo, colmo fino, boa relação folha/colmo e bom crescimento durante o outono, em especial as gramíneas do gênero Brachiaria (Marandu, Piatã e Paiaguás) e Cynodon (Estrela, Coastcross e Tifton) são as mais indicadas.
3ª Dica: Duração do diferimento!
Nesse período, o pasto ficara sem animais para que possa acumular forragem, sendo que, quanto maior for o período de duração menor será a qualidade da forragem e maior será assuas perdas. Porém, quanto menor o período de duração menor será a produtividade, que pode ser insuficiente para alimentar o rebanho na seca. Portanto, devemos trabalhar com períodos intermediários de 60 a 90 dias.
4ª Dica: Altura do pasto!
Como o objetivo é acumular forragem para a seca, rebaixar o pasto antes do diferimento é recomendado a fim de se remover a forragem velha e morta para melhorar a rebrota e a formação de novas folhas e perfilhos. Nesse caso, rebaixar o pasto há uma altura entre 10 a 20 cm se torna interessante.
5ª Dica: Diferimento escalonado!
O diferimento escalonado nada mais é que a subdivisão da área a ser diferida em diferentes épocas, ou seja, ao invés de diferir uma única área e utiliza-la em uma única data, realiza-se a subdivisão da área para serem diferidas em épocas diferentes. Por exemplo: 40% da área total no início de fevereiro para ser utilizada de maio até julho e 60% diferidos em março para ser utilizada de agosto até outubro.
6ª Dica: Adubação nitrogenada!
A adubação nitrogenada pode ser utilizada com o objetivo de aumentar a massa de forragem e, consequentemente, a taxa de lotação na área diferida ou ser utilizada para reduzir a tempo de duração do diferimento, além de promover flexibilização quanto ao início do período de diferimento. A dose recomendada varia de 40 a 80 kg de N/ha.
7ª Dica: Suplementação de animais em pasto diferido!
No geral, a forragem diferida é de baixa qualidade, pois o objetivo e garantir massa de forragem para o período de seca. Nessa condição, os bovinos expressam baixo desempenho que pode ser melhorada através da utilização da suplementação proteica ou proteica energética. O tipo e nível de suplemento, depende do desempenho esperado e da qualidade do pasto diferido, sendo que, os níveis mais utilizados variam de 0,1 a 0,3% do peso vivo.
Otimizar decisões para aumentar o seu lucro!
Lembre-se! Seu objetivo final com o uso de qualquer tecnologia é sempre obter maior lucro. No caso do enfrentamento da seca, através do uso do diferimento de pastagem não é diferente. Por isso, o sucesso no uso dessa tecnologia vem da combinação de um bom planejamento forrageiro, uso de estratégias de suplementação e gestão dos processos de sua operação. Como são muitas variáveis a serem analisadas ao mesmo tempo, não abra a mão de tecnologias que te permitam analisar todas as variáveis e comparar cenários, chegando a melhor estratégia diferimento de pastagem que se encaixe a sua realidade.
A BovExo possui essas e muitas outras funcionalidades que permitem a você obter os melhores resultados com as estratégias adotadas para enfrentar o período da seca. Nossa solução possui a funcionalidade “estado dos pastos”, que permite a avaliação do estado das áreas dos pastos dos últimos 15 dias e os próximos 30 dias, levando em consideração o tamanho da área do piquete, a forragem manejada, a climatologia, a estratégia de dieta de cada lote e a taxa de lotação. Com o auxílio, desta ferramenta, você poderá escolher qual área e o momento ideal para realizar o diferimento de pastagem. Tudo feito com um sistema de algoritmos precisos, conhecimento zootécnico e indicadores de performance para que você possa ter a tomada de decisão mais assertiva possível, garantindo assim sustentabilidade da atividade a curto, médio e longo prazo.
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