Mato Grosso deverá apresentar uma nova dinâmica na modalidade de confinamento bovino, em 2018, distribuindo e ofertando mais animais no primeiro giro da atividade, realizada entre os meses de abril e julho.
Se a previsão se confirmar, a proporção será de 62% no primeiro giro e de 38% no segundo, com animais sendo terminados entre os meses de setembro e novembro.
O Estado que detém o maior rebanho bovino do país e segunda maior praça de confinamento, será o único produtor nacional a inverter o movimento de engorda intensificada no país, onde os animais são alimentados e suplementados no cocho.
A estimativa foi feita pelo analista Rodrigo Albuquerque, da NF2R Assessoria Agropecuária, por meio de pesquisa de opinião que envolveu proprietários que reúnem cerca de 1,5 milhão de cabeças em nove estados.
Dados da pesquisa mostram que em Goiás, maior Estado confinador do país, os criadores manterão a intensificação para o segundo semestre. A pesquisa aponta que a distribuição de oferta na região será de 37% no primeiro giro e 63% no segundo.
A maior concentração está prevista para Rondônia. Apenas 28% do gado confinado no Estado serão terminados entre os meses de abril e junho, ou seja, no primeiro giro da intensificação e o restante, 72%, no segundo giro.
O analista frisa, que mesmo com a estratificação dos números entre os maiores confinadores do país, “há uma tendência consolidada dos confinamentos rodarem o ano todo”. Como completa, antigamente o segundo giro tinha uma concentração maior do total do gado confinado no ano, tal como é hoje a produção de milho, que é mais concentrada na segunda safra. “Essa amostragem revela existência de quase que o mesmo grau de importância entre os dois giros”.
Além de Mato Grosso, Goiás e Rondônia, a pesquisa traz previsões para outros estados. Para o primeiro e segundo giros os números são, respectivamente, os seguintes: São Paulo 45%/55%, Mato Grosso do Sul 50%/50%, Minas Gerais 50%/50% e Tocantins 44%/56%.
Para o analista da NF2R Assessoria Agropecuária, a consolidação da amostragem depende do que ele chama de um ‘gatilho incentivador’ formado por 12 fatores alheios apenas a intenção do pecuarista, entre eles crédito com juros acessíveis, PIB aquecido, boa relação de troca com bezerros e com bois magros.
O analista chama à atenção que um ponto interessante da pesquisa é que ter um mercado futuro com boa liquidez e um mercado de opções na Bolsa com liquidez e custos competitivos, não foram os fatores melhores ranqueados pelos entrevistados, considerando o grau de importância desses indicadores na tomada de decisão.
“Pedimos que os entrevistados ranqueassem nessa lista de fatores, tidos como incentivadores do confinamento, notas de 1 a 5, onde 1 identificaria o fator menos relevante e 5 o mais relevantes”, explicou.
Dessa avaliação “vimos que o fator de maior impacto sobre a vontade de confinar é uma dieta bem ofertada do ponto de vista volume e preço, em outras palavras, dieta ofertada e relação de troca”.
O ‘gatilho incentivador’, como completa o analista, mostra que a Bolsa é usada de forma errada. O aquecimento da Bolsa para a data prevista de saída dos animais do confinamento é um grande motivador para o início da atividade, porém, a Bolsa serve de parâmetro a tomada de decisão, “mas não é usada para garantir margem”, ou seja, a viabilidade financeira e buscada na relação de troca entre os produtos que integram o item alimentação da dieta.
André Perrone Reis, um dos vice-presidentes do Conselho de Administração da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (ASSOCON), está confiante com o desempenho da pecuária em 2018, mas é cauteloso. Para ele, não será um ano de altas margens.
“As expectativas dos meus parceiros estão mais equilibradas e com o pé no chão. Contudo, acredito que pode ser um ano positivo, considerando a retomada na economia, que pode gerar boas oportunidades, principalmente para a pecuária intensiva. O consumo interno deve aumentar e as exportações caminham bem”, explica Perrone.
O confinamento no Brasil é uma opção de oferta de bovinos para o abate na entressafra. Geralmente, no período da seca, a partir do mês de maio, época em que as pastagens oferecem poucas condições para propiciar um bom desempenho dos animais, a alimentação de proteinados se faz necessária, trazendo animais prontos para o abate em cerca de 90 dias.
Com informações do Diário de Cuiabá.