Indicador de custo no confinamento auxilia pecuarista

Pesquisadores também criaram um modelo de planilha para cálculo de custo que ajuda na gestão do negócio.

A partir deste mês de julho, o Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal (LAE) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, em Pirassununga, vai disponibilizar para os pecuaristas um indicador de custos de produção exclusivo para bovinos de corte em confinamento. Com isso, será possível obter a variação porcentual dos custos mensais para produzir uma arroba de boi gordo. Os pesquisadores pretendem divulgar o índice mensalmente. A edição atual está disponível neste link.

Os pesquisadores também desenvolveram um modelo de planilha para auxiliar os pecuaristas no cálculo dos custos de produção de bovinos em confinamento. Os produtores poderão gerir melhor o negócio e, assim, identificar possíveis gargalos. E sabendo exatamente qual é o custo de produção, o produtor pode negociar o preço de venda de modo mais realista..

“Parece óbvio que todos devem conhecer os custos de produção, mas, em geral, isso é difícil de ser feito na prática”
Gustavo Lineu Sartorello, zootecnista

“Atualmente, não existe indicador de custos de produção para gado de corte confinado. Os indicadores existentes levam em conta apenas os dados relativos à criação de bovinos em pastagens. Mas como os custos da produção em confinamento e em pasto são bastante distintos, isso interfere na informação final que chega ao produtor”, explica o zootecnista Gustavo Lineu Sartorello. Ele desenvolveu o indicador de custo e o modelo de cálculo em sua dissertação de mestrado. A pesquisa foi apresentada em agosto de 2016 sob a orientação do professor Augusto Hauber Gameiro.

Na criação de bovinos confinados, os animais, ao atingirem cerca de 360 quilos, são encaminhados para uma área cercada que, geralmente, é de terra batida, onde são alimentados exclusivamente com ração fornecida em cochos por 90 a 100 dias ou até atingirem o peso de abate, entre 500 e 520 quilos. Essa estratégia é conhecida como terminação ou engorda em confinamento.

“O custo de produção em confinamento envolve, além de outros itens, principalmente a alimentação e o maquinário”, explica. “Já nos bovinos criados a pasto, os animais se alimentam das pastagens e, algumas vezes, recebem alimentação suplementar apenas nos períodos de seca”, completa.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2014 foram abatidos no Brasil cerca de 40 milhões de cabeças de gado e, dentre este número, de acordo com o Anuário Estatístico da Pecuária de Corte (AnualPec), aproximadamente 3,3 milhões foram produzidos em confinamento.

Planilhas de cálculo

Segundo o pesquisador, “parece óbvio que todos devem conhecer os custos de produção, mas, em geral, isso é difícil de ser feito na prática”. Para auxiliar os produtores, Sartorello desenvolveu uma planilha em Excel onde basta inserir todos os itens de custos da atividade para obter os custos da produção.

Os custos foram divididos nas categorias: custos variáveis (compra de animais, alimentação, etc.); custos semifixos (combustíveis, energia elétrica, etc.); custos fixos (mão de obra, depreciação, manutenção de máquinas e equipamentos, etc.); e renda dos fatores (custo de oportunidade com compra de animais, por exemplo). O produtor pode somar todos e assim obter o custo total, ou fazer uma combinação entre eles para saber outras informações, de acordo com os próprios interesses.

Para elaborar a planilha de cálculo o zootecnista se baseou em um produtor que abate cerca 30 mil animais por ano e que já trabalha com uma boa organização dos dados da própria produção, além de outros profissionais que trabalham na atividade. Sartorello fez o levantamento de todos os itens ligados ao custo e testou na planilha. Após ajustes de equações matemáticas e conversas com o produtor, o zootecnista comparou os resultados obtidos com aqueles reais que o produtor já tinha, e os dados foram similares. A planilha para cálculo do custo de produção está na dissertação de mestrado de Sartorello, disponível no Banco de Teses da USP neste link.

Indicador de custos

Para desenvolver o indicador de custos, Sartorello entrevistou 19 confinadores de Goiás e de São Paulo para levantar os custos de produção. Os dados foram reunidos e serviram como base para a criação de três modelos de propriedades representativas: duas em São Paulo (uma média e outra grande) e uma grande em Goiás.

Entre os meses de abril e maio de 2016, o pesquisador apurou os preços médios de todos os itens envolvidos na produção, como alimentos, medicamentos, mão de obra, energia elétrica, combustível, software, maquinários e veículos, etc., totalizando 139 itens. Os dados foram inseridos na planilha de custos que o zootecnista desenvolveu na etapa anterior da dissertação, para os dois meses (abril e maio). Como resultado, Sartorello obteve a variação de preços de um mês para outro, para os três tipos de propriedade, nos dois Estados analisados, sendo possível fazer comparações entre os custos de um mês para outro e entre as propriedades.

“Agora, nosso trabalho é dar continuidade ao indicador, ampliar o número de itens para além dos 139 utilizados na dissertação e incluir outros Estados, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, destaca o zootecnista. O indicador será oferecido de modo gratuito a todos os interessados. Atualmente, os pesquisadores já contam com mais de 60 produtores, técnicos e profissionais interessados cadastrados, além dos 19 que já participaram da pesquisa.

Quem quiser ser incluído no cadastro para recebimento do indicador de custos e da planilha para cálculo de custos deve entrar em contato com os pesquisadores pelos e-mails gsartorello@gmail.com, com Gustavo Lineu Sartorello, ou gameiro@usp.br, com o professor Augusto Hauber Gameiro.

Fonte USP

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