Confinamento garante 14% de lucro em 95 dias, veja!

Pecuarista confinando em julho, para permanecer neste sistema por, em média, 95 dias terá uma rentabilidade de 14% com o seu investimento, veja!

Neste início de segundo semestre, as atenções de agentes do setor pecuário nacional se voltam para a produção de boi gordo em confinamento. Assim como no ano passado, as preocupações de pecuaristas estão relacionadas especialmente aos elevados custos do boi magro e da alimentação. Assim, enquanto alguns pecuaristas decidem se enviam um maior volume de animais para confinamento, outros ainda avaliam se vão engordar animais por esse sistema.

Cálculos realizados pelo Cepea mostram que, de fato, as margens de produtores em 2021 devem ficar mais apertadas em relação às verificadas no ano passado, mas ainda podem ser positivas. Quando analisado o confinamento de bovinos no Brasil, o maior custo se recai sobre os preços do animal de reposição.

Estudos do Cepea indicam que os gastos com a reposição no País podem corresponder de 60% a 75% dos custos totais, dependendo da região e do tipo de animal adquirido. Levantamento do Cepea mostra que, até meados de julho, o boi magro era negociado no interior de São Paulo (Presidente Prudente) a R$ 4.234,94/cabeça, em média. Esse valor estava 4,68% superior ao de janeiro/21 e 7,58% acima do de julho do ano passado, em termos reais (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI de junho/21).

Apesar de essa alta não ser tão intensa, ela foi verificada sobre um patamar de preço que já estava elevado. No ano passado, o animal de reposição registrou valorização de 13,94% de janeiro a julho. (Figura 1).

Quanto à alimentação, esta chega a representar de 20 a 35% dos custos de confinamento no Brasil. E o milho, por sua vez, é o principal item da alimentação. Dados levantados pelo Cepea mostram que o cereal negociado em Campinas – SP (Indicador ESALQ/BM&FBovespa) registrava média de R$ 94,60/saca de 60 kg até meados de julho, 1,83% acima da observada em janeiro deste ano e 46,33% superior à de julho/20, em termos reais. De janeiro a junho do ano passado, por outro lado, os valores do milho registraram queda real de 10,16% (Figura 2).

Aqui ressalta-se que, nas primeiras semanas de junho, os preços do milho caíram com certa força no mercado brasileiro, influenciados especialmente pela proximidade da colheita da segunda safra 2020/21 e pela desvalorização do dólar frente ao Real. Já no final do mês, os valores retomaram o movimento de alta, mesmo diante do avanço da colheita.

Essa reação ocorreu após geadas terem sido observadas em algumas praças, o que deixou produtores de milho em alerta e afastados do mercado spot. Até meados julho, o ritmo de alta seguia firme, com o cereal voltando a ser negociado próximo de R$ 100/saca de 60 kg.

Do lado da receita, o pecuarista que colocar o animal no confinamento em julho, por exemplo, pode ter como base os preços da arroba negociados na B3 para o contrato Outubro/21, que operava em torno de R$ 327 em meados de julho.

Simulação realizada pelo Cepea mostra que um pecuarista que adquirir um boi magro em julho, que, por sua vez, entraria no confinamento no mesmo mês, para permanecer neste sistema por, em média, 95 dias, consumindo milho comprado também em julho e que seria abatido em outubro deste ano, pode ter rentabilidade de até 4,17% ao mês (chegando a 13,99% em 95 dias). Destaca-se que, para esta simulação, foi considerado peso de ganho diário de 1,7 quilograma e o rendimento de carcaça de 55%.

A Figura 3 apresenta a evolução da rentabilidade do confinamento média no estado de São Paulo entre 2019 e 2021 e também projeções para os últimos três meses deste ano, tendo-se como base as cotações do boi gordo no mercado futuro da B3 em meados de julho.

A Figura 3 também apresenta três cenários para a projeção de rentabilidade. Um primeiro considerou os preços futuros do boi gordo do dia 14 de julho (contratos Outubro/21, Novembro/21 e Dezembro/21); um segundo levou em conta um cenário mais pessimista, com queda de 5% no preço apontado para os contratos; e o terceiro, considerou alta de 5% no valor dos referidos vencimentos. Nestes três cenários, e mantendo-se as premissas técnicas-econômicas e alterando-se, portanto, apenas os preços de venda do boi gordo, a rentabilidade no final do ano varia entre 7,16% e 18,43% para o ciclo do segundo semestre.

Como comparação, com os preços deflacionados, o confinador do interior de São Paulo que decidiu confinar no mesmo mês do ano passado pagou um milho a R$ 46,24/saca de 60 kg e boi magro de R$ 3.936,37/cabeça, e, nas mesmas condições de tempo de cocho, de ganho de peso e de rendimento de carcaça e vendendo o boi gordo em outubro a R$ 291,02/@ (preços reais), conseguiu rentabilidade de até 7,59% ao mês e 25,66% no período.

Em 2020, ressalta-se que, apesar do custo bastante elevado, houve incremento muito forte na receita, garantindo uma boa margem. Em 2021, se o pecuarista fizer uma boa gestão, deve obter lucro com o confinamento. É importante mencionar, também, que as estratégias de investimentos de cada produtor devem ser pautadas no que aconteceu no passado, e, principalmente na capacidade de cada um de fazer sua atividade. Os números estão na mesa e devem ser trabalhados para que a estratégia traga resultados positivos e não surpresas para o pecuarista.

Fonte: Cepea

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