Em 2018, 5,5 milhões de bovinos foram confinados de um total de 44,2 milhões de cabeças abatidas.
Dados da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) apontam que apenas 12% do rebanho nacional abatido é confinado. O sistema de engorda de bovinos em escala industrial, chamado confinamento, deverá ser uma das principais alternativas para atender a crescente demanda internacional por carne sem que haja desabastecimento interno. Isso porque a tecnologia reduz em até 40% o tempo de produção, dando mais celeridade ao processo e qualidade à carne, uma vez que os animais são abatidos mais jovens.
Somente entre setembro e outubro deste ano, a exportação brasileira de carne bovina registrou aumento de 68% na receita, passando de US$ 222 milhões para US$ 373 milhões. A alta se deve à habilitação de mais unidades frigoríficas após o surto de peste suína no continente asiático. Sem proteína animal suficiente para a população, o governo chinês autorizou a exportação de carne por mais indústrias.
Em Mato Grosso, as exportações registraram alta de mais de 300% no comparativo de outubro deste ano com o mesmo mês de 2018, passando de US$ 14,1 milhões para US$ 59,9 milhões. Entre setembro e outubro deste ano a alta nas exportações de carne mato-grossense foi de 87%.
O executivo Francisco Camacho, diretor da LFPEC, uma das principais empresas de cria, recria e engorda de animais do País, explica que o mercado da carne bovina deu início a uma nova etapa com a valorização dos preços, consolidação do mercado externo e aquecimento na demanda interna. “Chamamos esta fase de ‘tempestade perfeita’, pois reúne aspectos econômicos positivos, como juros baixos e crédito acessível, e demanda aquecida internamente e no mercado externo”, afirma Camacho.
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Com este conjunto de fatores positivos para o setor, Camacho diz que o investimento em tecnologia deve aumentar. A LFPEC somou nos últimos oito anos o abate de 500 mil bovinos. Agora, para 2020, a empresa planeja abater 100 mil animais nas três unidades, em Mato Grosso, Bahia e São Paulo. “A crescente exportação para China vai impulsionar o setor. Os frigoríficos precisam de mercadoria e os produtores terão que acelerar o processo de produção.”
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O médico veterinário Ricardo Barbosa, diretor operacional da LFPEC, explica que o confinamento reduz a idade de abate em até um ano e meio. “No Brasil, a idade média de abate é de três anos e meio. Quando confinado, o gado está pronto com dois a dois anos e meio. Isso representa mais produtividade, qualidade e consequentemente lucratividade”, esclarece.
Expansão
Dados da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) apontam que apenas 12% do rebanho nacional abatido é confinado. Em 2018, 5,5 milhões de bovinos foram confinados de um total de 44,2 milhões de cabeças abatidas. “Quando comparamos com países como Argentina e Estados Unidos, que confinam 60% e 90% do rebanho, respectivamente, vemos que o Brasil pode avançar muito. A China mesmo prefere animais terminados com grãos e exige animais abatidos com até 30 meses de idade”, explica Camacho.
Em Mato Grosso, este ano, o Instituto Mato-Grossense da Carne (Imea) apontou que 824 mil animais foram confinados até outubro deste ano, volume 10,8 % superior ao registrado no levantamento de outubro do ano passado. Mesmo assim, o volume não deve chegar a 15% do total a ser abatido, estimado em 6 milhões de animais este ano.
LFPEC
A empresa de cria, recria e engorda de bovinos está no mercado desde 2000 e, em 2012, diversificou sua atuação no segmento incluindo terminação de bovinos em escala industrial pela prática de confinamento. De lá para cá, soma 500 mil animais abatidos por meio de parceria com outros produtores e produção própria. Este marco faz com que a LFPEC esteja entre as dez maiores do segmento no País.
Sua atuação em três regiões, Centro Oeste, Nordeste e Sudeste, possibilita a proximidade com os centros produtores de insumos e com o mercado consumidor, dando mais capilaridade aos negócios. Atualmente a LFPEC conta cerca de 90 colaboradores nos estados de Mato Grosso, Bahia e São Paulo e aproximadamente 100 parceiros.
Diferentemente do que acontecia anos atrás, quando os produtores enviavam os animais para o confinamento somente no período da seca, a LFPEC recebe animais ao longo de todo o ano e possui estrutura adaptada para isso, com centro de manejo, área de preparo da ração, baias de engorda e piquetes/pastos para engorda nas chuvas.