Para responder à pergunta se o confinamento dá dinheiro, precisamos fazer alguns cálculos, pois não se trata apenas de uma resposta baseada em sentimentos. Confira todos os detalhes e planeje-se de forma lucrativa
No Brasil, a prática do confinamento bovino vem ganhando terreno como uma estratégia eficaz para maximizar a produtividade da pecuária. Segundo dados do último levantamento da dsm-firmenich, detentora da marca Tortuga, o país confinou cerca de mais de 7,3 milhões de bovinos em 2023. Essa técnica de intensificação, que consiste em um mecanismo conhecido como “poupa terra”, busca otimizar o ganho de peso dos animais em menor tempo e espaço. Mas, chegou a hora de responder: Confinamento dá dinheiro?
Neste artigo, publicado pela Prodap, discutiremos o tema do confinamento animal e sua rentabilidade. Apresentaremos, a título de exemplo, alguns dados sobre o mercado no Triângulo Mineiro em agosto de 2022 e faremos uma análise crítica das vantagens e desvantagens dessa prática. Lembramos, mais uma vez, que o intuito é ensinar como fazer a análise na sua propriedade, utilizando os seus números atuais, para que você possa tomar uma decisão baseada em números e não em sentimentos.
O mercado e a dieta do confinamento
Para responder à pergunta se o confinamento dá dinheiro, precisamos fazer alguns cálculos, pois não se trata apenas de uma resposta baseada em sentimentos. Para nos ajudar a chegar a essa conclusão, vamos fazer algumas simulações considerando os seguintes ingredientes para compor a dieta do confinamento:
● Silagem de milho
● Farelo de algodão
● Núcleo mineral
● Algodão em caroço
● Milho
A primeira coisa que precisamos saber é o custo desses ingredientes por tonelada e a quantidade que cada animal consome por dia. Por exemplo, suponha que o preço da silagem de milho seja R$ 100 por tonelada, o do farelo de algodão seja R$ 800 por tonelada, o do núcleo mineral seja R$ 2.000 por tonelada, o do algodão em caroço seja R$ 600 por tonelada e o do milho seja R$ 500 por tonelada.
Além disso, suponha que cada animal consuma 10 kg de silagem de milho, 2 kg de farelo de algodão, 0,1 kg de núcleo mineral, 1 kg de algodão em caroço e 3 kg de milho por dia, sendo um total de 1000 animais. Com esses dados, podemos calcular o custo diário da dieta para cada um (utilizamos preços APROXIMADOS, podendo variar de acordo do a região do país):
- Custo diário = (10 x 100) + (2 x 800) + (0,1 x 2000]) + (1 x 600) + (3 x 500) / 1000 animais
- Custo diário = R$ 10 + R$ 1,6 + R$ 0,2 + R$ 0,6 + R$ 1,5
- Custo diário = R$ 13,9
Ou seja, cada animal gasta R$ 13,9 por dia para se alimentar com essa dieta. Agora, precisamos saber quantos dias o animal fica no confinamento e quantos quilos ele ganha nesse período. Por exemplo, suponha que o animal entre no confinamento com 350 kg e saia com 450 kg após 90 dias. Isso significa que ele ganhou 100 kg em 90 dias, ou seja, uma média de 1,11 kg por dia. Com esses dados, podemos calcular o custo total da dieta por animal:
- Custo total = Custo diário x Dias de confinamento
- Custo total = R$ 13,9 x 90
- Custo total = R$ 1.251
Com base nessas informações, realizaremos todas as nossas simulações para analisar a rentabilidade do confinamento.
O segundo cenário: confinamento como estratégia de acabamento
Vamos agora passar para o segundo cenário, no qual consideramos um animal que foi criado e pastejado durante a estação chuvosa. Nessa estratégia, a fazenda utiliza o confinamento como forma de acabamento dos animais, sem a necessidade de ter pasto de excelente qualidade durante a estação seca.
Inicialmente a fazenda compra um bezerro pesando 8,5 arrobas no início da estação chuvosa. Durante oito meses no pasto o animal ganha cinco arrobas, o que corresponde a um ganho diário médio de peso de 625 gramas. Considerando um valor de mercado de R$350 por arroba, o animal é comprado por R$2.975.
Ao gastar R$60 por cabeça na recria ao longo dos oito meses, o custo total da recria do animal de 8,5 arrobas para 13,5 arrobas é de R$480. Portanto, o custo de entrada no confinamento para esse animal é de R$3.455, o que é inferior aos R$4.000 ou R$4.400 para um boi comprado diretamente para o cocho.
O que podemos ver é que a atividade de recria gerou uma rentabilidade interessante e temos a oportunidade de levar esse animal para o confinamento. Considerando esse custo de entrada de R$3.455, obtém-se um resultado de R$669 por cabeça. Se tivermos mil cabeças alojadas na propriedade e passarmos por todo o processo mencionado, o resultado será de R$669.000, o que é um resultado interessante.
Comparando com um investimento financeiro
Para avaliar se essa rentabilidade é boa ou ruim em comparação com um investimento financeiro, devemos analisar o que o dinheiro investido na atividade pecuária está rendendo ao longo do tempo. O retorno mensal nesse caso é de 1,36%, o que equivale a 17,6% ao ano. Portanto, é uma pergunta que muitos investidores costumam fazer: se estão ou não ganhando mais do que algum outro investimento financeiro.
Essa estratégia de produção de carne bovina tem se mostrado mais lucrativa nos dias atuais. Em vez de simplesmente vender bovinos magros, considere a opção de confinamento aliado à produção de pastagem. Nossa região tem enfrentado dificuldades de liquidez para bovinos magros devido aos resultados apertados do confinamento.
Vender animais nessas condições pode sobrecarregar as pastagens e levar a perda de peso e degradação. No entanto, o confinamento pode ser a solução, pois o boi gordo é uma commodity altamente líquida. Com o confinamento você terá a oportunidade de vender o animal que passou pela recria, aproveitando o mercado de boi gordo com um prêmio. Sem o confinamento, você estará à mercê do mercado e terá que se desfazer dos bovinos magros a qualquer preço, comprometendo suas pastagens.
Embora seja um negócio interessante, é importante considerar os riscos envolvidos devido à intensificação da atividade e às variáveis do mercado. No entanto, em média, o confinamento tem sido lucrativo ao longo dos anos, e vemos um crescimento dessa prática no Brasil. Quando integrado à produção de pastagem, ele se torna uma ferramenta extremamente útil para fazendas de recria e engorda.
Conclusão
Com base nos cálculos e cenários apresentados, podemos concluir que o confinamento pode ser uma prática lucrativa na produção de carne bovina. No entanto, é importante considerar todas as variáveis envolvidas, como o mercado, a dieta e o rendimento da carcaça. Além disso, é fundamental realizar uma análise financeira comparando a rentabilidade do confinamento com outros investimentos.
Se você é um produtor de carne bovina interessado em aumentar sua rentabilidade, vale a pena considerar a estratégia de confinamento aliada à produção de pastagem. Essa abordagem pode ajudar a superar as dificuldades de liquidez dos bovinos magros e aproveitar as oportunidades do mercado de boi gordo.
Portanto, o confinamento pode ser uma alternativa viável e lucrativa para produtores de carne bovina, desde que seja realizado de forma planejada e estratégica. Agora é hora de colocar essas informações em prática e avaliar se essa é a melhor opção para o seu negócio pecuário.
Aproveite essa oportunidade e comece a explorar o potencial do confinamento na sua propriedade. Invista em conhecimento, planejamento e estratégia, e colha os frutos da rentabilidade no setor da pecuária.
Este artigo é apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento financeiro. Sempre consulte um profissional qualificado antes de tomar decisões financeiras.
Compre Rural com as informações da Prodap e DSM-firmenich
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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