Apurado a cada três meses, pesquisa mostra a expectativa dos agentes do setor em relação ao seu negócio e ao ambiente econômico. Confira agora!
O ano de 2020 está no topo das paradas de confiança do produtor rural, especialmente o pecuarista. Com um total de 130,7 pontos, o Índice de Confiança da Pecuária, o IC Pecuária é o maior da série iniciada no final de 2013 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Além de ser recorde, o IC Pecuária apresentou o maior crescimento porcentual, no 3º trimestre do ano, entre os setores avaliados pelo Índice de Confiança do Agronegócio, o IC Agro. Em comparação com o 2º trimestre, o crescimento foi 18,5%, e perante o mesmo período do ano passado, o salto foi de 25,2%. O resultado foi apresentado nesta terça-feira (24/11) pela Fiesp e contou com a pesquisa de campo da Agroconsult.
Apurado trimestralmente, o IC Agro mede, por meio de um conjunto de variáveis, a expectativa dos agentes do setor em relação ao seu negócio e ao ambiente econômico de forma geral.
Arroba em alta
Para o pecuarista e engenheiro elétrico Antônio Ricardo Sechis, da fazenda Rodansechis, em Nhandeara (SP), e criador da marca de carne Beef Passion, de fato, não há o que reclamar de 2020.
“A demanda pela produção de carne cresceu 50% esse ano”, diz Sechis.
Além da alta demanda, o setor continua vendo o preço da arroba do boi gordo com tendência de alta para o próximo período, o que contribui para reafirmar a pesquisa da Fiesp. Na segunda-feira (23), em praças paulistas, o valor médio da arroba era de R$ 289,70, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A alta é de 50,1% desde o início do ano.
Os resultados positivos de 2020 refletiram até em mais investimentos , por parte de Sechis.
“O ano de 2020 tem sido bastante transformador em nossa produção de cria e recria. Estamos investindo em reforma de 276 hectares na cria e 700 hectares na recria, incluindo 147 hectares de pivô para a produção de grãos e pastagem. Nosso objetivo é aumentar 500 matrizes e dobrar a quantidade de recria, passando de 2,5 mil para 5 mil animais”, diz Sechis.
Indústrias
Segundo o levantamento, o Índice de Confiança das Indústrias do agronegócio manteve a trajetória de crescimento iniciada no trimestre anterior, com alta de 13,8 pontos chegando a 122,9. A confiança das empresas de insumos agrícolas aumentou pelo terceiro trimestre consecutivo, saindo do pessimismo observado no primeiro trimestre (86,2 pontos) para 122 pontos no atual levantamento.
“As relações de troca por insumos estavam em bons patamares para os produtores rurais, estimulando a negociação antecipada de fertilizantes e de parte dos defensivos não só para a safra atual como também para a próxima temporada.”, avalia Christian Lohbauer, presidente Executivo da CropLife Brasil.
“Por outro lado, em alguns momentos do trimestre anterior a desvalorização do real chegou a dificultar o andamento da comercialização de insumos. Caso o câmbio permaneça alto poderá dificultar os planos das empresas desse setor em 2021”, diz Lohbauer.
Depois da porteira
A confiança das indústrias situadas depois da porteira foi outro segmento que apresentou alta de 10,9 em seu índice, fechando em 123,3 pontos. Muitos aspectos que já haviam contribuído para a alta desse índice no trimestre anterior continuaram a ter influência positiva.
“As exportações seguiram crescendo em vários segmentos. É o caso da indústria de carnes, que vem sendo puxada também pela grande demanda do mercado chinês. No setor sucroalcooleiro, os preços do açúcar também apresentaram uma trajetória de recuperação no exterior. A demanda de etanol no mercado interno também melhorou, acompanhando a retomada do consumo de combustíveis após a flexibilização em vários estados e municípios brasileiros”, diz Betancourt.
Produtor agropecuário
Em relação aos produtores agropecuários, o índice fechou o terceiro trimestre em 132,7 pontos, com alta de 17,5. A percepção a respeito das condições do próprio negócio melhorou devido a uma série de aspectos, como o aumento dos preços dos produtos agropecuários e a disponibilidade de crédito.
Agricultor
A confiança do produtor agrícola subiu 16,5 pontos no trimestre, atingindo 133,4 e superando o recorde anterior, do final do ano passado. “Os preços dos principais produtos agrícolas estavam em trajetória de alta, como foi o exemplo da soja e do milho, ou se recuperando, como nos casos do açúcar e do algodão. Não houve problemas relacionados à liberação do crédito rural, cujos desembolsos para as principais culturas de janeiro a setembro cresceram 16% em relação ao mesmo período do ano passado. Vale lembrar que no primeiro semestre deste ano chegou a haver alguma preocupação relacionada à liquidez desses recursos”, observa Lohbauer.
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Pecuarista
Assim como no caso dos produtores agrícolas, a percepção a respeito dos preços, do crédito rural e da produtividade influenciou a alta de 20,4 do índice dos produtores pecuários, registrando 130,7 pontos. Tanto o boi gordo quanto o leite mantiveram-se em alta nos últimos meses.
Por outro lado, Betancourt alerta que “apesar da expressiva melhora nas perspectivas do agronegócio para a economia brasileira, existem preocupações em relação as reformas, tanto na esfera estadual, quanto na federal. A reforma tributária do estado de São Paulo é um exemplo que materializa essa preocupação, já que resultou no aumento da carga tributária do agronegócio, em todos os seus elos, para compensar o déficit nas contas públicas. Isso, sem dúvida, pode afetar o otimismo do setor no futuro”.
Com informações do Portal DBO e Canal Rural