O que determina se a atividade vai dar dinheiro ou não é sua capacidade de gerir todos os recursos que você tem dentro da fazenda. Afinal, compost barn da dinheiro?
Acho que já escutamos essa pergunta pelo menos 1 milhão de vezes. Todos querem entrar na moda do composto! Se meu vizinho, fez por que eu não posso fazer? Eu ouvi que é isso que vai dar lucro, por que não construir?
Escrevemos esse artigo no intuito de mostrar que construir pode ser um grande acerto para sua fazenda… ou um grande erro. Sabem por quê? Porque uma construção é apenas um meio. Pense em vários barracões que você conhece. Pense nas estruturas, nas vacas, no clima… Não são muito similares? Então por que um tem média de 20, outro de 30 e o outro de 35. O que há de diferente entre eles?
A chave é: você consegue copiar a estrutura, mas é o jeito de fazer as coisas acontecerem que faz a média subir, a sanidade melhorar, a reprodução ficar redonda e conseguir alta rentabilidade. O que determina se a atividade vai dar dinheiro ou não é sua capacidade de gerir todos os recursos que você tem dentro da fazenda, e isto é a tal “sonhada” gestão do negócio e, de longe, não é a altura da mureta que vai decidir isso. O que nós vamos falar aqui vale pra sua fazenda de leite ou para qualquer negócio.
Pensemos no planejamento do seu negócio primeiro. Atenção a essas perguntas:
- Quanto eu espero do meu negócio após a construção do Compost? Minha fazenda hoje dá lucro?
- Qual o cenário de preço de leite que eu usei nos meus cálculos? E se o preço do leite cair? Vou me contentar somente com o tal ponto de equilíbrio (quando o negócio empata, sem prejuízo, mas também sem lucro)? Lembre-se que sua decisão terá implicações a longo prazo.
- Meus funcionários sabem exatamente onde eu quero chegar? Eles sabem o que eu espero do trabalho deles? Eles sabem qual a importância do trabalho deles e como fazer cada tarefa com excelência? Eu tenho capacidade em capacitá-los a entender este novo modelo de produção?
- Sei produzir volumoso de boa qualidade? Lembre-se que seu sistema não será mais a pasto e que o novo sistema não poderá ser limitado pela quantidade e qualidade do volumoso, não é mesmo?
Se você não conseguiu responder essas perguntas, provavelmente é hora de parar tudo, respirar e se organizar primeiro.
A ideia aqui não é falar mal da construção, até porque vocês sabem o quanto sou embaixadora do conforto (ass.: Hayla), mas para um negócio sobreviver a longo prazo (lembre-se que o barracão vai durar pelo menos 20 anos) não basta dar o melhor do conforto aos animais. Não basta seguirmos cada detalhe do projeto civil e fazer um resort para as vacas, mas que dê prejuízo.
A gestão do negócio vai muito além da gestão financeira e/ou da qualidade do projeto. Na nossa visão, além da preocupação com a estrutura, deveríamos nos questionar e buscar melhorar as tarefas do dia a dia, todos os dias, um passo de cada vez, contribuindo para a capacitação das pessoas que estão lá, na “labuta” diária com as vacas. Só de prestar mais atenção a isso provavelmente verão vários pontos críticos, que determinam se a fazenda vai ter os 20 ou 30 litros de média.
Além disso, acertar o “como fazer” diminui desperdícios (de tempo, comida, medicamentos, etc.), riscos (de mandar leite com antibiótico para o laticínio por exemplo), melhora o engajamento (rotatividade) entre outros inúmeros ganhos. Você entende que é aí que fica sua margem de lucro? Entende porque rentabilidade tem tudo a ver com como as pessoas fazem cada pequena tarefa todos os dias?
Ok. Entendi. Mas como chegar lá? Grave na sua mente: “Resolver pequenas dificuldades todos os dias é melhor do que resolver um grande problema a cada 10 anos” ou seja, estando junto com as pessoas, envolvendo-as, escutando-as, facilitando o trabalho delas você vai ajustar cada pequena tarefa.
O barracão é apenas um meio, entende? Tarefas que parecem “simples”, como revirar a cama, limpar as pistas de alimentação, repor a cama, ligar/desligar o sistema de ventilação, dentre outras inúmeras tarefas que uma fazenda leiteira exige, vão determinar se o barracão vai dar resultado ou não. Você vai se surpreender em como seus funcionários vão mudar e dessa forma eles vão se comportar de maneira diferente.
Se eles te veem todos os dias preocupado em melhorar pequenas tarefas e estando junto, facilitando o trabalho, pegando na mão, logo eles estarão buscando maneiras de contribuir para que essa tarefa seja mais fácil, ou feita da melhor forma. E o melhor: porque eles querem! Isso cria uma cultura de melhoria contínua, e mais, um hábito na sua vida e de seus funcionários. Infelizmente a maioria das fazendas operam no piloto automático e continuam errando nos mesmos pontos, e o pior, sempre colocando a culpa no sistema e/ou nas pessoas.
Muitos produtores tem processos ruins e querem mudar o sistema para ver se a coisa melhora. Se você não entender que os processos são o cerne do funcionamento dessa grande engrenagem, você irá construir um barracão hoje, amanhã vai comprar um robô e depois de amanhã mais alguma nova tecnologia e seus resultados vão continuar ruins porque você continua se apoiando apenas na estrutura para chegar nos resultados, enquanto deveria estar focado nas pessoas e nas tarefas por elas executadas. Ou seja, meus caros, se você não for bom com pessoas e processos, nem com compost, nem com vacas de 50 litros, nem com robôs, sua fazenda vai deslanchar.
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Agora se você já tem essa consciência e está focando nos processos, aí, meu amigo, sua fazenda realmente tem grandes chances de chegar longe! Muito longe! Porque você sempre vai conseguir tirar o máximo do seu sistema, seja ele a pasto, compost ou freestall, seja vaca, frango, suíno, agricultura. Você vai ser o empreendedor que vai dar certo em qualquer atividade. Se precisa de ajuda, contrate um bom consultor nessa área. Com certeza isso vai te ajudar a fazer um bom planejamento de gestão de pessoas e processos na fazenda.
Espero que tenhamos esclarecido que: sim, compost dá dinheiro pra quem sabe ganhar dinheiro! Pra quem tem as preocupações certas e seu negócio na mão não só financeiramente, mas olhando sempre para as pessoas que compõem o negócio.
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Fonte: Milk Point