Compactação do solo na ILP: prejuízo x manejo

Uma preocupação recorrente entre produtores que utilizam o Sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é a compactação superficial do solo, em função do pisoteio.

Alvadi Antonio Balbinot Junior, pesquisador da Embrapa Soja – A compactação aumenta a resistência ao crescimento das raízes e reduz a porosidade total, a macroporosidade, a disponibilidade de água e de nutrientes, a infiltração de água e a difusão de gases no perfil do solo, podendo reduzir a produtividade das culturas.

Inicialmente, é importante esclarecer dois pontos em relação à compactação que pode ser gerada pelo pisoteio de bovinos: 1) O aumento da resistência à penetração -compactação – devido ao pisoteio geralmente ocorre de 0 a 10 cm de profundidade, ou seja, ocorre superficialmente; e 2) A compactação superficial devido ao pisoteio pode ser revertida naturalmente, principalmente em razão de ciclos de secagem e umedecimento.

A principal forma para reduzir o efeito do pisoteio sobre a compactação do solo em ILP é o adequado manejo da pastagem (adequada oferta de forragem), pois essa prática afeta vários fatores ligados à compactação do solo. Na prática, o produtor rural deve regular a lotação animal para manter a pastagem na faixa indicada de altura de plantas, evitando tanto o subpastejo (sobra/desperdício de forragem) quanto o superpastejo (pastagem rapada).

Cada espécie forrageira tem uma indicação de altura adequada de pastejo, a qual varia em função das características de cada espécie. Um problema bastante comum em áreas manejadas com ILP é o superpastejo, principalmente em épocas com condições climáticas desfavoráveis, que reduzem a produção forrageira.

Cada espécie forrageira tem uma indicação de altura adequada de pastejo, a qual varia em função das características de cada espécie.

Além disso, outras práticas também são relevantes para minimizar a compactação decorrente do pisoteio em sistema ILP, quais sejam:

  • Implantação das pastagens, anuais ou perenes, com uso de semeadoras ou via sobressemeadura nas culturas de grãos, sem o uso de grades;
  • Uso de fertilização nas pastagens. Pastagens fertilizadas possuem maior capacidade de crescimento de raízes e parte aérea, aumentando a descompactação biológica pelo crescimento radicular e dissipando parte da energia do pisoteio pela parte aérea das plantas.
  • Na implantação das culturas de grãos, usar semeadoras equipadas com hastes em detrimento de discos. Essa prática é importante para romper a camada superficial do solo (0 a 10 cm) que pode apresentar alta densidade em decorrência do pisoteio.

Dados de pesquisa obtidos em várias regiões do Brasil, com vários tipos de solo, mostram que se a ILP for bem conduzida os problemas com compactação superficial são pouco expressivos, frente aos benefícios decorrentes da adoção dessa tecnologia.

Fonte: Embrapa

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