Veterinário destaca principais cuidados a serem tomados para evitar perdas. Planejamento e estratégias corretas podem aumentar as taxas de prenhez.
A estação de monta é um dos momentos mais importantes para a pecuária, quando as fazendas garantem um nova prole de animais com genética igual ou superior ao rebanho atual.
Os investimentos a serem realizados, contudo, vão muito além do sêmen e de boas técnicas de inseminação e envolvem atenção durante todo o ano. É o que explica o veterinário Bruno Lima.
“Num primeiro momento, o produtor tem que ter em mente que a fazenda tem que estar preparada para a estação de monta tanto em estrutura quanto em pessoal”, explica o profissional.
Entre os pontos destacados por Lima, estão o espaço para a lotação dos bezerros que irão nascer e, principalmente, a sanidade animal antes da monta.
“Hoje, muitas fazendas pecam na parte de sanidade. Investem na qualidade de sêmen e de touros, mas esquecem do básico, que são doenças que podem causar perdas reprodutivas”, conta.
Estima-se que aproximadamente 50% das perdas embrionárias e fetais em bovinos estejam relacionadas a agentes infecciosos causadores de doenças reprodutivas presentes no sistema reprodutivo dos touros e das vacas.
Entre os agentes mais comuns no Brasil, estão o vírus da Diarreia Viral Bovina (BVD), a Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), além das bactérias do gênero Campylobacter – causadoras das Campilobacterioses – e Leptospiras, causadoras das Leptospiroses.
Muitas dessas doenças, contudo, possuem vacinas disponíveis no mercado, embora não sejam de aplicação obrigatória. Lima avalia que cerca de 10% a 15% do rebanho nacional de vacas estejam atualmente em programas de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Dessas, apenas 8% são acompanhadas de vacinação adequada para a estação de monta.
O veterinário ressalta que, enquanto a média de taxa de prenhez em vacas sem vacinação é de cerca de 48%, entre aquelas que são vacinadas contra essas doenças essa taxa chega a 54%, com perda gestacional de apenas 2% ante 8% no grupo não não vacinado.
“Além de emprenhar mais, essas vacas acabam mantendo mais a gestação. No final da estação de monta, você acaba tendo muito mais bezerros nascidos em grupos vacinados do que em grupos não vacinados”, explica.
Quanto à nutrição, Lima ressalta que o uso de tecnologias mais avançadas, como a mineralização injetável, é ainda menor.
A técnica consiste em evitar a deficiência de minerais nos animais, prevenindo problemas de desequilíbrio hormonal associados a falta de cio, baixa função ovariana, cios irregulares e outras patologias.
De acordo com o veterinário, apenas 4% do rebanho nacional de vacas em IATF é submetido a este tratamento. “São fazendas com manejo mais avançado, com tecnologia e que buscam realmente melhorar os programas de reprodução”.
Estudo realizado na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul com cerca de 1500 animais apontou que, entre animais vacinados e suplementados com mineralização injetável, a média de prenhez ficou em 59% ante 48% no grupo controle (sem tratamento).
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“A mineralização injetável é algo relativamente novo e toda tecnologia nova tem uma barreira de entrada grande”, explica Lima, ao destacar que o crescente uso do produto diante dos resultados positivos.
“Fazer a vacinação é um investimento que se paga na fazenda, com um retorno garantido nos resultados da fazenda”, conclui o veterinário.
Fonte: Portal DBO