Os métodos de gestão econômica e financeira da atividade leiteira têm por objetivo fornecer informações que apontam a saúde financeira e resultado do negócio.
Por mais que existam diferenças significativas entre eles, por exemplo, considerar regime de caixa ou de competência, separação de despesas e custos, custos diretos e indiretos, custos fixos e variáveis, considerar o custo de oportunidade da terra entre outros, é possível ter o controle econômico-financeiro da atividade nas mãos.
Quando comparada a algumas atividades do agronegócio, pode-se dizer que a atividade leiteira tem baixo risco, sofre menos variações em relação ao valor pago por unidade de produto (R$/litro), mas não quer dizer que exija menos gestão.
Mas como saber se a produção leiteira está valendo a pena? Qual o período deverá ser avaliado? O negócio é sustentável no curto ou médio prazo?
Essas são questões frequentes no cotidiano dos profissionais envolvidos na pecuária de leite.
Sem dúvida elas se agravam ou ganham um tom mais severo em momentos de baixa nos preços pagos por litro de leite e alta nos preços dos insumos, principalmente os insumos ligados diretamente à nutrição.
Isso porque a nutrição, em um sistema eficiente e equilibrado, corresponde a cerca de 40% da renda bruta da atividade leiteira, de acordo com o Benchmarking Leite DSM.
Os 5 conceitos abaixo são a base para entendimento do resultado do negócio:
1- Renda bruta – RB (R$)
A RB da atividade é a receita total da fazenda. O leite é comumente a principal fonte de receita, que é composta também pela venda de animais, de derivados de leite, de dejetos e de volumosos produzidos na fazenda com recursos do negócio leite, somados à variação do valor do inventário animal no período analisado.
2- Custo operacional efetivo – COE (R$/L)
O COE são os desembolsos diretos, composto pelos alimentos concentrados, núcleo mineral vitamínico, aditivos, volumosos, mão de obra contratada (MDO) e encargos, medicamentos, material de ordenha, leite consumido pela fazenda, sanidade, reprodução, energia, combustível, impostos e taxas.
3- Custo operacional total – COT (R$/L)
O COT considera o COE + depreciação de máquinas e benfeitorias + salário da mão de obra familiar (pró-labore).
4- Margem bruta – MB (R$/L)
A MB da atividade é a RB da atividade subtraída do COE.
Em resumo, a MB aponta o capital restante depois de pagar os desembolsos diretos. A MB positiva indica que, ao menos no curto prazo, a atividade leiteira é capaz de se sustentar, pagando todas as contas. Do contrário, a MB negativa indica que, nocurto prazo, a RB da atividade não é suficiente para pagar os gastos diretos.
5- Margem líquida – ML (R$/L)
A ML da atividade é a RB da atividade subtraída do COT.
Portanto, a ML positiva indica que, no médio prazo, a atividade leiteira paga todo o desembolso, depreciações e mão de obra familiar e sinaliza uma possibilidade de crescimento e retorno do capital investido.
Portanto, para saber se a atividade leiteira está valendo a pena 5 pontos deverão ser levados em consideração:
1- Período para avaliação do resultado
Considera-se a avaliação referente ao período de um ano, onde todas as operações envolvidas na atividade leiteira são desenvolvidas. Dessa forma, é possível trabalhar com custo médio, preço médio pago por litro de leite, evolução do rebanho (inventário animal), produção de leite e variação de produtividade ao longo do ano. Portanto, gestão financeira se constrói com um histórico para tomada de decisões que influenciarão o futuro.
2- Evolução do rebanho ou inventário animal
Essa é uma importante fonte de capital da atividade, independente se a venda for realizada. Uma boa maneira de entender a importância do inventário animal na contabilização da renda bruta da atividade é analisar o valor de um animal jovem no início de um determinado ao e ao final desse mesmo ano. Certamente que o valor desse animal aumentou e isso confere aumento de capital estocado na fazenda e que a qualquer momento pode ser componente da renda bruta da atividade. Por isso, a venda de animais pode ser estratégica a fim de contribuir para o aumento da RB e favorecer a positivação da MB e ML.
3- Equilíbrio entre custo e receita
Deve-se buscar o melhor custo e não o menor custo. A palavra equilíbrio pode derrubar mitos e inverdades. A saúde financeira da atividade está relacionada ao equilíbrio entre custo e receita e à eficiência na utilização dos recursos envolvidos para desenvolver a atividade leiteira.
4- No curto prazo é necessário trabalhar com, no mínimo, MB igual a zero
Dessa forma, não será necessário o aporte de capital externo para cobrir o déficit da atividade. No entanto, deve-se compreender que essa é uma condição de “sobrevivência” e que estratégias deverão ser traçadas para permitir um crescimento sólido da atividade no médio prazo.
5- No médio prazo o ideal é trabalhar com ML positiva.
Assim, o cenário pode refletir um crescimento da atividade, com retorno do capital investido e possibilidade de reinvestimentos capazes de aumentar a eficiência do sistema e contribuir para um crescimento sólido.
- Aproveite e entre em contato com o nosso consultor, clicando aqui!
Fonte: DSM Tortuga