Os produtores de leite precisam entender a conexão direta entre esses vários problemas de manejo e seu impacto potencial na qualidade do leite e na CCS.
As instruções normativas 76 e 77 trazem muitas novidades para todas as etapas da cadeia produtiva do leite, desde a produção até os critérios finais de qualidade dos leites pasteurizados. Elas foram publicadas no dia 30 de novembro de 2018 e começaram a vigorar em 2019.
Os parâmetros microbiológicos sofreram alterações importantes. Para o leite cru refrigerado, a média geométrica trimestral da contagem bacteriana total não deverá ultrapassar 300 mil UFC/mL para análises individuais de cada resfriador/produtor, permanecendo o que já era praticado. Porém, com uma novidade: agora IN 77 define a CBT máxima de 900 mil UFC/mL para o leite antes do beneficiamento. Essa condição não estava regulamentada anteriormente e, mesmo que bastante permissiva, impõe novos limites microbiológicos antes da industrialização do leite cru refrigerado. Para a contagem de células somáticas (CCS) a média geométrica trimestral máxima ficou estabelecida em 500 mil céls/mL. A periodicidade de análises de CBT e CCS continuará mensal.
Para o leite cru refrigerado tipo A os parâmetros terão poucas mudanças, permanecendo a média geométrica trimestral máxima de 10 mil UFC/mL, mas com alterações na periodicidade das análises, as quais devem der quinzenais. Também houveram mudanças no parâmetro de CCS, o qual ficará mais permissivo e com médias geométricas trimestrais máximas de 400 mil céls/mL.
Como reduzir a CCS para se adequar às novas normas?
Enquanto a maioria das pessoas pensa imediatamente sobre o controle da mastite ao lidar com um problema da alta CCS, outros aspectos de manejo precisam ser considerados. Os produtores de leite precisam entender a conexão direta entre esses vários problemas de manejo e seu impacto potencial na qualidade do leite e na CCS.
As formas mais citadas para controle de mastite são os procedimentos de ordenha adequados e o tratamento de vacas secas ou lactantes, de forma a controlar as infecções existentes. Controlar a mastite reduzirá as contagens de células somáticas. O controle básico da mastite envolve a manutenção de um sistema de ordenha em funcionamento adequado, ordenha de vacas cujas tetas estejam limpas e secas, fixação e remoção das unidades de ordenha com o mínimo de admissão de ar e remoção imediata do agrupamento de ordenha quando o fluxo de leite atinge um nível baixo.
No entanto, para desenvolver um programa abrangente de manejo de mastite, os produtores devem ir além dos procedimentos de ordenha apropriados e do tratamento de vacas secas e lactantes. Diversos fatores influenciarão a taxa de novas infecções que, por sua vez, influenciarão a contagem de células somáticas.
Confira abaixo 11 dicas de manejo que ajudarão na redução da CCS de seu rebanho:
1) Certifique-se de que as vacas e os bebedouros estejam limpos.
Um ambiente sujo levará a um acúmulo de bactérias ambientais. Altos níveis de bactérias ambientais aumentam as chances de infecções oportunistas do úbere.
2) Remoção de pelos do úbere.
Pelos longos no úbere permitem que sujeira, água e bactérias se acumulem. Estes podem entrar no nos tetos durante a ordenha e levar à mastite. Eles também podem entrar no leite a granel e contribuir para a contagem de bactérias do leite cru.
3) Limpe os free-stalls
Uma dica é ajoelhar-se nas camas da instalação. Se os joelhos das calças não estiverem secos quando você se levantar, significa que o local não está suficientemente limpo.
Além disso, algumas fontes de cama podem abrigar um grande número de bactérias. Formas em pó muito finas de cama tendem a suportar altos níveis de crescimento de bactérias por causa da grande área de superfície que fornecem. Cama de de serragem verde, por exemplo, tem sido frequentemente associada com problemas de mastite causada por Klebsiella.
Produzir suas próprias fontes de cama e/ou trabalhar com especialistas locais em controle de mastite pode ajudar a remover essa fonte de bactérias ambientais. Mudar a cama do free-stall com frequência e usar mais camas também pode ser útil para reduzir as cargas bacterianas ambientais.
4) Verifique diariamente as vacas secas para ver se há evidência de mastite clínica.
A terapia de vacas secas é muito mais eficaz que a terapia antibiótica durante a lactação.
5) Limpe os currais de vaca secas.
A função imunológica de uma vaca é mais baixa na época do parto. Crie o hábito de se ajoelhar em currais de vacas secas, no pré-parto e após o parto. Se você sair com os joelhos sujos e/ou molhados, comece a limpar com mais frequência e considere usar mais cama.
6) Preste especial atenção aos currais de parto.
Quando uma vaca está parindo, tanto o úbere quanto o trato reprodutivo estão abertos para o meio ambiente. Adicione o fato de que o sistema imunológico dela não está funcionando muito bem e você entenderá por que as infecções do úbere e do útero são comuns no parto. Idealmente, cada vaca deve parir em um curral limpo e com as camas recém-colocadas.
A desinfecção dos currais de parto entre vacas é ainda melhor. A melhor maneira de desinfetar uma instalação de parto é limpá-la e deixá-la desimpedida e desocupada por mais ou menos um dia. A maioria das bactérias causadoras de doenças não tolera a exposição às condições de luz, ar e secagem.
Em muitas fazendas, deixar um curral de parto desocupado por até 24 horas não é prático. Nestes casos, desinfetantes ou mesmo cal hidratado podem ajudar. Tenha em mente que a matéria orgânica (esterco e cama) reduzirá a eficácia do seu desinfetante, portanto, talvez seja necessário aumentar as concentrações de desinfetante. Não ignore esta ideia porque é difícil de implementar, trabalhe com o seu veterinário para desenvolver um plano que funcione para você.
Lembre-se de que o descarte do leite e a perda do tampão cervical podem ocorrer bem antes do trabalho de parto ativo. Se o seu protocolo padrão é mover as vacas para o curral de parto quando os pés do bezerro estiverem visíveis, você precisará considerar a limpeza da baia da qual ela é movida também.
7) Aumente a limpeza das salas de ordenha
Os pulsadores e os controladores de vácuo sujos podem funcionar incorretamente e causar danos nos tetos, o que, por sua vez, levará ao aumento das taxas de novas infecções. Ao manter os níveis mais altos possíveis de limpeza, a carga bacteriana na sala de ordenha será minimizada. Isso reduzirá as chances de infecção durante o processo de ordenha.
Não desconsidere o pessoal de ordenha como uma possível fonte de contaminação bacteriana que poderia levar à mastite. Qualquer pessoa que trabalhe em outras operações de gado deve trocar de roupa e lavar os braços e as mãos completamente (melhor ainda, chuveiro) antes de ordenhar suas vacas. Incentivar os ordenhadores a usar luvas enquanto ordenham também reduz a exposição a bactérias. Lembre-se de incentivar a equipe de ordenha a trocar as luvas assim que elas ficarem sujas.
8) Mantenha a consistência entre ordenhadores no uso de pós-dipping
Um programa pós-dipping consistente é crucial para o controle da mastite. Com a grande taxa de circulação de funcionários em fazendas leiteiras, é muito fácil mudar os procedimentos de ordenha sem o conhecimento da gerência. Muitas fazendas agora enviam procedimentos operacionais padrão para as equipes de ordenha, que descrevem como preparar vacas, anexar unidades, remover unidades e aplicar pós-dipping. Também detalha a necessidade de usar luvas e quando limpar e higienizar as mãos. Essa abordagem ajuda todos a entender o que é esperado e ajuda a remover inconsistências associadas com diferentes pessoas e equipes.
9) Programa consistente de tratamento de vacas secas para todas as vacas.
Os tratamentos com antibióticos de vacas secas são uma das formas mais eficazes de eliminar as infecções existentes. Tratar durante o período seco é 80-90% eficaz na eliminação de infecções, enquanto o tratamento durante a lactação é apenas 30-40% eficaz. Isso ocorre porque os antibióticos desenvolvidos para vacas secas podem ser formulados para fornecer níveis mais altos de atividade antibiótica durante períodos mais longos sem se preocupar com resíduos no leite.
Ao administrar os tratamentos com vacas secas, certifique-se de que as extremidades dos tetos estejam completamente limpas com absorventes de álcool de algodão. Caso contrário, os tratamentos com vacas secas podem acabar introduzindo um grande número de bactérias no úbere e causando mais danos do que benefícios.
Algumas pesquisas mostraram benefícios no uso de tratamentos de vacas secas em novilhas. Se a mastite em novilhas recém-paridas é um problema em seu rebanho, discuta o tratamento antibiótico de novilhas com seu veterinário.
O selante do teto também deve ser considerado como parte dos procedimentos de tratamento. Depois que os tetos tiverem sido infundidas com antibióticos, o selante deve ser aplicado para ajudar a vedar a extremidade do teto para evitar a entrada de bactérias ambientais durante o período seco inicial.
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10) Tenha um programa nutricional sólido e consistente para novilhas, bem como para vacas secas e lactantes.
As novilhas devem passar pelo programa de rebanho pré-parto para garantir uma nutrição adequada antes do parto. Um programa nutricional sólido, com atenção especial à nutrição com vitaminas e minerais, melhorará a função geral do sistema imunológico.
11) Mantenha um ambiente de baixo estresse para todas as vacas.
Vacas estressadas têm níveis mais altos de hormônios que suprimem a função imunológica no sangue. O bom conforto das vacas, os procedimentos adequados de manejo e o espaço suficiente para estocagem, água e alimentação podem ajudar muito a reduzir os níveis de estresse de um rebanho. Um rebanho com níveis mais baixos de estresse terá uma melhor função imunológica.
Fonte: MilkPoint