Como prevenir doenças em vacas durante o verão: dicas práticas

Períodos de elevadas temperaturas representam uma ameaça para a saúde das vacas e o rendimento do rebanho.Confira algumas dicas

No Brasil, a estação do verão apresenta desafios significativos para a produção de leite. Thiago Marcantonio, médico veterinário encarregado de duas grandes propriedades no interior de São Paulo, destaca em uma entrevista os impactos negativos do calor intenso e da propagação de pragas e doenças no desempenho das vacas.

Nas propriedades sob sua supervisão, que abrigam aproximadamente 1,6 mil animais em lactação, a produção média diária atinge 33,5 litros, significativamente superior à média nacional de seis litros. Marcantonio compara as vacas altamente produtivas a atletas que requerem cuidados específicos, alertando que, sem esses cuidados, sua produtividade pode sofrer uma queda mais acentuada em comparação com animais comuns.

O veterinário destaca que o estresse térmico desencadeia uma resposta de autoregulação nas vacas, levando-as a redirecionar nutrientes, inicialmente destinados à produção de leite, para atender à demanda extra de energia.

No que diz respeito a essas vacas, o benefício está no sistema de produção em confinamento, adotando o modelo de compost barn. Elas desfrutam de sombra durante todo o dia e contam com um eficiente sistema de aspersão e ventilação, projetado para mitigar o calor. Esses são os três pilares essenciais para evitar o desconforto térmico, conforme destaca o veterinário.

Embora esse modelo de produção seja mais comum em fazendas de grande escala, propriedades menores podem adaptá-lo. Para os animais criados ao ar livre, a instalação de um sistema de aspersão e ventilação na sala de espera também contribui para aliviar o calor intenso.

Uma opção mais simples para proporcionar sombra é o plantio de árvores, como o eucalipto, dispostas em linhas. No entanto, surge um desafio comum, já que as vacas precisam sair para pastar, o que pode ocorrer até mesmo nas horas mais quentes do dia. Nesse contexto, é ideal que as árvores não estejam no caminho desse movimento.

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Foto: Nelore Jaburi

Outros problemas

As chuvas frequentes durante o verão criam um ambiente propício para infecções, pois as vacas acabam deitando em locais enlameados, expondo seus tetos ao contato com os próprios dejetos e facilitando a proliferação de moscas.

O contato entre as bactérias presentes nos dejetos e os tetos das vacas após a ordenha pode resultar em casos de mastite no rebanho, tornando-se um dos principais desafios enfrentados pela pecuária leiteira durante o verão, conforme apontado por Marcantonio.

As moscas, além de transmitirem diversas doenças, algumas das quais são hematofogas e se alimentam do sangue das vacas, também representam um problema adicional. Na tentativa de se livrar desses parasitas, os bovinos acabam gastando mais energia.

Para combater esses desafios, medidas como o plantio de citronela na fazenda e a utilização dessa planta para pulverizar nas vacas têm sido adotadas. Além disso, a fazenda realiza a compostagem de 100% dos dejetos, local onde as moscas costumam depositar seus ovos, resultando em uma redução significativa da presença desses insetos.

A tecnologia desempenha um papel crucial nas operações das fazendas, com as vacas sendo monitoradas por colares individuais. Esses dispositivos acompanham a respiração dos animais e alertam a equipe veterinária quando as vacas começam a apresentar sinais de desconforto, permitindo uma resposta rápida e eficiente.

Marcantonio faz uma analogia, comparando vacas altamente produtivas a atletas que requerem cuidados específicos para evitar uma queda de produtividade mais acentuada em comparação com animais comuns, utilizando a expressão “quanto mais alta a árvore, maior o tombo”.

O veterinário ressalta que o estresse térmico leva as vacas a uma tentativa de autoregulação, direcionando os nutrientes, originalmente destinados à produção de leite, para lidar com a demanda extra de energia.

Além disso, outra ferramenta essencial são os termômetros distribuídos em uma parte do rebanho, medindo a temperatura a cada 10 minutos e fornecendo dados úteis para o planejamento do manejo ao longo do dia. Isso permite identificar as horas do dia em que os animais estão mais propensos ao estresse térmico, possibilitando uma gestão mais eficaz das condições ambientais.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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