Durante a estação seca, que compreende os meses de outono e inverno, as baixas temperaturas e a escassez de chuvas limitam o crescimento das pastagens, resultando em uma oferta reduzida e frequentemente de baixa qualidade.
No Brasil, a diversidade das condições ambientais apresenta um desafio significativo para os produtores de leite, especialmente no que diz respeito à produção de forragens ao longo do ano. Esta variabilidade pode ser benéfica em alguns aspectos, porém, torna a distribuição da forragem irregular, destacando os períodos de inverno como particularmente críticos para a pecuária leiteira.
A adaptação da produção de forragens às necessidades sazonais do gado é uma tarefa complexa e crucial para os pecuaristas. No contexto específico do manejo de pastagens, essa adaptação assume um papel central na maximização da produtividade da fazenda.
A temporada de chuvas é tipicamente associada a uma alta produção de pastagens, enquanto a estação seca ou estiagens prolongadas resultam em uma redução drástica na disponibilidade de forragem — um fenômeno conhecido como estacionalidade da produção. Para mitigar esses efeitos, é essencial um planejamento alimentar meticuloso que leve em consideração não apenas as condições climáticas sazonais, mas também as metas produtivas do rebanho.
Este planejamento deve abranger estratégias para pastagens de inverno e verão, bem como a suplementação volumosa quando necessário. Contudo, a implementação eficaz dessas estratégias muitas vezes requer o suporte de tecnologias modernas, como sistemas de controle de dados que permitem uma gestão mais precisa e eficiente.
Nutrição
A nutrição adequada do animal em pastejo desempenha um papel crucial na manutenção da qualidade do produto final, especialmente no caso das vacas leiteiras. A exigência nutricional desses animais está diretamente ligada à sua produtividade e saúde geral. A qualidade da forragem disponível desempenha um papel central nesse processo, influenciando diretamente o consumo de nutrientes digestíveis e, por conseguinte, a produção de leite.
Por outro lado, a fisiologia da planta forrageira também é um aspecto determinante para alcançar e manter uma elevada produtividade ao longo do ano. A capacidade da planta em suprir as necessidades nutricionais do rebanho é crucial para garantir uma oferta constante de alimento de qualidade. Isso inclui a adequação dos teores de proteína bruta e frações fibrosas na dieta das vacas, elementos essenciais para maximizar a eficiência alimentar e a produção leiteira.
A Atividade Leiteira no inverno
A atividade leiteira enfrenta desafios significativos durante o inverno, especialmente devido à estacionalidade na produção de forragens. Durante a estação seca, que compreende os meses de outono e inverno, as baixas temperaturas e a escassez de chuvas limitam o crescimento das pastagens, resultando em uma oferta reduzida e frequentemente de baixa qualidade.
No entanto, a tecnologia desempenha um papel crucial em mitigar esses desafios sazonais. Estratégias avançadas de manejo e tecnologias emergentes permitem estabilizar essa situação, ajudando os produtores a enfrentarem a escassez sazonal com maior eficiência.
A estacionalidade da produção é reconhecida como um período crítico, pois afeta diretamente a disponibilidade de forragem essencial para o sustento do rebanho leiteiro. A baixa oferta de alimento de qualidade durante o inverno não apenas compromete a produção de leite, mas também pode resultar em uma redução na produção por vaca.
Diante desse cenário, torna-se imperativo desenvolver estratégias que promovam o aumento da disponibilidade de forragem durante os meses de inverno. Isso inclui explorar variedades forrageiras adaptadas às condições climáticas adversas e investir em práticas de manejo que otimizem o uso dos recursos disponíveis.
Técnicas de uso das pastagens de inverno
A utilização de pastagem de inverno representa uma solução tecnológica para maximizar a produção de forragem durante o período hibernal. Comparadas às forragens tradicionais, essa abordagem oferece uma série de vantagens significativas:
- Minimização da estacionalidade na produção.
- Alta produtividade em condições ambientais desfavoráveis durante o inverno.
- Redução da necessidade de suplementação volumosa, resultando em maior eficiência produtiva.
Para aumentar a produção de leite durante esse período desafiador das pastagens, é essencial garantir uma oferta adequada de forragem, considerando tanto a quantidade quanto a qualidade disponíveis.
Além dos benefícios mencionados, as pastagens de inverno podem ser utilizadas de forma complementar em consórcio com espécies de verão, empregando a técnica de sobressemeadura.
Técnica de sobressemeadura
A técnica de sobressemeadura envolve o cultivo simultâneo de uma cultura forrageira anual em áreas já ocupadas por culturas perenes, aproveitando o período de inverno quando as pastagens perenes estão dormentes ou menos produtivas.
Esta prática é viável em pastagens de verão já estabelecidas, requerendo cuidados específicos durante as transições entre o estabelecimento das pastagens de inverno e o retorno das pastagens de verão. Essencialmente, isso envolve o manejo adequado do pasto, garantindo que a competição entre as culturas seja minimizada através do rebaixamento adequado da pastagem em ambos os períodos de transição.
Além disso, é crucial assegurar um manejo cuidadoso do solo, mantendo níveis ótimos de fertilidade e pH ajustados. A sobressemeadura é amplamente adotada nas regiões Sul, Sudeste e parte da região Centro-Oeste do Brasil. Por outro lado, nas regiões Norte, Nordeste e no norte da região Centro-Oeste, a prática pode ser limitada pela falta de chuvas, tornando essencial a irrigação para o sucesso das gramíneas tropicais adaptadas.
Para implementar a sobressemeadura com eficiência, alguns passos são fundamentais:
- Seleção criteriosa do cultivar adaptado à região.
- Uso de sementes certificadas de alta qualidade.
- Ajuste da fertilidade do solo conforme as exigências do cultivar.
- Semeadura na época adequada, com profundidade e quantidade de sementes apropriadas.
- Controle eficiente da competição com a cultura existente.
- Manejo preciso da espécie escolhida e dimensionamento correto do regime de irrigação.
Espécies de pastagens de inverno mais cultivadas no Brasil:
Espécies de pastagens de inverno amplamente cultivadas no Brasil oferecem diversas possibilidades de manejo para otimizar a produção forrageira durante o período menos favorável do ano. Essas pastagens podem ser usadas de várias maneiras: em monocultura, sobressemeio com culturas perenes existentes ou em consórcio, o que pode estender o período de pastejo no inverno, combinando os picos de produção de matéria seca das duas espécies e aumentando a produtividade animal.
Aveia Preta e Aveia Branca
A aveia é reconhecida por sua rusticidade, tolerância à seca e alta produção de matéria seca, mesmo em solos menos férteis. Essas características a tornam muito flexíveis para diversas aplicações como pastagem de inverno. Podem ser utilizadas para pastejo direto contínuo ou rotativo, e também para armazenamento como feno ou silagem. Quando utilizadas como cobertura morta ou em rotação de culturas, beneficiam significativamente culturas subsequentes.
Azevém
O azevém é uma gramínea anual que se destaca pela alta produção e qualidade de forragem. Adaptado a solos de várzea, suporta bem o pastoreio intensivo, suporta altas lotações e possui custo de sementes relativamente baixo. É conhecido por se estabelecer rapidamente, possuir boa resistência ao frio e a doenças, além de auxiliar no controle de plantas daninhas.
Resultados Esperados
Estudos indicam que vacas leiteiras pastejando aveia e azevém sobressemeados, sem suplementação adicional, com manejo que ofereça alta oferta de forragem para elevado consumo de matéria seca individual, podem alcançar produção de leite superior a 20 kg/dia. A cada aumento de 1 kg de matéria seca de forragem oferecida, a produção de leite pode aumentar em média 0,2 kg/vaca/dia. Além disso, há um aumento de 0,8 kg de leite por kg de matéria orgânica digestível ingerida.
Outras Espécies Menos Utilizadas no Brasil Centeio, Triticale, Cornichão e Trevo Branco são espécies menos difundidas no Brasil, mas têm seu uso consolidado na região Sul do país, onde as temperaturas mais baixas favorecem seu desenvolvimento. É fundamental escolher a espécie de acordo com as características específicas da região, como clima, tipo de solo, temperatura, umidade e radiação solar.
O uso de pastagens de inverno oferece uma série de benefícios, incluindo aumento da disponibilidade de matéria seca durante o inverno, melhoria da qualidade nutricional da dieta das vacas em lactação, aumento na produção de leite por animal e redução dos custos de produção. Além disso, contribui para o controle de plantas invasoras e redução da dependência de concentrados e volumosos armazenados.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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