Foi estimado a quantidade média consumida de cada produto os preços foram coletados em um mercado virtual e corrigidos pelo IPCA de cada produto.
O café da manhã é uma das principais refeições dos brasileiros, sendo a refeição que mais tem a presença de derivados do leite. No entanto, diante do contexto de inflação de alimentos vivenciado este ano, em especial, dos lácteos, o custo dessa refeição tem um impacto importante no bolso dos brasileiros. Vale ressaltar que os lácteos respondem por 12,5% dos gastos médios com alimentação no domicílio, segundo o IBGE.
Para avaliar como foi o impacto no valor do café da manhã, traçou-se três cestas de consumo com alimentos regulares nesta refeição do brasileiro. A cesta básica, foi composta por café, pão francês e manteiga; a cesta intermediária por café, pão francês, queijo muçarela e leite integral; e a Gourmet foi composta de café, pão francês, queijo muçarela, ovos e mamão.
Com as cestas definidas, foi estimado a quantidade média consumida de cada produto. Os preços dos produtos foram coletados em um mercado virtual e corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA de cada produto, para assim conseguir medir a evolução do preço das cestas ao longo do tempo. A Tabela 1 sintetiza a evolução dos preços das cestas de consumo no período entre janeiro de 2021 e agosto de 2022.
Tabela 1. Evolução do preço das cestas de café da manhã no Brasil.
É possível perceber que todas as três cestas de consumo tiveram aumentos significativos no período analisado. A cesta básica foi a que registrou a menor variação, de 45%. A cesta intermediária teve um aumento um pouco superior, de 47%. Já na cesta Gourmet, se observa um incremento de 63% no período analisado. Uma vez que o IPCA foi de 15%, os índices encontrados nas duas primeiras cestas são três vezes maiores e, quatro vezes maior na última cesta.
Analisando os produtos que compõe as cestas separadamente, pode-se observar que todos eles tiveram uma inflação superior a do IPCA. O ovo foi o produto que registrou a menor variação acumulada, de 28% entre janeiro/2021 e agosto/2021. Por outro lado, o mamão apresentou uma significativa alta, de 120% no período analisado, configurando-se como o grande vilão da inflação do café da manhã no período analisado. A Figura 1 demonstra o comportamento dos alimentos presentes nas cestas selecionadas.
Figura 1. Variação acumulada dos produtos que compõe as cestas de café da manhã (em porcentagem).
Pela Figura 1, pode-se observar que os lácteos contribuíram significativamente para este cenário inflacionário. Todos os lácteos analisados tiveram um aumento superior ao IPCA. Em especial, observou-se no leite UHT uma inflação de 77,84% em 2022.
Outros lácteos também registraram uma inflação acima dos dois dígitos nos primeiros sete meses do ano, como o leite condensado (19%), manteiga (17%), queijos (16%), iogurtes e bebidas lácteas (14%), requeijão (14%) e leite em pó (13%). A Figura 2 dispõe a variação dos preços dos lácteos em 2022.
Figura 2. Variação acumulada do preço dos lácteos em 2022 (em porcentagem).
Dessa forma, os alimentos analisados presentes no café da manhã e especialmente os lácteos tiveram um aumento acelerado e significativo dos seus preços.
Tal evolução de preço claramente tem um impacto no consumo, inclusive porque o processo inflacionário representa uma elevação dos preços de forma mais geral na economia, corroendo a renda de boa parte da população, sobretudo de menor poder aquisitivo.
Dados da Scanntech, mostram uma queda de 9,4% no volume de vendas de lácteos no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado.
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Portanto, a alta de preços e a piora na renda real das famílias acabou por inibir o consumo, além de incentivar a busca por produtos substitutos de menor qualidade nutricional, afetando a qualidade de vida da população e trazendo o debate da fome e desnutrição para a mesa dos brasileiros.
Fonte: MilkPoint