Como implantar o sistema silvipastoril em suas terras

A implementação do sistema silvipastoril proporciona um aumento significativo na biodiversidade, fornecendo habitats para diversas espécies selvagens.

O manejo de recursos naturais no sistema agroflorestal é uma abordagem dinâmica que adota princípios de proteção ecológica. Este método visa diversificar e sustentar a produção, integrando árvores nas fazendas e na paisagem agrícola. A intenção é ampliar os benefícios sociais, econômicos e ambientais para os usuários da terra em todos os níveis. Dentro dessa categoria, os Sistemas Silvipastoris (SSPs) se destacam como uma modalidade específica de sistemas agroflorestais.

Neles, forrageiras, animais e árvores são cultivados simultânea ou sequencialmente na mesma área. Esses sistemas têm um potencial significativo para gerar benefícios econômicos e ambientais tanto para os produtores quanto para a sociedade em geral. A abordagem multifuncional dos sistemas silvipastoris permite intensificar a produção por meio do manejo integrado dos recursos naturais, evitando a degradação e recuperando a capacidade produtiva do solo.

Além disso, os benefícios sociais são evidentes no contexto dos produtores rurais, que necessitam de opções para aumentar o emprego e a renda. Os SSPs oferecem aos produtores a oportunidade de utilizar suas melhores terras para cultivos agrícolas, enquanto, em conformidade com a legislação, podem ocupar áreas de relevo mais acidentado, pobres ou abandonadas, especialmente através do plantio de árvores em sistemas consorciados. Essa abordagem otimiza a distribuição da mão de obra ao longo do ano, diversifica a produção e melhora as condições de trabalho no meio rural, contribuindo assim para a qualidade de vida dos produtores,

Como implementar o sistema silvipastoril?

sistema silvipastoril
Foto: Divulgação

A instauração do sistema silvipastoril pode ser realizada pela introdução de árvores em áreas de pastagem ou pela incorporação de gado em regiões florestais. Para alcançar seus objetivos, o sistema deve ser construído com base em princípios fundamentais que levem em consideração o clima, solo e vegetação da área escolhida.

Diversos animais podem ser integrados ao sistema, como vacas, bois, ovelhas, cavalos, carneiros, galinhas e perus. Além disso, o sistema também possibilita a criação de animais de caça, como bisões, veados e alces.

A escolha de árvores adequadas para o tipo de solo e clima é crucial. Optar por espécies nativas da região é a melhor abordagem, pois essas árvores tendem a se desenvolver de maneira mais eficaz, requerendo menos recursos. Destaca-se a importância da biodiversidade, sendo necessário incluir diversas espécies de árvores para proporcionar alimentos e habitats variados para a fauna. Essa diversidade não apenas beneficia a fauna, mas também contribui para a resistência contra pragas e doenças, evitando problemas que poderiam surgir em uma monocultura.

Harmonização entre o gado e as árvores

A escolha do tipo de gado a ser introduzido no sistema silvipastoril depende das características da vegetação, clima e disponibilidade de forragem na área. Quando a intenção é criar vacas, por exemplo, é crucial evitar árvores jovens com raízes expostas. Isso se deve ao fato de que esses animais são pesados e propensos a danificar as raízes ao pisoteá-las, o que resulta na destruição das árvores.

Dessa forma, fazendeiros e agricultores devem buscar informações específicas para assegurar o bom funcionamento e a harmonização eficaz do sistema silvipastoril.

Utilização do sistema de rotação

Embora não seja estritamente necessário, a prática de rotacionar a pastagem traz diversos benefícios para a vegetação. Essa abordagem envolve mover os animais de uma região para outra, permitindo que a forragem e as plantas tenham períodos de descanso e recuperação. A ausência desse processo pode levar à degradação do solo devido à presença constante dos animais na mesma área.

Além de beneficiar a vegetação, a rotação também contribui para o bem-estar do gado. Os animais recebem uma dieta mais diversificada em nutrientes e têm uma redução na exposição a parasitas.

Custos associados à implementação de sistemas silvipastoris

No que diz respeito aos custos de estabelecimento de sistemas silvipastoris, incluem-se atividades como limpeza e preparo do terreno, abertura de covas, aquisição e transporte de mudas, adubação e calagem, plantio, replantio, controle de formigas, manutenção, cuidados fitossanitários e práticas de manejo, como desrama, desbaste e colheita.

Foto: Divulgação

Adaptação entre o gado e as árvores

A escolha do tipo de gado a ser introduzido no sistema silvipastoril está intrinsecamente ligada às características da vegetação, clima e disponibilidade de forragem no entorno. Quando se almeja criar vacas, por exemplo, torna-se imperativo evitar árvores jovens com raízes expostas. Isso se deve ao fato de que esses animais, devido ao peso, têm propensão a pisotear as raízes, ocasionando a destruição das árvores.

Assim sendo, é crucial que fazendeiros e agricultores busquem informações específicas para assegurar o adequado funcionamento e a harmonia efetiva do sistema silvipastoril.

Estabelecimento de objetivo primordial

Ao implementar um sistema silvipastoril, é fundamental definir o número de árvores a serem plantadas e escolher as espécies de maneira criteriosa, considerando os locais onde sua implantação resultará em melhores resultados. A abordagem sensata envolve minimizar os riscos, começando gradualmente e aprendendo com a experiência. Capturar ao máximo os benefícios associados, por meio de ajustes no projeto inicial, é aconselhável, mantendo sempre o foco no objetivo principal.

Fatores determinantes para o sucesso

O êxito na implantação de sistemas agroflorestais está sujeito a diversos fatores, incluindo a disponibilidade de mudas de alta qualidade, viabilizada pela seleção cuidadosa de matrizes e estabelecimento de viveiros. As exigências para a preparação da área dependem dos objetivos específicos. Em certos empreendimentos, é desejável alcançar altas taxas de crescimento inicial e uniformidade das árvores para garantir o planejamento do manejo e da colheita, o que pode demandar uma preparação mais intensiva e onerosa da área, envolvendo práticas como irrigação, gradagem e controle de plantas invasoras. Em situações distintas, pode ser dispensável atingir a taxa máxima de crescimento inicial, possibilitando a redução dos custos de implantação.

Classificação dos Sistemas Silvipastoris

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Os sistemas silvipastoris são categorizados com base no arranjo e na finalidade, apresentando diversos tipos comumente utilizados, como árvores dispersas nas pastagens, bosquetes nas pastagens, árvores em faixas na pastagem, plantio florestal madeireiro ou frutífero com animais, cerca viva, mourão vivo, banco forrageiro e quebra-ventos.

  • Árvores dispersas nas pastagens

Neste arranjo, as árvores podem ser distribuídas aleatoriamente ou em espaçamentos predeterminados. Podem originar-se do manejo da regeneração natural ou serem plantadas de forma planejada.

  • Árvores em linhas na pastagem

Esta configuração envolve a criação de faixas de árvores que cortam toda a pastagem, preferencialmente em terreno plano. Recomenda-se, em alguns casos, o plantio dessas faixas seguindo as trilhas dos animais nas encostas, facilitando o deslocamento e preservando a conservação do solo e do ambiente. As árvores podem ser plantadas em uma única linha ou em duas ou mais linhas adjacentes. A utilização de linhas duplas de árvores, plantadas alternadamente, representa uma opção viável para a produção de árvores associadas a pastagens. Destaca-se que o plantio em linhas duplas permite a exposição total ao sol de pelo menos um dos lados das árvores, garantindo assim uma taxa de crescimento eficiente.

  • Bosquetes

Sob uma perspectiva ecológica, o plantio de linhas ou de árvores agrupadas de forma mais densa, como bosquetes, oferece uma área de borda maior entre árvores e pastagem, atraindo significativamente a vida selvagem que encontra abrigo próximo às árvores.

  • Bancos de proteína

Árvores e arbustos forrageiros representam uma considerável fonte potencial de proteína para os ruminantes em ambientes tropicais. A escolha das espécies para os bancos de proteína leva em consideração, prioritariamente, a disponibilidade de sementes, facilidade de estabelecimento, boa capacidade competitiva, produtividade e persistência em sistemas com baixa alocação de insumos. Além disso, é essencial selecionar plantas com bom valor nutricional e palatabilidade aceitável.

  • Fungo e mortalidade de bovinos

O cogumelo Ramaria flavo-brunnescens, tóxico para bovinos e ovinos, apresenta seu princípio ativo ainda desconhecido. Principais vítimas são animais que pastam em áreas com bosques de eucalipto (Eucaliptus spp.) entre fevereiro e junho. Esse cogumelo, de aparência semelhante a uma couve-flor, alaranjado e/ou marrom-claro, forma colônias, coincidindo seu período vegetativo com a ocorrência de intoxicação espontânea. Clinicamente, a intoxicação em bovinos se manifesta por emagrecimento progressivo, anorexia, intensa salivação, atrofia das papilas e descamação do epitélio da língua, juntamente com hemorragias na câmara anterior do globo ocular e desprendimento de cascos, chifres e pelos no dorso, lombo e cauda. Lesões de fotossensibilização também podem ser observadas.

Quais vantagens podemos destacar ao adotar o sistema silvipastoril?

Ganhos para o meio Ambiente: A implementação do sistema silvipastoril proporciona um aumento significativo na biodiversidade, fornecendo habitats para diversas espécies selvagens. Além disso, a presença de árvores desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade da água. Isso ocorre devido à redução do escoamento e à capacidade de retenção de poluentes, como pesticidas, agrotóxicos e resíduos animais.

Outro benefício notável é o incremento nos níveis de nutrientes essenciais no solo, como nitrogênio e carbono, impulsionando assim o crescimento e desenvolvimento das árvores.

Diante do cenário das mudanças climáticas, o sistema silvipastoril emerge como um aliado valioso. Pastagens que integram árvores apresentam um potencial maior de absorção de CO2 em comparação com pastagens convencionais. Além disso, contribuem para a redução da temperatura na região, um aspecto crucial dada a tendência de aumento nas temperaturas em decorrência da crise climática.

Quando o sistema incorpora árvores, essa prática é denominada reflorestamento, desempenhando um papel vital na absorção de CO2 da atmosfera por meio da fotossíntese e na recuperação de áreas degradadas. Além disso, o reflorestamento contribui para aprimorar a qualidade do solo, prevenindo a erosão, reduzindo o escoamento superficial e estabilizando o clima.

Vantagens para a fauna: Uma das principais vantagens para os animais é a mitigação do estresse térmico, proporcionada pela sombra generosa das árvores, que atua como um eficaz abrigo protetor.

Além disso, a diversificação da dieta através da rotação de pastagens proporciona aos animais uma ampla gama de nutrientes, reduzindo o risco de infecções causadas por pragas comuns em monoculturas. Esse conjunto de benefícios resulta no aprimoramento do bem-estar e da saúde do gado.

Vantagens para os agricultores: A inclusão simultânea de atividades como a pecuária e a colheita de recursos provenientes das árvores possibilita aos fazendeiros diversificarem suas fontes de renda. Essa abordagem representa o principal estímulo para que agricultores e fazendeiros adotem o sistema silvipastoril.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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