Aprenda sobre o planejamento da lavoura, dessecação pré-colheita e umidade dos grãos como fatores críticos para o sucesso da colheita
Descubra como evitar perdas na colheita de soja no Brasil, conhecendo os principais desafios enfrentados pelos produtores. Aprenda sobre o planejamento da lavoura, dessecação pré-colheita, altura da planta e umidade dos grãos como fatores críticos para o sucesso da colheita.
Apesar de não haver uma estimativa sobre as perdas durante a colheita de soja no Brasil, há relatos de lavouras de soja que perdem, em média, duas sacas por hectare, enquanto que o índice tolerável de perdas é de até uma saca (60 quilos) por hectare.
A colheita da soja já começou no Brasil e é fundamental que nesta etapa ocorra o mínimo de perdas no processo por meio de boas práticas agrícolas. Para que a safra tenha êxito, são necessários cuidados desde o plantio até a comercialização dos grãos, pois todas as fases são essenciais para o resultado final esperado.
Planejamento da lavoura para evitar perdas na colheita
Um dos primeiros passos é o planejamento da colheita levando em consideração questões como: regulagem das máquinas; capacitação do operador; presença de pragas e plantas daninhas; deiscências das vagens; semeadura inadequada; escolha errada da cultivar; momento da colheita; mau desenvolvimento da cultura; condições do solo; clima, entre outros.
Dessecação pré-colheita
A dessecação pré-colheita com uso de herbicida também é uma prática muito comum e que apresenta três principais objetivos: uniformizar a área da soja, controlar plantas daninhas e antecipar a colheita, pois o produtor obtém uma antecipação média de cinco dias, o que adiantará o plantio do milho safrinha.
De acordo com pesquisadores, quando o produtor desseca a lavoura, a planta vai morrer rapidamente e o trabalho precisa ser executado de forma dinâmica, o que deve ser feito em consonância com os dados pesquisados sobre a previsão do tempo.
É fundamental que o produtor esteja atento a essas informações, antes de optar pela dessecação, pois o excesso de chuvas pode prejudicar o trabalho de colheita e ocasionar perdas.
Altura da planta e umidade dos grãos
Abordando de maneira mais específica as características morfológicas da soja, elas podem influenciar as perdas tanto por meio da altura da planta e inserção das primeiras vagens, até ramificações e acamamento. Plantas muito baixas tendem a apresentar vagens próximas ao solo, o que dificulta o processo de colheita. Dados apontam que quando 60% das plantas estão acamadas, as perdas no momento da colheita podem chegar a 15%.
Sobre a época ideal para retirar a oleaginosa do solo é recomendado que o teor de umidade dos grãos atinja entre 13% e 15%, pois assim, se tem as melhores condições visando a qualidade dos grãos e o operacional. Sementes colhidas com teor de umidade superior a 15% estão sujeitas a maior incidência de danos mecânicos latentes (não aparentes). E com teor abaixo de 13% estão suscetíveis ao dano mecânico imediato, ou seja, à quebra.
São várias as pesquisas que apontam perdas na safra da soja no Brasil e um levantamento da safra 2017/18 obtido pelo “Rally da Colheita” desenvolvido pela Associação de Plantio do Vale do Paranapanema, no estado de São Paulo, em 60 propriedades, mostram que as perdas apresentaram variações de 0,9 a 4,5 sacas por hectare.
É interessante ponderar que o nível de tolerância de perdas indicado pela Embrapa é de uma saca por hectare. Dessas propriedades, 61% apresentaram perdas acima do tolerável que é de 60 kg ha-1.
Colheita mecanizada da soja
Um dos pontos mais importantes a ser observado no momento da colheita para aspectos referentes à máquina é a boa regulagem. Se a colhedora estiver mal regulada, acarretará na perda de produto na lavoura e de sua qualidade devido aos danos provocados nesta etapa.
Com relação ao tempo de máquina, as pesquisas divergem sobre os resultados já que algumas afirmam que como muitas das colhedoras utilizadas são mais antigas, as perdas podem estar relacionadas aos seus projetos de fabricação, onde não comportam tamanha produtividade das cultivares atuais.
Mas outras, concluíram que é possível realizar uma boa colheita com boa qualidade usando colhedoras mais antigas. Também foi observado que colhedoras com média de cinco anos foram as que apresentaram menores perdas em relação às colhedoras novas, sendo assim, vale ressaltar a importância do conhecimento do operador com o equipamento e a capacitação dos colaboradores por meio de cursos técnicos.
Barra de corte da plataforma
Como já citado, são multifatoriais os responsáveis pelas perdas na operação de colheita, porém, cerca de 64% das perdas totais são ocasionadas pela barra de corte da plataforma e elas são decorrentes de desnivelamento da plataforma, pneus descalibrados, alta velocidade do molinete, condutor helicoidal, alimentador muito baixo, molinete muito avançado, folga na barra de corte ou alta velocidade de deslocamento.
Quando as plantas estão muito secas, as perdas de plataforma geralmente são muito elevadas, porque os talos se tornam quebradiços e as vagens se rompem quando entram em contato com o molinete. Se o período de colheita está muito seco é recomendado esperar por uma chuva leve ou chuvisco.
Um outro exemplo prático é que se a velocidade do molinete estiver inadequada, ou seja, muito alta, poderão ocorrer impactos na lavoura. Com isso, as vagens podem acabar caindo no terreno, fazendo com que grãos sejam perdidos.
A velocidade da colheitadeira também pode impactar no rendimento da produção e para que uma colheita seja eficiente, é necessário que a velocidade do maquinário esteja entre 4 km/h e 6,5 km/h.
Caso a velocidade esteja menor que esta pode acontecer atraso remanescente no plantio de outras culturas. E no caso de velocidade maior que a recomendada pode ocorrer danos como a quebra dos grãos.
Perdas nos mecanismos internos: sistemas de trilha, limpeza e separação
Perdas na unidade de trilha – são aquelas decorrentes de vagens que saem da colhedora através dos saca-palhas e das peneiras, causadas por grande abertura entre o côncavo e cilindro, baixa rotação do cilindro ou alta velocidade de deslocamento, bem como grãos quebrados por causa da ação trilhadora excessiva, ou ainda por excesso de material na retrilha. Autores apontam que os sistemas de trilha, separação e limpeza das colhedoras são responsáveis por ocasionarem perdas, que correspondem entre 15 e 20%.
Perdas nos saca-palhas são provenientes de grãos soltos que não conseguiram ser separados da palha e que saem pelos saca-palhas, para fora da colhedora, causadas por: extensão do côncavo desajustada, lona incorretamente inclinada, saca-palhas sobrecarregados e, ou, alta velocidade de deslocamento;
Perdas nas peneiras são provenientes de grãos que saem pelas peneiras, determinadas por: rotação inadequada do ventilador, direção incorreta do fluxo de ar, peneira superior muito fechada, alta rotação do cilindro ou, ainda, desalinhamento entre cilindro e côncavo. Para Silva (2015) o fluxo de ar do sistema de limpeza da colhedora deve ser ajustado corretamente para que as impurezas sejam separadas dos grãos e descartadas e que os grãos permaneçam na colhedora, quantos melhor for essa regulagem da rotação do ventilador melhores serão as porcentagens de impurezas presentes no produto final colhido.
Perdas por fugas são as perdas que ocorrem praticamente em qualquer ponto da colhedora;
Rotação do cilindro ou, ainda, desalinhamento entre cilindro e côncavo.
Por último, é importante a preocupação com o armazenamento, já que após a colheita da soja é preciso armazenar o grão em lugar apropriado para preservar sua qualidade. Práticas como a higienização, prevenção contra ataques de pragas, secagem, carregamento e distribuição são essenciais para evitar qualquer perda.
Fonte: Agro Adance
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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