Muitos pecuaristas costumam reduzir os investimentos na alimentação dos animais durante essa fase, aguardando a chegada das chuvas para retomar o ganho de peso dos bovinos. Essa abordagem pode levar a um desempenho insatisfatório ou até mesmo a uma perda de peso significativa, enquanto o produtor continua acreditando que não há problemas.
Durante a seca, garantir uma alimentação adequada para o gado não é apenas uma escolha, mas uma necessidade essencial para manter a saúde financeira da fazenda. Muitos pecuaristas costumam reduzir os investimentos na alimentação dos animais durante essa fase, aguardando a chegada das chuvas para retomar o ganho de peso dos bovinos. Essa abordagem pode levar a um desempenho insatisfatório ou até mesmo a uma perda de peso significativa, enquanto o produtor continua acreditando que não há problemas. Manter a suplementação proteica é crucial para evitar essas questões e assegurar o bem-estar e a produtividade dos animais.
Realizar uma análise detalhada dos custos diários para manter o gado pode revelar o impacto financeiro negativo causado pela falta de produção. É fundamental que o produtor reconheça que cada animal deve alcançar um ganho diário de peso (GMD) mínimo para justificar sua presença na fazenda. Se um bovino não está contribuindo com o desempenho esperado, é sinal de que sua continuidade na propriedade pode não ser viável.
Para entender o custo real do pasto, consideremos que o valor é de R$18,00 por cabeça de garrote, equivalente a R$0,60 por dia. Se uma arroba é vendida por R$140,00, ou R$4,67 por kg de peso vivo, então um garrote precisa ganhar aproximadamente 0,128 kg por dia para cobrir o custo do pasto. No entanto, essa análise se torna mais complexa ao incluir despesas adicionais, como ágio, mão de obra, sanidade e nutrição. Com todos esses custos somados, a necessidade diária de ganho de peso para cobrir o custo total do animal na fazenda aumenta para cerca de 0,250 a 0,300 kg.
O ganho mínimo diário (GMD) necessário, que pode ser comparado ao “aluguel” que o animal precisa gerar, é quase igual ao GMD esperado para um animal que recebe uma suplementação proteica de baixo consumo (0,1% do peso vivo) durante a seca. Isso levanta uma questão importante: qual é a vantagem de utilizar suplementação proteica para gado de corte na estação seca?
A resposta é simples: a suplementação proteica é crucial para melhorar a rentabilidade da fazenda. Muitas vezes, o uso de sal mineral ou sal ureado não é suficiente para garantir um ganho diário de peso (GMD) que cubra sequer o custo do pasto, resultando em prejuízos que afetarão o lucro durante a época das chuvas. A falta de compreensão por parte do produtor sobre o custo real do pasto pode esconder o impacto financeiro negativo. Isso leva à percepção equivocada de que o único custo é o suplemento fornecido, fazendo com que o baixo desempenho com ureados pareça justificável pelo menor custo diário da suplementação.
Portanto, o uso de suplementação proteica de baixo consumo é essencial para o gado de corte em recria durante a seca. No entanto, para garantir o melhor desempenho possível com essa estratégia, é crucial seguir algumas diretrizes importantes.
Primeiramente, é essencial considerar que o pasto, mesmo quando seco, desempenha um papel crucial na performance dos animais. A presença de uma forragem seca e bem estruturada é indispensável para alcançar bons resultados na produção animal. Contudo, a ideia de que “quanto mais, melhor” não se aplica aqui. Um pasto seco de qualidade deve ter uma quantidade adequada de folhas secas e uma estrutura que facilite a formação do bocado pelos animais.
Pastos altos, desgastados e com muitos colmos e inflorescências, embora pareçam ter grande quantidade de forragem, oferecem uma estrutura difícil de ser acessada. Além disso, pastos elevados têm maior propensão ao tombamento, o que reduz significativamente a eficiência na colheita do material disponível. Portanto, o manejo correto do diferimento é crucial para garantir a qualidade do pasto seco e, consequentemente, melhorar os resultados da suplementação.
Embora a boa massa de forragem seja essencial para o sistema de produção, ela por si só não garante um desempenho adequado dos animais se o suplemento correto não for fornecido. Isso ocorre porque, mesmo com a presença de forragem em um pasto diferido, a dieta tende a ser pobre em proteínas e rica em fibras. Esse desequilíbrio leva a uma menor atividade dos microrganismos no rúmen e a uma redução na taxa de passagem dos alimentos. Como resultado, o consumo de alimentos pelo animal diminui, uma vez que a baixa taxa de fermentação do rúmen reduz a eficiência da digestão. Em resumo, o animal acaba se sentindo “cheio” sem consumir a quantidade necessária de nutrientes.
A Figura 1 ilustra um estudo revelador sobre como a adição de proteínas em dietas compostas por forragens de baixa qualidade pode influenciar significativamente a digestibilidade das fibras. O estudo destaca como a correção proteica impacta diretamente a taxa de passagem e o consumo dos animais, esclarecendo a importância essencial do suplemento proteico durante períodos secos. Esse suplemento é crucial para ativar o funcionamento adequado do rúmen e otimizar a digestão.
Antes de prosseguir, é fundamental esclarecer um equívoco comum sobre nutrição animal. Muitas pessoas acreditam que oferecer suplementos proteicos faz com que o gado consuma mais, esgotando rapidamente o pasto. No entanto, essa ideia está equivocada. Quando a quantidade de pasto é insuficiente, a introdução de suplementos proteicos ajuda o animal a aproveitar melhor o que está disponível. É importante lembrar que, em situações de pasto limitado, o tempo de pastejo dos animais já está no máximo de 10 a 12 horas por dia. O suplemento não prolongará esse tempo de pastejo, mas sim otimizará o aproveitamento do pasto que eles consomem.
Além de entender o papel do suplemento proteico, é crucial considerar a composição do produto que será utilizado. Um suplemento bem formulado deve conter uma quantidade adequada de proteína para melhorar o ambiente ruminal, além de equilibrar corretamente a proteína verdadeira e a ureia, favorecendo uma síntese microbiana mais eficiente. Vale lembrar que o ganho médio diário (GMD) de um animal depende da energia produzida durante a fermentação no rúmen e do crescimento microbiano resultante desse processo. Portanto, quanto melhor a degradação da forragem e mais eficiente a síntese microbiana, maior será o desempenho do animal.
Em um estudo que analisou as diferentes proporções entre proteína verdadeira e nitrogênio não proteico (ureia) em suplementos para ambientes com forragem de baixa qualidade, foi constatado que a combinação ideal para otimizar a degradação e a síntese microbiana foi 70% de nitrogênio não proteico e 30% de proteína verdadeira (conforme ilustrado na Tabela 1). É crucial notar que muitas fórmulas comerciais tendem a ter uma maior concentração de ureia, frequentemente chegando perto do limite estabelecido pelo MAPA, que é de 85%.
O último aspecto a ser considerado é a organização do cocho e a forma como o produto é distribuído. Em termos simples, o cocho funciona como o “prato” para os animais; ter um alimento de alta qualidade não é suficiente se ele não é oferecido adequadamente. Se o cocho não está disponível ou se o alimento não chega até ele, toda a qualidade do suplemento é desperdiçada.
Poucas pesquisas analisam a quantidade ideal de cocho por animal, especialmente considerando as diversas estratégias de suplementação. No caso de suplementos proteicos de baixo consumo, que possuem uma taxa controlada de ingestão, os animais não conseguem consumir grandes quantidades de uma vez. Portanto, recomenda-se que cada metro linear de cocho acomode entre 6 a 10 animais. Para identificar a necessidade de mais cochos, observe o comportamento dos animais ao se aproximarem do cocho; se mais de 5 a 10% deles tentarem acessar o cocho pelas extremidades, pode ser um sinal de que a estrutura está inadequada.
A ausência de um espaçamento adequado nos cochos pode provocar um aumento no número de animais que não recebem a suplementação desejada, resultando em um lote desbalanceado. Mesmo com um limitador de consumo, a natureza gregária dos animais faz com que, ao retornar ao pasto, os dominantes frequentemente voltem antes de completarem a ingestão do suplemento.
Outro desafio frequente é a falta de controle no fornecimento do suplemento. É essencial monitorar a quantidade consumida por animal diariamente para garantir que tudo esteja funcionando conforme o planejado. Ter um responsável dedicado é crucial para esse processo. Caso o consumo esteja acima ou abaixo do previsto, pode ser necessário ajustar a formulação. No entanto, um baixo consumo deve ser investigado para identificar se o problema é relacionado à fórmula ou a falhas na distribuição. Cochos vazios durante as visitas aos pastos, especialmente em áreas arrendadas, são um problema comum que deve ser abordado.
Para concluir, é importante destacar que a utilização de suplementos proteicos para o gado de corte, independentemente do período, oferece a melhor relação custo-benefício quando comparado ao investimento adicional e ao ganho de peso diário (GMD) obtido. Ao considerar o custo diário de um suplemento proteico em vez de um ureado, o custo adicional fica entre R$0,15 e R$0,20 por cabeça/dia. Com um ganho adicional de 0,200 kg por dia, e considerando o valor da arroba de garrote a R$140 (ou R$4,67 por kg de peso vivo), a receita extra gerada é de R$0,94 por dia (0,200 kg x R$4,67), resultando em uma relação custo-benefício entre 1:4 e 1:5. Mesmo assumindo que o ganho adicional seja metade do previsto, a análise continua positiva e vantajosa.
É crucial lembrar que os animais devem atingir um GMD mínimo para justificar a estratégia adotada, e uma abordagem aparentemente “econômica” pode, na verdade, resultar em prejuízos significativos.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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