Como comprar o melhor touro para o seu rebanho?

O segundo semestre marca o início da grande oferta de reprodutores no mercado e com o surgimento da pergunta clássica: como comprar o melhor touro para meu rebanho?

*Por William Koury Filho – Antes de abordar a temática do título da coluna, vamos entender um pouco do ocorrido em 2018 com o mercado de touros, capturado pela pesquisa TOP 100 – Zebuínos. Dos 66 rebanhos participantes, que totalizaram 19.937 mil touros comercializados, 90,6% participam de programas de melhoramento genético, movidos pelo ímpeto da seleção mais embasada em critérios técnicos ou pelas exigências do mercado – detalhes que poderão ser lidos na matéria específica sobre a pesquisa.

Retornando ao tema da coluna, trata-se de uma resposta bastante complexa, o que não impede de simplificarmos o critério de escolha do “melhor” touro para um rebanho em particular. Para iniciar, temos de ter claro o objetivo da criação: se é produzir repassadores para venda de genética; se o negócio é venda de bezerros; ciclo completo; ou, ainda, se o objetivo principal é a reposição de matrizes.

Geralmente, a reposição de matrizes é uma necessidade certa, lembrando que é pelas fêmeas que vamos fixando os genes dos touros melhoradores em rebanhos comerciais.

Nessa linha de raciocínio, vale destacar o depoimento dos donos de rebanhos que investem em touros melhoradores com suas bases de matrizes cada vez mais produtivas e padronizadas através do ganho genético acumulado safra a safra. Contudo, não é fácil comprar boa reposição no mercado.

E o touro? Como deve ser escolhido?

As questões básicas a serem analisadas são saúde, bom estado nutricional (sem exagero), exame andrológico e ter avaliações genéticas positivas. Daí, seguimos algumas dicas:

  • 1) deve ser proveniente de criatórios sérios e competentes no que fazem – produzir semente (touro) não é para qualquer pecuarista, nem algo que se alcança do dia para a noite, salvo com investimentos pesados, o que, ainda assim, demanda um tempo significativo;
  • 2) deve ser criado/ selecionado em condições próximas da realidade de sua fazenda, no que se refere ao sistema de produção, de preferência na mesma região da propriedade, o que aumenta bastante a segurança nos resultados;
  • 3) deve ser positivo em algum programa de melhoramento genético, se possível até deca 3 ou TOP 30% – como a maioria dos programas CEIP;
  • 4) deve passar pela análise da régua de DEPs, pois não se pode basear somente no índice de tal programa, uma vez que seu rebanho pode estar carente de determinada característica, que deverá ser priorizada na escolha do reprodutor – pense no seu rebanho de matrizes da mesma maneira que se faz uma “análise de solo” (como é sua vacada?) para que possa ser indicada a melhor “formulação de adubo” (ou seja, ponderação das características DEPs e morfologia); e,
  • 5) por fim, não bastam os números (DEPs), deve ser entendido que as avaliações genéticas/genômicas são fundamentais, mas possuem limitações, assim é indispensável observar a parte de enquadramento no padrão racial (maior garantia de consistência genética em padronizar características particulares da raça), aprumos e biotipo.

Claro que “o melhor” touro para você é algo muito relativo, vai depender das variáveis que serão analisadas, inclusive quanto se quer ou pode investir. Pela lógica, a melhor semente vale mais, já que resultará em safra mais farta. Mas nem sempre é assim. Muita semente (touro) vendida não passa de embalagem ou de um bom marketing, devendo em conteúdo, qualidade genética. Não caia em conversa para boi dormir.

Para comprar um bom touro, estude muito ou consulte um profissional qualificado e comprometido com seus resultados, pois as chances de sucesso aumentarão bastante.

É isso aí, vamos que vamos!

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WILLIAM KOURY FILHO via BrasilcomZ
Zootecnista formado pela UNIMAR (1994), com mestrado pela USP (2000), especialista em Julgamento de Zebuínos pela FAZU (2001), e doutorado pela UNESP (2005).

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