O controle do carrapato em bovinos é uma preocupação constante ao longo do ano, mas durante a estação seca, a infestação requer atenção
Esse ectoparasita afeta o gado em todas as regiões do país, exercendo um impacto significativo na economia da pecuária de corte e de leite. O carrapato é responsável por causar anemia nos animais e danos à pele, levando à desvalorização do gado.
Se você está enfrentando esse desafio, é fundamental priorizar o combate ao carrapato. Além das perdas financeiras, a infestação causa desconforto aos animais e sintomas físicos que afetam diretamente sua saúde e bem-estar.
Nas próximas linhas, exploraremos maneiras de erradicar eficazmente esse problema em sua propriedade.
Os prejuízos que o carrapato causa na pecuária
Para compreender a verdadeira envergadura deste desafio, é fundamental ressaltar que a infestação de carrapatos em bovinos gera perdas anuais que superam a marca de R$ 3 bilhões, apenas no Brasil. Isso nos faz refletir sobre o impacto positivo que esses recursos poderiam ter em nossa economia, se não fossem direcionados para lidar com esse problema.
Se você se dedica à criação de bovinos de raças taurinas, a necessidade de permanecer em constante alerta é ainda mais premente, uma vez que esses animais têm uma tendência maior a sofrerem infestações por carrapatos.
Quando o gado é alvo de um grande número de ataques desses parasitas, o estado da pele dos animais é afetado, comprometendo sua aparência e desvalorizando-os no mercado pecuário. Portanto, é importante adotar medidas eficazes para enfrentar essa questão de maneira adequada.
Um dos sintomas mais preocupantes decorrentes da infestação de carrapatos em bovinos é a perda de apetite. Como bem sabemos, um gado que não se alimenta adequadamente não ganha peso, o que afeta diretamente sua produtividade. Uma propriedade que investe em ração, suplementos e aditivos, mas negligencia o controle de carrapatos, corre o risco de desperdiçar todo esse investimento.
Além disso, é importante mencionar que o carrapato em bovinos é o principal agente causador da Tristeza Parasitária Bovina (TPB), frequentemente referida como “tristezinha parasitária.” Em casos graves, a infestação por carrapatos pode levar à morte do animal.
Portanto, é fundamental manter um controle eficaz e adotar medidas preventivas, independentemente da localização geográfica. O ciclo de reprodução do carrapato em vacas, resultando em novas infestações, está diretamente relacionado às condições climáticas e à umidade. Assim, diferentes regiões enfrentam épocas de infestação com intensidades variadas. O aspecto crucial é manter uma estratégia de combate atualizada e eficiente.
Quais doenças esse parasita causa?
É crucial compreender as doenças que esse parasita pode desencadear. Um dos aspectos mais preocupantes quando se trata de infestação por carrapatos é o potencial de transmitirem doenças aos animais.
Quando o gado fica doente devido a essa infestação, as consequências são incontestáveis: além dos custos com tratamentos medicamentosos adicionais, a produção de leite sofre impacto negativo, bem como o ganho de peso do gado de corte, podendo até resultar na morte dos animais.
A seguir, destacamos as principais doenças associadas:
Anaplasmose:
A anaplasmose bovina muitas vezes é assintomática, mas pode levar à morte prematura do gado e causar abortos. É uma doença que pode ser transmitida pelo carrapato à mãe e, subsequentemente, ao bezerro através da placenta.
Erliquiose:
A erliquiose é outra doença que pode passar despercebida e exige atenção dos produtores. Também é transmitida pelo carrapato e é causada pelo mesmo agente infeccioso da anaplasmose. Ela afeta os glóbulos brancos, componentes essenciais do sistema imunológico, e pode resultar em sintomas como diarreia, dificuldade respiratória e convulsões em casos graves.
Babesiose:
A babesiose é uma doença comum na criação de gado no Brasil, caracterizada por sintomas como anemia, mudanças na coloração das mucosas, falta de apetite, icterícia, ausência de ruminação e apatia. Também é conhecida como “Tristeza Bovina” e requer diagnóstico por meio de exames de sangue, com tratamento que envolve medicamentos específicos.
Além das doenças que podem afetar seu gado, os carrapatos também podem representar um risco para os seres humanos, transmitindo enfermidades como a doença de Lyme, a febre maculosa e a erliquiose. No Brasil, a febre maculosa é mais comum e seus sintomas, como febre alta, calafrios e problemas neurológicos, às vezes são confundidos com dengue. Portanto, é essencial estar ciente dos riscos associados à infestação por carrapatos e tomar medidas preventivas adequadas.
Como controlar essa praga de maneira viável?
Já se perguntou que os carrapatos presentes nos seus animais de criação representam apenas 5% da população total? Os outros 95% residem no ambiente.
Portanto, para um controle eficaz dessa ameaça, é imperativo integrar o tratamento dos animais com o tratamento do ambiente. Caso contrário, os carrapatos tendem a retornar continuamente, causando prejuízos constantes.
A seguir, apresentamos quatro estratégias infalíveis para combater o carrapato:
Estabeleça um protocolo de entrada
Uma das formas mais comuns de disseminação desses ectoparasitas ocorre quando animais de outros rebanhos ou leilões são introduzidos em sua criação. Portanto, é essencial criar um protocolo de entrada para novos animais no seu rebanho. Garantir que esses animais cheguem livres de parasitas é um método eficaz para evitar a disseminação de cepas resistentes.
Utilize carrapaticidas
O uso de carrapaticidas é uma estratégia comum e eficaz para combater o carrapato.
No entanto, é fundamental enfatizar a importância de um controle rigoroso, com base em um cronograma definido, incluindo o tratamento do ambiente. A negligência do cronograma compromete a eficácia do tratamento e pode resultar em prejuízos adicionais para o negócio.
Consulte um especialista
Possivelmente, este é o aspecto mais crucial: consulte sempre um especialista. É comum que fazendeiros procurem carrapaticidas apenas quando estão na loja. No entanto, esse não é o procedimento ideal. É fundamental que seu gado seja acompanhado por um veterinário.
Somente um profissional com conhecimento do histórico da sua produção e das suas particularidades pode prescrever a melhor solução para o problema.
Melhore a adubação
Um estudo realizado pelo Instituto de Zootecnia de São Paulo apontou que a adição de ureia na adubação do solo pode ajudar a combater as populações de carrapato. A alteração da acidez do solo dificulta a reprodução e a sobrevivência desses parasitas.
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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