As mudanças climáticas têm afetado diversos setores da sociedade, e a agricultura não é exceção.
Os trabalhadores rurais são especialmente os mais afetados pelas altas temperaturas, o que pode ter consequências significativas para sua saúde e bem-estar. Nos últimos dias, especialistas em clima e cientistas de todo o país emitiram alertas sobre a iminente chegada de uma extensa onda de calor conhecida como El ninõ, que está prestes a atingir áreas do território brasileiro ao longo das próximas semanas. Preveem-se temperaturas extremamente elevadas, com potencial para atingir picos de até 45°C.
Os efeitos do calor intenso, que já se manifestou em áreas como o Sudeste e o Centro-Oeste, têm consequências significativas, abrangendo desde prejuízos para as colheitas agrícolas até impactos nas cotações de commodities nos mercados internacionais, bem como na saúde dos agricultores.
Aqueles que desempenham atividades rurais precisam exercer uma vigilância redobrada em relação às condições climáticas, seja para proteger suas produções, o bem-estar do gado ou a própria saúde. Isso ocorre porque o calor excessivo pode ser extremamente prejudicial para a saúde humana, podendo até mesmo resultar em óbitos.
O impacto na saúde dos trabalhadores rurais
Exposição prolongada ao calor intenso pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo insolação, exaustão pelo calor, cãibras e até mesmo golpes de calor, que podem ser fatais. Além disso, as altas temperaturas podem agravar condições médicas existentes, como doenças cardíacas e respiratórias.
É importante ressaltar que os trabalhadores rurais muitas vezes são expostos ao calor por longos períodos, realizando atividades físicas intensas, como colheita, plantio e cuidado com animais. Essas atividades demandam esforço físico e aumentam a produção de calor no corpo, tornando-os mais suscetíveis aos efeitos negativos das altas temperaturas.
Regulamentações e medidas de segurança
Para proteger os trabalhadores rurais dos efeitos adversos do calor, algumas regulamentações e medidas de segurança foram implementadas. No Brasil, a Norma Regulamentadora 31 (NR-31) estabelece diretrizes para a segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura.
Essa norma exige que os empregadores implementem medidas de prevenção e controle de riscos relacionados ao calor, como fornecer água potável em quantidade suficiente, garantir a disponibilidade de áreas de descanso sombreadas e climatizadas, além de orientar e capacitar os trabalhadores sobre os riscos do calor e as medidas de proteção adequadas.
Além das regulamentações e medidas de segurança, existem estratégias adicionais que os trabalhadores rurais e empregadores podem adotar para lidar com as altas temperaturas. A seguir, destacamos algumas dessas estratégias:
Hidratação adequada
A hidratação adequada é essencial para ajudar o corpo a regular sua temperatura interna e prevenir a desidratação. Os trabalhadores rurais devem beber água regularmente, mesmo que não sintam sede, e evitar bebidas alcoólicas e cafeinadas, que podem aumentar a desidratação.
Vestuário adequado
Usar roupas leves, respiráveis e de cores claras pode ajudar a reduzir a absorção de calor pelo corpo. Além disso, o uso de chapéus de abas largas e óculos de sol pode ajudar a proteger a cabeça e os olhos dos raios solares diretos.
Horários e pausas adequados
Os trabalhadores rurais devem tentar evitar as horas mais quentes do dia, realizando suas atividades de trabalho nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde. Além disso, é importante que eles façam pausas regulares para descansar, se hidratar e se resfriar, especialmente durante os períodos de calor intenso.
Monitoramento das condições climáticas
Monitorar as condições climáticas pode ajudar os trabalhadores rurais a se prepararem adequadamente para o calor. Isso pode incluir o uso de aplicativos ou sites que fornecem informações sobre a temperatura, umidade e níveis de radiação solar.
Produtividade impactada
Em ambientes excessivamente quentes, o organismo humano enfrenta a necessidade de dispendiar uma quantidade significativamente maior de energia para regular a temperatura corporal. Esse consumo energético acarreta perda de fluidos e desencadeia uma série de reações em resposta às condições adversas. Os sintomas predominantes incluem sudorese profusa, dores de cabeça, redução da pressão arterial e uma crescente sensação de fadiga.
Nesse contexto, a produtividade é comprometida de maneira substancial. Em vez de se concentrar nas tarefas que demandam sua atenção, o trabalhador rural passa a dedicar grande parte de sua preocupação à mera sobrevivência em meio a um ambiente notoriamente desconfortável. A clareza nas ações a serem tomadas diante dessas circunstâncias adversas se torna verdadeiramente desafiadora.
Principais indicativos dos efeitos do calor intenso
Embora esse cenário afete tanto os habitantes das áreas rurais quanto os das áreas urbanas, os agricultores e pecuaristas enfrentam um contato mais direto com a natureza e as variações climáticas, incluindo as ondas de calor.
Consequentemente, essas condições climáticas adversas podem levar a malefícios de curto prazo, como o estresse térmico e a insolação. O estresse térmico é caracterizado por uma série de sintomas que alertam o corpo para o aumento das temperaturas internas e externas, resultando em desconforto físico, incluindo dores localizadas, náusea, tontura, dores de cabeça, cãibras, fadiga, desidratação e mal-estar.
A insolação, por outro lado, representa um estágio mais grave da exposição ao calor, ocorrendo quando as temperaturas corporais internas e externas excedem os 40 °C. A insolação é extremamente perigosa e pode, em última instância, levar à morte. Portanto, é imperativo não subestimar os sintomas do estresse térmico e tratá-los o mais rápido possível.
Os sintomas da insolação causada pelo calor incluem taquicardia, desmaios, confusão mental, pressão alta e um risco significativo de falência total de órgãos.
Além desses efeitos imediatos, a exposição prolongada ao calor excessivo ao longo dos anos pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como câncer de pele, doenças renais e cognitivas.
Medidas preventivas para mitigar os efeitos do calor
À medida que as ondas de calor se tornam mais frequentes no Brasil, é crucial adotar medidas preventivas, como a hidratação, para reduzir os riscos e sintomas associados a essas condições climáticas, garantindo o bem-estar. Além da hidratação, outras precauções podem ser tomadas:
- Priorize o consumo de alimentos ricos em água: Incluir frutas, verduras e legumes com alto teor de água, como melancia, melão, abacaxi, laranja, alface e brócolis, na alimentação pode contribuir para manter o corpo hidratado e evitar o desconforto.
- Evite exposição direta ao sol: Durante os períodos mais quentes do dia, procure permanecer em locais frescos e ventilados. Reduza ou evite atividades ao ar livre durante esses momentos, adaptando-se às condições climáticas da região.
- Refresque-se: Em caso de calor intenso, refresque o corpo com água fresca ou tome um banho de água mais fria para aliviar a sensação de calor interno. Aplicar compressas de água na nuca ou na testa também pode ser uma solução eficaz.
- Busque ajuda médica: Se as medidas anteriores não aliviarem os sintomas, é fundamental buscar assistência médica e profissional de saúde. Em situações extremas, evite a exposição solar imediatamente.
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.