A preparação nutricional das matrizes é crucial para o sucesso da estação de monta e para alcançar a meta de 65% de prenhez no primeiro mês, antes da estação, é fundamental realizar uma avaliação nutricional para identificar e corrigir deficiências.
Com a chegada do final do verão, muitos produtores enfrentam um dos maiores desafios na criação de gado a pasto: a transição entre as estações chuvosa e seca. Este período é crítico, pois as mudanças climáticas impactam diretamente a disponibilidade e qualidade do pasto, que é a principal fonte de alimentação para o rebanho.
Sem um planejamento adequado, o gado pode sofrer com a escassez de nutrientes, o que afeta não apenas o ganho de peso, mas também a saúde geral dos animais. Portanto, é essencial que os pecuaristas adotem estratégias eficazes para garantir a continuidade da produtividade e o bem-estar do rebanho durante esse período de transição. Nesse artigo do Compre Rural abordaremos mais sobre esse tema. Acompanhe!
Preparação antecipada e escolha genética
Com a chegada da primavera, muitos criadores já estão se preparando para iniciar os trabalhos de reprodução. No Brasil, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Norte, a estação de monta começa a ganhar força, com mais de 50 milhões de vacas sendo inseminadas ou entouradas. O desafio é grande, e o cuidado com a prenhez agora impacta diretamente na produção de bezerros no próximo ano, que se transformarão em bois gordos em 2026.
Antônio Carlos Camares, tecnista e gerente de produto corte taurino da Central CMEX Brasil, ressalta a importância de investir em genética apurada em uma entrevista ao Giro do Boi. Segundo ele, “não podemos deixar de investir em genética”, especialmente em um cenário onde há uma infinidade de opções de raças de corte, com mais de 200 no mundo. A escolha certa da raça e a preparação do rebanho são essenciais para evitar erros que possam comprometer a produção futura.
Impacto do clima
A seca é um fator que pode afetar significativamente a estação de monta. Em anos com chuvas abaixo da média, como ocorreu há alguns anos, a taxa de prenhez em algumas fazendas foi drasticamente reduzida, chegando a 30% em alguns casos. Essa redução é um alerta para a necessidade de se preparar com antecedência, garantindo alimento suficiente para o gado durante a seca.
“Todo ano o pecuarista precisa fazer comida para a seca”, enfatiza Antônio Carlos. Mesmo que o período de seca seja inevitável, a preparação prévia, como o armazenamento de silagem, feno e ração, pode mitigar os impactos negativos na taxa de prenhez. No entanto, ele alerta que, para aqueles que ainda não se prepararam, o tempo já está curto para garantir uma boa nutrição do rebanho.
Atraso na estação de monta
Uma questão recorrente entre os criadores é se devem atrasar a estação de monta caso as vacas não estejam no escore corporal ideal. Antônio Carlos explica que essa é uma decisão delicada. Atrasar a estação pode, sim, melhorar a taxa de prenhez, mas também pode trazer desvantagens, como o aumento da susceptibilidade dos bezerros a doenças se nascerem durante o período chuvoso. O ideal é que o bezerro nasça no início da seca, quando as condições são mais favoráveis.
Para minimizar riscos, ele recomenda que os criadores façam um rodeio com todas as matrizes, analisem o escore corporal e, se necessário, atrasem a estação de monta em até 30 dias. “Mais do que isso pode ser muito severo para o bezerro lá na frente”, alerta.
Planejamento nutricional
Um ponto crucial para o sucesso na estação de monta é o planejamento nutricional das vacas. Antônio Carlos destaca a importância de avaliar o escore corporal das vacas durante a desmama, geralmente em abril ou maio, e ajustar a nutrição para garantir que elas entrem na estação de monta com um escore mínimo de 3,5 a 4,0. Isso aumenta as chances de prenhez e garante que as vacas estejam em boas condições para parir e amamentar os bezerros.
Estratégias para alcançar 65% de prenhez no primeiro mês
1. Seleção e manejo nutricional das matrizes antes e durante a estação de monta:
A preparação nutricional das matrizes é crucial para o sucesso da estação de monta e para alcançar a meta de 65% de prenhez no primeiro mês. Antes da estação, é fundamental realizar uma avaliação nutricional para identificar e corrigir deficiências. Fornecer uma dieta balanceada que atenda às necessidades de energia, proteína e minerais é essencial para garantir que as fêmeas estejam em boas condições corporais para a reprodução. Durante a estação de monta, manter um manejo nutricional adequado ajuda a melhorar a taxa de fertilidade. As matrizes devem ter acesso a alimentos de alta qualidade e suplementação se necessário, para maximizar a eficiência reprodutiva e promover a concepção precoce.
2. Uso de tecnologias reprodutivas (IA, Manejo de Cios, etc.):
O uso de tecnologias reprodutivas modernas é fundamental para atingir altas taxas de prenhez. A inseminação artificial (IA) é uma ferramenta eficaz para melhorar o desempenho reprodutivo, permitindo a utilização de touros geneticamente superiores sem a necessidade de introduzi-los no rebanho. Além disso, o manejo adequado dos cios, por meio da sincronização e monitoramento, aumenta as chances de detectar o melhor momento para a inseminação, maximizando a taxa de concepção. A adoção dessas tecnologias pode proporcionar uma abordagem mais controlada e eficiente para alcançar a meta de prenhez desejada.
3. Controle sanitário e manejo adequado dos touros:
O controle sanitário dos touros e o manejo adequado são essenciais para garantir a fertilidade e a saúde reprodutiva. Realizar exames de saúde regulares, incluindo avaliações de fertilidade e testes para doenças reprodutivas, ajuda a assegurar que os touros estejam em condições ideais para a estação de monta. O manejo adequado inclui fornecer uma dieta equilibrada, manter um ambiente limpo e confortável, e assegurar que os touros estejam bem adaptados ao sistema de reprodução. Um controle rigoroso sobre a saúde dos touros e suas condições de manejo contribui significativamente para alcançar taxas de prenhez mais altas e melhorar o desempenho reprodutivo geral do rebanho.
Benefícios de 50 kg a mais na desmama
1. Como 50 kg a mais na desmama podem influenciar a receita da fazenda:
O aumento de 50 kg no peso na desmama pode ter um impacto significativo na receita da fazenda. Esse incremento no peso resulta em uma maior valorização dos bezerros no mercado, aumentando o retorno financeiro. Para quantificar esse impacto, é necessário considerar os custos adicionais de nutrição e manejo que possibilitaram o ganho de peso, além de avaliar o preço de venda de bezerros com maior peso. A análise econômica deve incluir a comparação entre os custos adicionais e os benefícios financeiros para calcular o retorno sobre o investimento.
2. Vantagens competitivas:
Bezerros com maior peso na desmama geralmente alcançam um preço de venda mais alto, devido à percepção de maior valor e qualidade. Esse diferencial pode conferir vantagens competitivas no mercado, permitindo que a fazenda se destaque e obtenha melhores margens de lucro. Além disso, bezerros mais pesados tendem a ter um desenvolvimento mais acelerado e alcançar a terminação com menos tempo, o que pode reduzir os custos operacionais e melhorar a eficiência geral da produção.
A estação de monta é uma fase de extrema importância para a pecuária de corte, e o sucesso depende de um planejamento cuidadoso e de decisões estratégicas, que começam muito antes do período reprodutivo. Investir em genética, preparar o rebanho para as condições climáticas e ajustar o manejo nutricional são passos essenciais para garantir uma alta taxa de prenhez e, consequentemente, uma produção de qualidade. Como ressalta Antônio Carlos, o foco deve ser sempre em maximizar o número de bezerros desmamados, garantindo a saúde e o crescimento adequado desde o nascimento até a fase de engorda.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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