A Guerra na Ucrânia, trouxe a tona um dos maiores “tiro no pé” feito pela Petrobras; Além da ameaça a economia brasileira, ela traz a tona o fato de que o país não produz fertilizantes há 8 anos.
Cerca de 80% dos fertilizantes usados na produção agrícola do Brasil vêm do exterior, sendo que 23% desses adubos são da importação da Rússia, de acordo com dados do Ministério da Economia. Só em 2021 cerca de 41,6 milhões de toneladas foram compradas, ao custo de USD 15,1 bilhões. Valores altos que poderiam ser minimizados se caso houvesse produção nacional. Porém a Petrobras abriu mão desse tipo de produção.
O governo brasileiro fechou três fábricas de fertilizantes da Petrobras entre 2016 e 2020. Duas delas encerraram suas atividades quando Michel Temer (MDB-SP) era presidente. A outra foi desativada mais recentemente, já na gestão de Jair Bolsonaro. Com a queda da produção interna de adubo, o Brasil passou a ficar ainda mais dependente dos fertilizantes importados da Rússia, atualmente em guerra com a Ucrânia.
A falta destes insumos – ureia, potássio e outros – já tem causado uma grande disparada de preços destes insumos e, subsequente alta de muitos alimentos num momento delicado, em que a população já tem sido obrigada a conviver com o encarecimento dos combustíveis. O Brasil é o único país do mundo com produção agrícola de larga escala sem autonomia no fornecimento de fertilizantes.
A Petrobras chegou a ser dona de pelo menos 4 fábricas de fertilizantes, sendo que três desses empreendimentos – localizados em Camaçari (BA), Laranjeira (SE) e Três Lagoas-MS – foram vendidas nos últimos anos.
A última, chamada Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), foi repassada grupo empresarial Acron, da Rússia. Estava à venda desde 2017, ano em que a Petrobras bateu o martelo sobre não querer mais produzir fertilizantes e numa tentativa de repor as perdas financeiras da unidade que este ano já acumulam RS 3,8 bilhões.
Esse, portanto, se tornava o último passo do processo de abandono do mercado de produção de fertilizantes estabelecido após o presidente Michel Temer (MDB) chegar ao comando do Palácio do Planalto. Um plano de negócios da Petrobras, criado após o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
O Brasil também não tem um sistema de dutos capaz de escoar o gás utilizado para a produção de fertilizantes nitrogenados. São apenas 40 mil quilômetros de canos, o que também é criticado por outros setores.
Quando as fábricas de fertilizantes pertencentes à Petrobras estavam ativas, o Brasil consumia cerca de 30 milhões de toneladas de fertilizantes frutos da importação. Em 2020, esse consumo cresceu para 40 milhões de toneladas e de lá pra cá a dependência só aumentou.
A Petrobras decidiu sair do mercado de fertilizantes em 2017, logo depois que Temer assumiu a Presidência. Desde então, as fábricas vem sendo fechadas. Essa questão faz parte de um plano de negócios elaborado pela estatal após o impeachment de Dilma Rousseff. A avaliação naquela época era de que a produção de adubos dava prejuízo para a Petrobras.
Em nota, a Petrobras afirmou que o fechamento das fábricas é coerente com a estratégia adotada pela empresa em 2017, quando decidiu deixar o mercado de fertilizantes.
Plano Nacional de Fertilizantes para reduzir importação dos insumos
O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) é uma referência para o planejamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos (até 2050), promovendo o desenvolvimento do agronegócio nacional e considerando a complexidade do setor, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.
Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos, mais de 85% dos fertilizantes utilizados no país são importados, evidenciando um elevado nível de dependência. Essa dependência crescente deixa a economia brasileira, fortemente apoiada no agronegócio, vulnerável às oscilações do mercado internacional de fertilizantes.
A implantação das ações do PNF poderá minimizar a dependência externa desses nutrientes, que chegam ao país principalmente da Rússia, da China, do Canadá, do Marrocos e da Bielorússia. Estados Unidos, Catar, Israel, Egito e Alemanha completam a lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021, de acordo com dados do Ministério da Economia
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Fábrica de potássio em Sergipe está parada e aguardando planta industrial
No município de Capela, em Sergipe, existe um poço de potássio com cerca de 1.620 mil metros de profundidade que, se funcionasse, poderia aumentar a produção do fertilizante em 54%, diminuindo a necessidade de importação em 50%.
Estimativas é que no local exista uma jazida com reservas de 4.70 bilhões de toneladas de potássio, com previsão de retirada de 1,2 milhão de toneladas do produto por ano. O projeto poderia gerar arrecadação de R$ 100 milhões por ano de ICMS e royalties.