Em Belo Horizonte, na capital mineira, os preços de alguns cortes de carne subiram até 31% em um ano. Veja onde mais a carne virou artigo de luxo.
O preço da carne no Brasil tem registrado aumentos expressivos, transformando um item básico na dieta do brasileiro em um verdadeiro artigo de luxo. Em Belo Horizonte, os preços de alguns cortes de carne subiram até 31% em um ano, segundo dados recentes. Este fenômeno é reflexo de uma combinação de fatores que inclui menor oferta de animais para abate, condições climáticas adversas e aumento nas exportações.
A escalada dos preços da carne no Brasil
Dados do levantamento Variações de Preços: Brasil & Regiões, realizado pela Neogrid, apontam que o preço médio da carne bovina subiu 5,6% entre setembro e novembro de 2024, passando de R$ 33,38 para R$ 35,24. Outros produtos, como carne suína e ovos, também registraram aumentos de 5,3% e 7,7%, respectivamente, evidenciando uma pressão inflacionária sobre as proteínas consumidas pelos brasileiros.
No terceiro trimestre de 2024, foram abatidas 10,33 milhões de cabeças de gado, segundo o IBGE. Esse volume representava um ciclo de baixa, com maior disponibilidade de bovinos. Contudo, a situação mudou drasticamente, com o abate de fêmeas levando à redução no nascimento de bezerros e impactando diretamente a oferta de carne.
Cidades com maiores aumentos nos preços da carne:
Aumento dos preços dos principais cortes de carne em novembro de 2024:
Fatores que explicam o aumento
- Condições climáticas severas: A seca histórica e queimadas reduziram a disponibilidade de pastagens, obrigando pecuaristas a utilizarem o confinamento, uma prática mais cara.
- Crescimento das exportações: A alta demanda internacional limitou a oferta no mercado interno, pressionando os preços para cima.
- Ciclo pecuário: A diminuição de fêmeas reprodutoras afetou o ritmo de nascimentos, gerando menor disponibilidade de gado para abate.
Segundo Anna Fercher, especialista da Neogrid, “o aumento de custos é consequência de uma combinação de fatores climáticos, estruturais e mercadológicos que tornam o Brasil vulnerável, mesmo sendo um dos maiores exportadores de carne do mundo”.
Impactos para o consumidor
Para famílias de baixa e média renda, manter a carne como parte do cardápio se tornou um desafio, levando muitos consumidores a buscarem alternativas mais acessíveis, como ovos ou proteínas vegetais. Porém, os preços dessas alternativas também têm registrado aumentos significativos, pressionando ainda mais o orçamento doméstico.
Carne de Frango e Suína: Alternativas também impactadas
Embora consideradas opções mais econômicas em comparação à carne bovina, as carnes de frango e suína também não escaparam das altas. Conforme levantamento da Neogrid:
- Carne de Frango: Registrou um aumento médio de 4,8% no último trimestre, reflexo do aumento nos custos de produção, como ração e energia, além de uma demanda crescente no mercado interno.
- Carne Suína: Apresentou uma alta de 5,3%, passando de R$ 16,61 para R$ 17,49 por quilo. A elevação dos custos de insumos e a forte exportação para mercados como a China pressionaram os preços.
O aumento generalizado das proteínas no mercado nacional reforça o cenário de dificuldade enfrentado pelas famílias para equilibrar a dieta com fontes proteicas de qualidade. O consumidor brasileiro, que já sofre com os altos custos da carne bovina, encontra menos alternativas viáveis para substituir esse item essencial.
Ovo: A alternativa mais acessível também encareceu
Embora os ovos sejam frequentemente vistos como uma opção mais econômica para substituir a carne, eles também sofreram um aumento expressivo de preço em 2024. Segundo o levantamento da Neogrid, o preço médio da unidade subiu de R$ 0,77 em setembro para R$ 0,83 em novembro, uma alta de 7,7%.
Esse aumento é explicado, em parte, pelo custo crescente de insumos como milho e soja, principais componentes da ração das aves, além do impacto do clima na produção. Para as famílias que já sentem os efeitos da alta no preço da carne, o aumento nos ovos representa mais uma pressão no orçamento alimentar.
Café: Outro item tradicional pressionado pela inflação
O café, bebida símbolo da cultura brasileira, também tem enfrentado oscilações de preço significativas. Com as mudanças climáticas severas, como geadas e secas, a produção foi diretamente afetada, reduzindo a oferta e elevando os custos ao consumidor.
Em 2024, o preço médio do café em pó subiu cerca de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior, impactando desde pequenos produtores até grandes redes de supermercados. Esse cenário reflete um desafio para o setor e para os consumidores, que estão pagando mais por um item essencial no cotidiano brasileiro.
O café, como os ovos, demonstra que a alta nos preços não se limita às proteínas, mas afeta também outros produtos essenciais, reforçando as dificuldades para manter a alimentação equilibrada e tradicionalmente acessível no Brasil.
Perspectivas para o mercado de carnes
O cenário de alta nos preços das carnes deve se manter no horizonte, considerando que os desafios climáticos e a crescente demanda por exportações seguem pressionando a oferta interna. Especialistas do setor destacam que a carne bovina poderá continuar sendo um item de difícil acesso para muitos brasileiros no curto prazo, exigindo esforços conjuntos do governo e da cadeia produtiva. Medidas para equilibrar a oferta e a demanda são essenciais para garantir que alimentos básicos permaneçam acessíveis à população e para preservar a sustentabilidade do mercado interno diante do cenário global.
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