O biometano, produto da indústria sucroalcooleira, é alternativa para diversificação da matriz energética com menores impactos ao meio ambiente.
O ano de 2021 será crucial para a consolidação do potencial do setor de biogás no Brasil. A ampliação do debate sobre fontes de energia no país aponta para a necessidade de se pensar em alternativas que possibilitem a diversificação da matriz energética, menores impactos ao meio ambiente e a competitividade no mercado.
O Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás) explica que a geração de energia por meio do biogás acontece a partir da gestão de resíduos sólidos urbanos. “Essas ações transformam um passivo ambiental em um ativo energético, o que diminui os custos de energia e os impactos negativos ao meio ambiente.”
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No processo para a obtenção do biogás é criado o biometano, um tipo de combustível sustentável apontado como possibilidade para a transição energética no Brasil. “Esse é o caminho que está sendo trilhado em diversos países do mundo, com o direcionamento do biogás para a produção de um combustível com pegada negativa de carbono, que pode ser utilizado pelas indústrias e residências, além de contribuir para a descarbonização do setor de transportes”, afirma a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás).
Aplicação
O biogás e o biometano são fontes para a geração de energia elétrica, térmica e automotiva. De acordo com a Abiogás, “as tecnologias brasileiras possibilitam a aplicação não somente para geração de energia elétrica em grandes blocos, através de termelétricas (UTEs), mas também para a geração distribuída em pequena escala, sendo assim um apoio sistêmico ao conceito de eficiência energética.”
O CIBiogás destaca a aplicação no transporte, com a substituição de combustíveis fósseis como diesel, gasolina e gás natural veicular. “Com os grandes índices de poluição do ar devido a alta emissão dióxido de carbono liberado pelo excessivo tráfego de veículo movidos à combustíveis fósseis (derivados do petróleo) ,o biometano é uma solução viável capaz de minimizar este problema.”
Setor Sucroenergético
Neste processo de consolidação, o setor sucroenergético tem papel de destaque. Segundo a Abiogás, o país é um dos que lidera o mercado mundial do agronegócio, sendo a atividade da cana-de-açúcar um destaque. Esse panorama coloca o Brasil como o maior produtor de açúcar e etanol.
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Dados da Associação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen) mostram que no país há 634 usinas com 18,9 GW de capacidade instalada de cogeração de biomassas. Deste total, 62% são oriundos do bagaço da cana-de-açúcar.
A expectativa é que a integração entre os setores sucroenergético e de biogás propicie a conversão de resíduos como vinhaça, bagaço e palha em energia, sem nenhum tipo de interferência na produção e/ou área de plantio de cana.
Diante deste potencial, são esperados novos projetos para a indústria sucroalcooleira, o que também pode significar o incremento de tecnologias ao setor.
Desafios
De acordo com as entidades representativas do setor de biogás, dentre os principais desafios para a sua consolidação estão a utilização da capacidade produtiva, aproveitando o que é desperdiçado, e as questões de infraestrutura.
Durante webinar que discutiu o panorama do setor pós-pandemia da Covid-19, realizado no ano passado, o vice-presidente da Abiogás, Gabriel Kropsch, falou sobre estes desafios. “O Brasil não tem problema de oferta de matéria-prima para biogás. Atualmente, o país poderia produzir 220 milhões de metros cúbicos por dia, enquanto produz somente 500 mil metros cúbicos.”
Afirmando que “também não temos problemas de demanda, já que somos o quarto maior mercado de combustível do mundo”, o executivo analisou a situação da rede de distribuição. “Só 5% dos municípios brasileiros têm acesso ao gás canalizado, não tem como ter relevância sem a rede de distribuição.”