A brusone tem potencial para afetar 13,5 milhões de hectares e pode reduzir em 13% a produção mundial de trigo, apontou a Embrapa
As mudanças climáticas estão favorecendo o fungo causador da brusone, uma doença que causa impactos significativos na produção de trigo. A brusone tem o potencial de afetar 13,5 milhões de hectares e reduzir a produção mundial de trigo em 13%. Essas projeções são baseadas no estudo “Production Vulnerability to Wheat Blast Disease Under Climate Change” publicado na Nature Climate Change.
- O fungo causador da doença, que causa perdas significativas na produção, é favorecido pelas mudanças climáticas.
- Estudo científico publicado na revista Nature Climate Change analisa o risco de expansão da brusone em escala global.
- Estimativas indicam que a brusone pode se expandir globalmente, atingindo 13,5 milhões de hectares e reduzindo a produção de trigo em 13% até 2050.
- Originalmente típico de regiões tropicais e subtropicais, o fungo tem se desenvolvido também em regiões de clima frio e baixa umidade.
- O estudo sugere que a brusone pode se espalhar por todos os continentes, exceto a Antártida, devido às mudanças climáticas.
- Ao atacar folhas e espigas, o fungo da brusone pode comprometer até 100% da produção.
Considerada a doença de importância econômica mais recente identificada em trigo, a brusone é causada pelo fungo Pyricularia oryzae Triticum (Magnaporthe oryzae patótipo Triticum). Esse fungo ataca folhas e espigas de trigo, podendo comprometer até 100% do rendimento.
De acordo com José Maurício Fernandes, pesquisador da Embrapa Trigo (RS), o desenvolvimento do fungo é favorecido por altas temperaturas e umidade, características comuns em países com clima tropical e subtropical. No entanto, tem-se observado a incidência da doença também em climas frios e de baixa umidade.
Recentemente, lavouras de trigo ao norte de Bangladesh foram afetadas pela brusone, uma consequência do aumento das temperaturas mínimas. No Rio Grande do Sul, a safra de trigo de 2023 também registrou surtos de brusone devido às temperaturas elevadas.
O fungo da brusone já é conhecido por afetar o arroz desde 1600 na China. No trigo, foi identificado pela primeira vez no Brasil em 1985 e rapidamente se espalhou para outros estados brasileiros e países da América do Sul. A brusone também se espalhou para a Argentina e Uruguai, e foi registrada fora da América do Sul pela primeira vez em Bangladesh em 2016 e na Zâmbia em 2018.
Os pesquisadores utilizaram o modelo DSSAT Nwheat, desenvolvido na Universidade da Flórida, para simular os impactos futuros da brusone considerando cenários de mudanças climáticas. As projeções indicam que a brusone pode atingir todos os continentes, com exceção da Antártida. As áreas vulneráveis na América do Sul podem aumentar de 13% para 30%, e a doença pode afetar também os Estados Unidos, México, Europa, Ásia, África e Oceania.
Atualmente, a brusone ameaça 6,4 milhões de hectares de trigo no mundo. Com as mudanças climáticas, a doença poderia afetar 13,5 milhões de hectares até 2050, resultando em uma redução de 13% na produção mundial, equivalente a perdas de até 69 milhões de toneladas de trigo por ano.
Diversas iniciativas estão em andamento para conter a brusone, incluindo melhoramento genético de plantas, biotecnologia, controle químico e manejo agrícola. No entanto, ainda não houve sucesso total na erradicação da doença. A resiliência às mudanças climáticas exige preparações baseadas em projeções para orientar a tomada de decisões e minimizar as perdas, garantindo a segurança alimentar global.
A PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA
O artigo “Production Vulnerability to Wheat Blast Disease Under Climate Change” foi publicado na Nature Climate Change e organizado pelo CIMMYT. Reuniu pesquisadores do Brasil, Estados Unidos, México, Alemanha e Bangladesh.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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