Com escassez, milho brasileiro ganha destaque no mundo

Grandes países produtores de milho estão com dificuldades para ofertar milho ao mercado; plantio de milho da safra verão 2022/23 no Brasil atingia 74,2% da área

O melhor milho do mundo! – Dificuldades com oferta de milho nos EUA, União Europeia e Ucrânia atrai compradores para o Brasil, onde os embarques de outubro devem superar 6,2 milhões de toneladas e movimentando preços no mercado doméstico. O plantio de milho da safra verão 2022/23 no Brasil atingia 74,2% da área estimada de 4,196 milhões de hectares até sexta-feira (28), segundo levantamento de SAFRAS & Mercado.

No decorrer das últimas décadas, o milho alcançou o patamar de maior cultura agrícola do mundo, sendo a única a ter ultrapassado a marca de 1 bilhão de toneladas, abandonando antigos concorrentes, como o arroz e o trigo. Da safra 2000/01 para a de 2017/18, a produção mundial de milho passou de 591 milhões de toneladas para 1,076 bilhão de toneladas, com aumento de 82%, principalmente por causa do uso como ração animal para a produção de frangos e suínos.

O milho é a segunda maior cultura de importância na produção agrícola no Brasil, sendo superado apenas pela soja que lidera a produção de grãos no país. Para a safra 2015/2016, a produção esperada é de 80 milhões de toneladas. O Brasil já é o segundo maior exportador mundial de milho, superado apenas pelos Estados Unidos. O produto é reconhecido por sua boa qualidade e por garantir o abastecimento em vários países exatamente no período da entressafra dos EUA. Os principais países importadores do milho aqui produzido são o Vietnã, Irá, Coréia do Sul, Japão, Taiwan, Egito e Malásia.

Foto Divulgação.

Mercado do milho brasileiro

O mercado físico do milho encerra a semana na casa dos R$ 85,50/sc em Campinas/SP, motivado pelas boas vendas externas. Já os futuros de milho registraram movimentações tímidas e acumularam pequenas perdas no pregão de sexta-feira na B3, apoiados pelo recuo dos preços em Chicago e também pela desvalorização do dólar na bolsa brasileira. Variando -0,02%, o contrato CCMX22 (nov/22) encerrou o pregão regular de sexta-feira (28) cotado em R$ 86,40/sc.

Acompanhando a desvalorização dos futuros de trigo na CBOT e respondendo à demanda mais enfraquecida pelo produto norte-americano, os futuros de milho finalizaram o pregão regular de 6ª feira (28) no campo negativo. O vencimento dez/22 (CZ22) caiu 0,22% e encerrou a semana negociado em US$ 6,81/bu.

Foto: Divulgação

Sobre o milho brasileiro

Produção diversificada – Com o crescimento da produção agrícola brasileira, a partir de 1960 até o ano 2000, as regiões Sul, Sudeste e o estado de Goiás respondiam por aproximadamente 70% da oferta nacional do grão. Entretanto, a partir de 2001, a dinâmica da produção do cereal começou a tomar novos rumos, sendo que, na safra atual (2015/2016) o total da produção destes estados deve representar menos de 45% da colheita no país.

Os fatores responsáveis por esta mudança na cadeia produtiva do milho são diversos: expansão da agricultura para o cerrado; busca por novas tecnologias pelos produtores; desenvolvimento de sementes mais adaptadas às condições climáticas de cada região; aquisição de equipamentos de melhor rendimento e desempenho; e criação de técnicas redutoras de perdas físicas e de qualidade.

A expansão da soja para o Cerrado levou junto a cultura do milho, que, inicialmente, era utilizado somente como prática de rotação de cultura para incrementar a palha ao solo fraco do bioma e também para quebrar o ciclo de pragas e doenças. De acordo com relato de diversos produtores, as áreas que passavam pelo cultivo de milho nos três anos seguintes apresentavam ganho de produtividade de três a cinco sacas de soja, comparativamente às áreas que não realizavam esta prática.

Os produtores adotavam o plantio de milho em aproximadamente 20% das áreas, em cada ano, com o objetivo de melhorar a estruturação do solo e aumentar o rendimento das lavouras de soja. Esta técnica começou a ganhar importância em Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Entretanto, a partir de 2001, o plantio do milho segunda safra passou a ganhar destaque nas regiões produtoras de grãos do cerrado,  assim como no Paraná e em São Paulo.

De acordo com os números da Conab, principais estados produtores de milho são Mato Grosso, com previsão de 20 milhões de toneladas para a colheita 2015/2016, seguido do Paraná com 16,2 milhões de toneladas, Mato Grosso do Sul com 8,3 milhões de toneladas, Goiás com 7,7 milhões de toneladas, Minas Gerais com 7 milhões de toneladas e Rio Grande do Sul com 6 milhões de toneladas.

Políticas públicas e propostas voltadas para a cultura do milho são discutidas, mensalmente, pela Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas, da CNA. Segundo o presidente da Comissão, Almir Dalpasquale, o milho no Brasil se destaca pela qualidade e pelo equilíbrio voltado para o consumo interno e as exportações.


No seu entender, o país não pode se preocupar apenas com as vendas externas. É preciso incentivar também o consumo interno. O produtor deve olhar não só para o preço, mas também para as agroindústrias que mantêm o mercado interno e promovem o equilíbrio entre a produção e o consumo do produto. Temos uma demanda forte dentro e fora do país”, destacou.

Adaptado de Agrifatto

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