Com danos do clima sobre safra, preço do trigo sobe com força

A situação preocupa não apenas os agricultores, mas toda a cadeia de produção, elevando os custos e podendo impactar os preços dos alimentos à medida que a oferta de trigo diminui.

Os preços do trigo no Brasil têm experimentado um aumento significativo, gerando preocupações no setor de alimentação. Segundo especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), esse impulso nos preços é resultado das estimativas que destacam os severos impactos do clima desfavoráveis ​​sobre a qualidade e a produção da safra nacional.

Pesquisadores do Cepea alertam que, em muitos casos, a qualidade inferior do trigo pode inviabilizar o uso do cereal na produção de farinhas, afetando diretamente a indústria de alimentos. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a nova safra de trigo no Brasil está projetada para totalizar 9,63 milhões de toneladas, representando uma queda significativa de 7,9% em comparação com as projeções feitas em setembro e 8, 7% abaixo do recorde da temporada passada, que atingiu 10,55 milhões de toneladas.

Essa diminuição na produção ocorre mesmo com um aumento de 12,1% na área prevista ao trigo no Brasil em comparação com a temporada anterior, alcançando 3,46 milhões de hectares. A Conab atribuiu a menor produção à queda na produtividade, que está estimada em 2,78 toneladas por hectare, registrando uma redução de 7,9% em relação às projeções de outubro e uma queda substancial de 18,6% em comparação com os números de 2022 (3,42 t/ha).

A situação preocupa não apenas os agricultores, mas toda a cadeia de produção e abastecimento, elevando os custos de produção e podendo impactar os preços dos alimentos à medida que a oferta de trigo diminui. Autoridades e entidades do setor buscam soluções para lidar com os desafios climáticos e garantir a estabilidade no abastecimento de trigo no país.

Análise de impactos para o setor

Os impactos da crise no setor de trigo no Brasil reverberam em toda a cadeia produtiva, gerando preocupações e desafios importantes para diversos segmentos. Veja:

Indústria alimentícia

A qualidade inferior do trigo, que pode impossibilitar o seu uso na produção de farinhas, afeta diretamente a indústria alimentícia. Com a redução na qualidade, as empresas do setor podem enfrentar aumentos nos custos de produção e, consequentemente, repassar esses custos para os consumidores. Isso pode resultar em preços mais altos para uma variedade de produtos alimentícios, impactando a inflação no país.

Agricultores

Os agricultores são diretamente afetados pela diminuição na produtividade do trigo. A queda nas projeções de rendimento por hectare pode resultar em perdas financeiras significativas, diminuindo sua capacidade de investir em safras futuras. Além disso, a incerteza climática pode comprometer a estabilidade financeira dos produtores, destacando a importância de estratégias de mitigação de riscos.

Comércio exterior

O Brasil é um importante player no mercado global de commodities agrícolas, e a crise no setor de trigo pode ter impactos nas exportações. A redução na produção pode levar a uma diminuição nas quantidades disponíveis para exportação, afetando negociações comerciais e a balança comercial do país.

Setor logístico

Uma menor oferta de trigo pode gerar desafios logísticos, especialmente no transporte e armazenamento. As empresas do setor precisarão ajustar suas operações para lidar com volumes menores, impactando potencialmente prazos de entrega e eficiência logística.

Consumidores

Os consumidores podem sentir os efeitos dessa crise no bolso, à medida que os preços dos alimentos derivados do trigo aumentam. Itens como pães, massas e cereais podem ter seus preços elevados, impactando o orçamento doméstico das famílias.

Diante desses desafios, é crucial que autoridades, organizações do setor e produtores busquem soluções sustentáveis ​​para lidar com as adversidades climáticas, promovendo a segurança alimentar e a resiliência do país. O monitoramento contínuo das condições climáticas e a implementação de políticas que incentivam a adoção de práticas agrícolas podem ser passos importantes nesse processo.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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