Setembro, outubro e novembro devem ter chuvas dentro da média histórica brasileira.
A baixa umidade que continua a prevalecer nas principais regiões produtoras do país mantém lento o início do plantio de grãos nesta safra 2021/22. Mas as previsões meteorológicas indicam que a primavera, que vai começar pontualmente às 16h21 de amanhã, terá chuvas acima da média, o que tende a normalizar o ritmo dos trabalhos e evitar que grandes atrasos nas lavouras de soja prejudiquem posteriormente a safrinha de milho, como aconteceu no ciclo 2020/21.
“O retorno das chuvas depois do inverno, que é naturalmente seco, não vai demorar tanto quanto no ano passado. No fim desta semana já teremos chuvas mais frequentes, e no mais tardar na segunda semana de outubro teremos precipitações acima da média”, afirmou Celso Oliveira, agrometeorologista sênior da Climatempo.
Em geral, esse cenário será observado nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, além do norte do Paraná, onde é normal chover entre 600 e 700 milímetros ao longo da primavera.
Na terceira semana do mês que vem os volumes deverão aumentar ainda mais, inclusive no “Matopiba” (confluência entre os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Abaixo do norte paranaense, realçou Oliveira, a umidade do solo já é satisfatória para a semeadura.
Embora 2021 seja mais um ano de ocorrência de La Niña, que se caracteriza pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico e interfere no regime de chuvas na América do Sul, o fenômeno não define o clima sozinho.
Como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chamou alertou na semana passada, outro ponto de atenção é como ficarão as temperaturas nas águas do Atlântico – e, segundo Oliveira, o aquecimento no Atlântico Norte não está muito maior que no ano passado, quando o número de tempestades de furacões bateu recorde nos EUA e no Caribe. Esse fenômeno “puxou” chuvas da América do Sul para o Hemisfério Norte e deu origem à longa estiagem observada no Brasil.
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De qualquer forma, por enquanto, a umidade ainda é baixa nas regiões produtoras do país, onde o calor também está intenso.
Assim, informou a AgRural, o plantio de soja alcançou apenas 0,1% da área prevista para esta safra 2021/22 até quinta-feira passada, sobretudo por causa de avanços em Mato Grosso do Sul e no Paraná. “Mas é muito cedo para se falar em atraso, já que o plantio normalmente só engrena mesmo em outubro”, confirmou a consultoria, em nota.
“Com os mapas apontando tempo predominantemente seco e quente até a virada do mês em boa parte do Centro-Sul, a maioria dos produtores tende a aguardar melhora na previsão para acelerar o plantio, evitando assim ter de replantar em um ano marcado por aumento significativo nos custos de produção. Em Mato Grosso, só quem planta algodão na safrinha e quem recebeu melhores volumes de chuva já está em campo”, disse a AgRural.
No caso do plantio da safra de verão de milho, o percentual atingiu 22% da área projetada pela consultoria até quinta-feira. “As chuvas registradas nos três Estados do Sul, onde se concentram os trabalhos neste momento, favorecem a germinação e desenvolvimento inicial das lavouras e não chegam a prejudicar significativamente o ritmo da semeadura”, informou.
No horizonte traçado por Celso Oliveira, da Climatempo, depois de uma primavera mais chuvosa o país terá, a partir de 21 de dezembro, novamente um verão de precipitações irregulares – o normal para o Sudeste é volume entre 600 e 700 milímetros, enquanto o Centro-Oeste costuma receber mais de 800 milímetros. Ainda é difícil prever se essa irregularidade será marcada por cortes ou pancadas.
Lavouras perenes como café, cana e laranja – todas afetadas pela estiagem observada desde o ano passado e com quebras de safra nesta temporada 2021/22 – podem continuar sofrendo.
“Para os reservatórios, o cenário é difícil. Embora vá chover mais na primavera, a estação não é a mais chuvosa. Como hoje são péssimas as condições dos reservatórios, a tendência preocupa”, disse Oliveira.
Fonte: Valor Econômico