O descarte de matrizes avança e gera preocupação ao setor, mas o cenário tende a mudar no período de transição entre a safra e a entressafra; será?
No mercado físico, o boi gordo teve seu preço desvalorizado nas principais praças brasileiras acumulando quedas de até 2%. Em São Paulo não foi diferente, com o “boi comum” sendo comercializado na média de R$ 250,00/@ e o “boi China” R$ 260,00. Para o mercado futuro, o contrato com vencimento para mai/23 fechou cotado em R$ 250,85, queda de -0,26%.
No mercado externo, atenção voltada para os Estados Unidos que teve o sétimo caso de Vaca Louca Atípica registrado desde 2003. O animal era uma fêmea com cerca de 5 anos e que, segundo USDA, não entrou na cadeia de produção o que não apresentaria risco a cadeia pecuária do país.
Preço do boi continua enfraquecido pelo alto volume de animais ofertados
O mercado físico do boi gordo iniciou a semana com preços enfraquecidos. Segundo informações da consultoria Safras & Mercado, o volume de animais ofertados segue expressivo, fazendo com que a indústria frigorífica não encontre dificuldade na composição de suas escalas de abate.
O descarte de matrizes avança no ano corrente, consequência da curva de preços de reposição. O cenário tende a mudar no período de transição entre a safra e a entressafra, entre os meses de junho e julho.
Nesse período a oferta será menor, os frigoríficos não terão tamanha facilidade na composição de suas escalas de abate e haverá maior propensão a reajustes.
No entanto, vale ressaltar que não há espaço para altas explosivas em 2023, exceto no caso do surgimento de um fato novo, disse o analista Fernando Henrique Iglesias.
Veja as cotações da arroba nas principais praças:
- Dourados (MS): R$ 238
- Cuiabá: R$ 230
- Goiânia (GO): R$ 230
- Uberaba (MG): R$ 245
Abate de fêmeas acima da média e queda nas exportações preocupam, diz Sindifrigo-MT
A desvalorização do dólar, somada a queda nas exportações de carne bovina e o abate de fêmeas acima da média em 2023 tem preocupado o setor frigorífico de mato-grossense. O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), Paulo Bellincata, pontua que o atual momento é considerado delicado.
Dados de exportações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que podem ser encontrados na plataforma Dashboards no site do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), revelam que o estado embarcou no mês de abril 34,56 mil toneladas em equivalente de carcaça (TEC), volume 16,4% a menos que as 41,34 mil TEC embarcadas em março.
No primeiro quadrimestre de 2023 foram exportadas 166,51 mil TEC por Mato Grosso, contra 181,82 mil TEC no mesmo período em 2022.
“Se levarmos em conta que as maiores empresas contam com exportações como opção de mercado, fica fácil imaginar o quanto estão perdendo as empresas menores que trabalham basicamente com o mercado interno”, salienta Bellincanta.
Cenário no curto prazo é incerto
Na avaliação do presidente do Sindifrigo-MT é difícil vislumbrar um cenário mais ameno no curto prazo. Ele frisa que a preocupação é grande quanto a necessidade de medidas que garantam a manutenção das indústrias que estão em funcionamento.
“A manutenção do pagamento dos impostos, da folha de pagamento, dos pecuaristas, dos insumos e manutenção das fábricas tem sido um exercício árduo para os donos dos frigoríficos. Estamos cientes que nosso parceiro pecuarista vive também o drama de resultados negativos. Não se trata do preço do boi, porque se olharmos Brasil a fora encontraremos enormes diferenças em estados com custos semelhantes”, diz Bellincanta.
Com informações de Agrifatto e Safras & Mercado
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