Insumos e reposição continuam em alta, enquanto os preços da arroba continuam a se desvalorizar com pressão da indústria frigorífica, veja!
A pecuária de corte viveu seus momentos de glória em 2020 e início de 2021, mas parece ter encontrado uma “pedra” no meio do caminho. Segundo os dados avaliados, a alta dos custos na terminação acabaram inviabilizando essa intensificação e, conforme apresentado abaixo, os valores do prejuízo são grandes. Vamos detalhar melhor abaixo!
O que era para ser um segundo semestre bons preços, começou tímido e segue travado. Apensa em um cenário de grande otimismo, podemos ver os preços alcançando valores acima dos R$ 335,00/@, já que o mercado interno ainda segue patinando no consumo e, por conta desses fatores, a margem de lucro dos pecuaristas será apertada!
Vamos fazer contas? Pois bem, atualmente, os preços da reposição estão acima da média histórica, o que complica muito a margem de lucro do pecuarista da terminação, tendo em vista que este animal representa quase que 70% do total do custo desta operação.
Diante desses fatores, o pecuarista da terminação teria que realizar o investimento de R$ 4300,00/cab, preço médio para as principais praças pecuárias do Brasil, para animais de 12 arrobas da raça Nelore.
Depois de adquirido, esses animais teriam que passar por um sistema de confinamento, ou seja, a terminação intensiva para padronização de carcaça, rapidez na engorda e melhor rendimento de carcaça. Precisamos agora levantar o custo com essa fase do animal.
Para isso, nossa equipe fez um levantamento junto a alguns dos principais boiteis do país, e chegamos a um preço médio para a categoria de R$ 17,00 a diária para terminação dessa categoria. Além disso, segundo eles, esses animais possuem um tempo médio de cocho de 100 dias, o que acresce cerca de R$ 1700,00/cab para a engorda.
Diante desses custos, vamos olhar mais abaixo como tentar fechar essa conta neste momento de grande “tensão” no mercado da arroba. Já que o pecuarista apostou em preços mais altos para o segundo semestre!
Percebam que, até o momento, o pecuarista precisou desembolsar o valor de R$ 4.300,00 (Boi Magro) + R$ 1.700,00 (Diária) = R$ 6.000,00. Esse valor total é o que se investe para produzir um boi gordo hoje na média brasileira. Fora esses custos, que são os mais pesados, precisamos ainda lembrar que existe o custo sanitário desses animais e, por algum motivo, alguma perda por morte que pode ocorrer no lote.
Comprar um boi magro por R$ 4300,00 tem se tornado impraticável a pecuária de corte no país!
Segundo os dados acima, após a terminação desse animal, o pecuarista precisa negociar ele no mercado e, é justamente agora que a conta fica vermelha de vez. O mercado físico do boi gordo apresentou uma média ao longo dos últimos meses de R$ 315,00/@, considerando a praça paulista.
Se o pecuarista acima vender o seu boi, agora pronto para abate, com cerca de 18@, ou seja, após ganhar 6@ no confinamento, ele iria ter uma receita de R$ 315,00 x 18@ = R$ 5.670,00/cab para um pagamento à vista.
A conta não vai fechar no positivo
Observem que, infelizmente o prejuízo é certo, e estamos aqui fazendo uma conta de forma “grosseira” por assim dizer. Com uma receita de R$ 5.670,00/cab para o pagamento de uma despesa total de R$ 6.000,00, o produtor está tomando um prejuízo de R$ 330,00/cab. Se ele tiver um lote de 100 cabeças, o seu prejuízo chega a casa dos R$ 33.000,00 nesta operação, considerando os atuais valores!
Sendo assim, os valores praticados da arroba para poder igualar essa conta deveriam estar superior aqueles vistos atualmente no mercado futuro, já que os ajustes dos contratos ficaram em R$311,65(-2,14%semana) para agosto, setembro R$311,60, outubro R$313,65(-2,71%semana), novembro R$320,10, dezembro com R$318,05 e janeiro/22 em R$326,00.
O mercado futuro que vinha se mantendo firme nas últimas 6 semanas, sentiu a retração do mercado físico com mais força que o próprio e fechou em forte queda, somente os contratos de novembro em diante que ficaram acima do físico.
Algumas considerações importantes
As informações acima não são válidas para 100% das propriedades pelo Brasil. Existe uma oscilação entre os preços do boi magro, da forma de aquisição destes animais e as bonificações por qualidade dos animais que são entregues a indústria, como os animais que atendem o padrão exportação.
Todas as simulações acima foram feitas levando em conta o valor médio praticado pelo país. Ainda assim, cabe salientar que a pecuária segue se profissionalizando e a utilização de planejamento estratégico é algo de suma importância para evitar surpresas. Lembramos que o mercado futuro já chegou a bater na casa dos R$ 350,00/@, onde muitos pecuaristas já travaram as suas vendas futuros e garantiram a sua margem de lucro.
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Alento aos pecuaristas é a esperança do futuro
Se por agora os frigoríficos viajam em “céu de brigadeiro”, não podemos dizer o mesmo do cenário adiante, turbulências estão no radar e podem ocorrer no médio prazo.
O câmbio acima de R$5,00 até o final do ano já é praticamente unanimidade entre os analistas, as exportações mantendo o ritmo para cumprir com os contratos, o aumento natural do consumo interno nas festas de final de ano, juntamente com a redução de ofertas de bois prontos para abate no segundo giro dos confinamentos, deve manter os preços no mínimo firmes.