País está perdendo terreno no comércio mundial da proteína vermelha, caminho inverso ao trilhado pelo Brasil; Exportação de carne da Austrália despencaram!
Para a satisfação dos exportadores brasileiros de carne bovina, a Austrália está mesmo perdendo terreno no comércio mundial da proteína – em 2020, o país da Oceania ocupou a segunda posição no ranking dos maiores fornecedores mundiais da commodity, atrás do Brasil e à frente dos EUA.
Embora a Austrália responda por apenas 4% da produção global de carne bovina, o país é um dos maiores exportadores do mundo, com os principais mercados na China, Japão e Coreia do Sul. Os volumes de exportação caíram 15% no ano passado, pois os preços recordes afetaram a demanda.
O caminho trilhado é inverso ao do Brasil no mercado de proteína vermelha. Segundo reportagem publicada pelo portal Beef Central, as exportações australianas de carne bovina sofreram queda de 28% em fevereiro último, para 66.818 toneladas, na comparação com igual período do ano anterior.
Com a alta do dólar australiano, o produto do país começa a ficar fora do alcance de muitos importadores. Os preços superaram até os dos EUA, que tradicionalmente vendem a carne bovina mais cara do mundo. A agência Abares do governo australiano prevê que EUA e Brasil vão aumentar as exportações entre 2022 e 2023 para mercados de alto valor, principalmente a China.
Preço da arroba do boi pelo mundo
Segundo os dados divulgados pela Agrobrazil, as informações são de que a Austrália continua liderando o ranking de preços da arroba do boi gordo pelo mundo. A tabela abaixo apresenta os valores no fechamento da última sexta-feira, 05, para os principais países exportadores de carne bovina do mundo.
A reconstrução do rebanho após dois anos de seca empurrou o plantel bovino da Austrália para o menor patamar em 30 anos, o que explica, em boa parte, o declínio nos embarques deste ano.
Além disso, relata a matéria da Beef Central, “falta competitividade para a carne bovina australiana nos mercados internacionais” – a carne brasileira segue caminho aposto, já que a valorização do dólar frente do real tornou os preços de seus cortes altamente competitivos no mercado externo.
A evidência da falta de competitividade do produto australiano está no comportamento atual de seu mercado doméstico, que está sendo “inundado” com grandes volumes de carne que normalmente teriam como destino o mercado externo.
Nos primeiros dois meses deste ano, as exportações de carne bovina da Austrália atingiram 116.421 t, uma forte queda de 56.000 toneladas ou 32% em comparação com o resultado obtido no mesmo período do ano passado. O desempenho nos últimos dois meses ficou abaixo do resultado de 2013, quando foi registrado o pior momento para os embarques australianos (considerando o período janeiro/fevereiro), com remessas totais de 135.680 toneladas nos dois primeiros meses daquele ano.
Queda generalizada
Praticamente todos os mercados de exportação da Austrália estão sendo afetados este ano, mas alguns piores do que outros, segundo mostra a reportagem da Beef Central. O comércio para os Estados Unidos está começando particularmente lento em 2021.
O volume em fevereiro atingiu apenas 9.780 toneladas, baixa de 9.700 toneladas ou 50% em relação ao desempenho de fevereiro do ano passado. No acumulado do ano, as vendas aos EUA atingiram 16.841 toneladas, queda de 52% com relação ao volume verificado nos dois primeiros meses de 2020.
Em contraste com 2011 – outro ano de baixa para as importações de carne bovina australiana pelos EUA –, o gigante da América do Norte agora tem acesso às importações de carne bovina da Argentina e do Brasil, apontou a reportagem.
A China também é outro país que foca hoje as suas compras de carne bovina nos mercados fornecedores da América do Sul, consumindo apenas 11.676 toneladas de carne bovina australiana em fevereiro – um declínio de 45% em comparação com fevereiro de 2021.
Menor rebanho afeta oferta global de carne bovina australiana
A carne bovina australiana pode desaparecer dos cardápios ao redor do mundo se criadores de gado do país não puderem acelerar o ritmo de reposição do rebanho.
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Com o tamanho do rebanho perto do menor nível desde o início da década 1990, produtores de carne bovina do país enfrentam a possibilidade de perder o posto de segundo maior exportador depois do Brasil simplesmente pela falta de estoque para atender o mercado global com o aumento da demanda pós-Covid-19.
Os riscos crescem porque alguns pecuaristas continuam enviando fêmeas para abate, em vez de mantê-las para expandir o rebanho. Dados oficiais mais recentes mostram a proporção de fêmeas processadas em relação ao abate total – um indicador para saber se um rebanho está em fase de reposição – em 48,2%, insuficiente para se qualificar como reposição técnica, classificada em 47% e abaixo desse nível.