Colheita do algodão está em fase inicial na Bahia; A próxima safra deverá ter uma redução na área plantada
O estado baiano deu início nos últimos dias aos trabalhos no campo para colher a segunda maior produção de algodão do país. A colheita da pluma ainda está abaixo de 10% e o estado espera uma produtividade acima de 300 arrobas por hectare, o resultado vem um pouco abaixo do registrado da melhor safra em 2018/19 que foi de 330 arrobas mas ainda representa o dobro do nosso principal concorrente, os Estados Unidos.
Se por um lado, a expectativa da safra é de ótima produção, boa produtividade e excelente qualidade da pluma, no quesito comercialização a história é bem diferente. “Infelizmente, nós estamos vivendo um momento mundialmente difícil e não poderia ser diferente para a cultura do algodão, principalmente, porque o consumo de roupas caiu muito durante a pandemia”, declara Júlio Busato, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). A queda global do consumo gira em torno de 30%.
O mercado ficou praticamente parado com a interrupção das atividades na indústria têxtil e, consequentemente, os preços também desabaram. Faltou demanda e sobrou oferta. “Vamos passar por um momento de dificuldade de caixa mas, felizmente, o algodão é um produto que pode ser armazenado então é nisso que os produtores estão trabalhando, vamos torcer para que o consumo se aqueça logo, assim como os preços para remunerar o produtor”, torce Busato.
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Em função do atual cenário gerado pela pandemia, a Bahia calcula uma redução na área plantada em torno de 20% para a próxima safra. “Isso é ruim para a economia local porque o algodão é importante economicamente. Ele gera um faturamento três vezes maior que a soja e emprega cinco vezes mais do que a oleaginosa. Em função dessa baixa demanda, vamos reduzir a produção, mas isso é momentâneo, logo a gente atravessa isso e volta a crescer”, enfatiza.
Além da expectativa de que tempos melhores logo virão, a associação também destaca o aproveitamento do produto. Atualmente, 100% do caroço do algodão da Bahia – um total de 900 mil toneladas por safra -, têm como destino a ração animal de dentro do próprio estado ou é destinado para outros estados do nordeste. “Esse produto serve principalmente para ração do gado de leite por ter uma excelente qualidade nutritiva”, destaca.
Na última semana, as cotações do algodão em pluma no mercado futuro em Nova Iorque mostraram pouca variação. Segundo o último relatório da Souza Lima, corretora associada à BBM,a piora nas condições das lavouras nos Estados Unidos deu suporte aos preços no mercado futuro e o setor agora aguarda por novidades mais consistentes para buscar um direcionamento mais claro.
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Nesta terça-feira (30), o indicador da Bolsa Brasileira de Mercadorias aponta para o valor de R$2,70 por libra peso no preço do algodão (Posto São Paulo). A alta do dólar – 35% no ano – limita parte das perdas do mercado interno. O relatório da corretora Souza Lima ainda cita que as fábricas sinalizam retomada gradativa.