Novo método de colheita fracionada de sêmen para melhoria da fertilidade em garanhão com vesiculite seminal.
A vesiculite seminal em garanhões é caracterizada pela presença de bactérias e neutrófilos na última fração do ejaculado, comprometendo diretamente a viabilidade espermática pela liberação de espécies reativas de oxigênio e promovendo diferentes graus de endometrite pós-cobertura nas fêmeas pela monta natural, quando utilizados animais sem um diagnóstico prévio adequado, causando prejuízos econômicos à indústria equina. Desta forma, a colheita de sêmen fracionada, além de ser um método diagnóstico para essa patologia, pode ser utilizada para separar a fração rica em espermatozoides, não contaminada, para posterior inseminação. O objetivo desse trabalho foi comparar a fertilidade do ejaculado de garanhão com vesiculite seminal na monta natural, com o de inseminações utilizando a fração A (FA) do sêmen colhido do mesmo animal na realização do teste de fertilidade
Métodos utilizados na pesquisa
No grupo 1 (G1), seis éguas foram controladas por ultrassonografia durante o ciclo estral, e ao constatar a presença de um folículo de 35mm e edema uterino grau 3, a ovulação foi induzida e, após 24h, a monta natural controlada foi realizada. Após ser diagnosticado com vesiculite seminal pela ultrassonografia das glândulas sexuais acessórias, pela presença de neutrófilos e cultivo microbiológico positivo da última fração do ejaculado, colhido fracionado do garanhão utilizado no G1, foram utilizados sete ejaculados para o Grupo 2 (G2), colhidos no setor de Reprodução Animal e Obstetrícia Veterinária da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Unesp – Botucatu – SP, através de uma vagina artificial com dimensões modificadas e uma mucosa descartável, denominada “Sperm Clean” Fig. 1. As frações do ejaculado foram separadas por pinças em: Fração A correspondente ao 1º e 2° jatos e rica em espermatozoides, Fração B composto pelo 3º e 4° jatos e com menor número de células espermáticas e Fração C correspondente ao 5° e demais jatos e que apresenta contaminação purulenta pelo local da infecção Fig. 2. Em seguida, apenas a FA foi utilizada, na qual foram mensurados: volume (mL), concentração espermática (x 106sptz/mL) e cinética espermática (MT, MP e RAP) através do sistema CASA.
Foram realizados cultivos microbiológicos nessa fração do ejaculado e não foram isoladas bactérias patogênicas, com isso, as inseminações foram realizadas com uma dose inseminante de 1 x 109 sptz móveis diluída em BotuSpecial no volume máximo de 20mL. No G2, foram utilizadas sete éguas sem histórico de endometrite e que na presença de um folículo de 35mm e edema 3, a ovulação foi induzida com 1mg de Deslorelina e inseminada 24h depois, com a FA do sêmen a fresco. O diagnóstico de gestação ocorreu 12 dias após as ovulações por ultrassonografia transretal. A análise estatística foi realizada pelo teste de normalidade KolmogorovSmirnov, Tukey e Kruskal-Wallis, com um nível de significância de 5%.
Resultados obtidos
A FA dos ejaculados utilizados no teste de fertilidade apresentaram os resultados de cinética espermática: MT (89,1±1,1), MP (35,7±2,0) e RAP (81,5±2,4). Os valores de fertilidade através da monta natural controlada com garanhão apresentando vesiculite foi 0% (0/6) a e das inseminações com a FA do ejaculado obtido pela colheita de sêmen fracionada com mucosa “sperm clean” foi de 71% (5/7) b, com p-valor 0,0034 (tabela 1). Nenhuma das éguas inseminadas com FA apresentou líquido no útero 24h após as inseminações.
Conclusão do projeto
Portanto, a colheita de sêmen fracionada, utilizando a mucosa “sperm clean”, permitiu a utilização do sêmen de garanhões com vesiculite seminal, cuja fertilidade estava comprometida. Desta forma, esta técnica, permite o retorno da fertilidade de animais antes impossibilitados de se utilizar na reprodução, sem comprometer a saúde uterina das éguas.
Entretanto, faz-se necessário a realização de outros estudos para comprovar e melhor aperfeiçoar o método, a fim de se obter toda a segurança necessária, por se tratar de um processo patológico e comprometer a vida reprodutiva das éguas.
Sidnei Nunes de Oliveira
Médico Veterinário
Especialista em Fisiopatologia da Reprodução Animal e Obstetrícia Veterinária
Mestre em Biotecnologia Animal
Dep. Reprodução Animal e Radiologia Veterinária, FMVZ-Unesp-Botucatu-SP
Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária, FMVZ, UNESP, Botucatu.
Rachaduras no casco, procedimento salva cavalo
Referência
SIDNEI NUNES DE OLIVEIRA; LUIZ ROBERTO PENA DE ANDRADE JUNIOR; LUIS FERNANDO MERCÊS CHAVES SILVA; ENDRIGO ADONIS BRAGA DE ARAUJO;
FELIPE MORALES DALANEZI; PATRICIA M PAPA; CAMILA DE PAULA FREITAS-DELL’AQUA; RAFAELLA MIKI HAYASHI; FELIPE P HARTWIG; MARCIO TEODO DO
CARMO; JOSÉ ANTONIO DELL’AQUA JR; MARCO ANTONIO ALVARENGA; FREDERICO OZANAM PAPA