A CNA participou, na quinta (17), de um seminário para discutir o aprimoramento da política nacional de recursos hídricos e gestão de água no País, promovido pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na quinta (17), de um seminário para discutir o aprimoramento da política nacional de recursos hídricos e gestão de água no País, promovido pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos. O evento, realizado de forma virtual, teve como objetivo discutir sugestões para o Projeto de Lei nº 4546/2021, que cria a Política Nacional de Infraestrutura Hídrica e altera a Lei das Águas.
A assessora técnica da Comissão Nacional de Irrigação da CNA, Jordana Girardello, aponta que o PL, sendo propositura do executivo e elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, poderia ter sido melhor discutido com os setores e até mesmo com o próprio Conselho Nacional de Recursos Hídricos para trazer mais segurança jurídica aos usuários e o sistema como um todo. Segundo ela, não está claro o que se pretende com a política de infraestrutura hídrica que demanda uma estrutura grande e robusta.
“Não vimos apontamentos claros do que se pretende quanto a organização da exploração e nem sua interface com os instrumentos já existentes da política nacional de recursos hídricos”, afirmou.
De acordo com Jordana, o que foi apresentado no PL como sugestões de aprimoramento da Lei n° 9433/1997, provoca uma ruptura na governança dos recursos hídricos e na gestão participativa prevista pelas atribuições do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), sem compreender acordos, arranjos e realidades locais.
Outro ponto que preocupa o setor agropecuário é a previsão de suspensão de outorga para quem não fizer o pagamento pelo uso da água.
“Nas atividades do setor rural, o produtor nem sempre consegue ter balanço positivo toda safra/ano, fato esse comprovado pelos inúmeros casos de renegociação de dívidas do setor e da constante necessidade do seguro rural. Com a suspensão da outorga, ele fica incapaz de produzir e, consequentemente, de honrar com seus compromissos produtivos e financeiros para a safra subsequente, tornado o produtor impotente, imobilizado e fora da atividade”, disse.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
A assessora técnica da Comissão Nacional de Irrigação da CNA alertou, ainda, para a cessão onerosa, prática utilizada por governos em todo o mundo para captar recursos através da exploração de seus recursos minerais e naturais.
Nesse sentido, a cessão onerosa sem diretrizes claras e includentes favorecerá a defesa de que o recurso seja administrado pela lógica de mercado, com participação de detentores de grandes capitais e fundos de investimentos.
“Isso exclui os pequenos usuários, afetando de forma brutal a maior parte dos produtores rurais brasileiros que são de pequeno e médio porte, ficando nas mãos dos detentores da cessão onerosa”, declarou.
Na opinião dela, a segurança hídrica deve ser pensada de forma macro e não apenas com obras de infraestrutura e regulação de serviços que não vão trazer segurança alimentar, energética e de abastecimento necessários e vitais para o desenvolvimento do País.
Conforme Jordana, a Confederação vai enviar as contribuições e aprimoramentos no intuito de trazer segurança ao setor, respeitando os conceitos e diretrizes da política nacional de recursos hídricos como uma política descentralizada e participativa.
Fonte: CNA