CNA debate novas regras de qualidade do leite brasileiro

Durante a reunião, especialistas convidados pelo setor produtivo apresentaram ao Mapa alguns pontos específicos das normas que seriam impraticáveis.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou na quinta (9) da reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados, do Ministério da Agricultura, para discutir as novas regras da qualidade do leite produzido no país.

As Instruções Normativas (IN) 76 e 77/2018, que preveem as novas diretrizes, começam a valer a partir do dia 30 de maio. Para o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Thiago Rodrigues, as mudanças previstas implicarão em maior comprometimento da cadeia produtiva em busca de uma melhoria contínua na qualidade do leite.

Durante a reunião, especialistas convidados pelo setor produtivo apresentaram ao Mapa alguns pontos específicos das normas que seriam impraticáveis. O primeiro diz respeito à obrigação dos laticínios em manter o leite em suas dependências a uma temperatura constante de no máximo 4°C.

Segundo o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Marcelo Bonnet, essa mudança exigiria um regime intenso de ajustes por parte das indústrias, além de contar com vários desafios de logística de coleta de leite, fornecimento de energia e avanços na obtenção de propriedades de leite com maior qualidade.

“Existem aspectos de qualidade do leite mais importantes e urgentes a serem enfrentados no país. De nada adiantaria refrigerar o leite obtido em más condições higiênico-sanitárias a 4ºC, sendo que leite obtido em boas condições poderia ser conservado adequadamente a uma temperatura limite de 7°C”.

Outro ponto da discussão foi o artigo 8º da IN 76 que exige que o leite armazenado nos silos das indústrias apresente limite máximo para Contagem Padrão em Placas (CPP) de até 900.000 UFC/ml (unidades formadoras de colônia por mililitro) antes do seu processamento.

A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mônica Maria Cerqueira, apresentou uma pesquisa realizada com onze indústrias de laticínios, onde a CPP do leite foi analisada. “A média geométrica dessa contagem do leite de 91% dos silos das indústrias analisadas é elevada e superior aos 900 mil UFC/ml exigidos pela nova normativa”.

A professora sugeriu que seja feito um monitoramento nos laboratórios da Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade de Leite (RBQL) da CPP do leite dos silos de 100% das indústrias do país sob a coordenação do Mapa, por um período de dois anos, para que se normatize um número padrão para essa contagem.

Ao término da reunião, o presidente da Câmara Setorial e da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim, alertou o ministério sobre os desafios impostos aos produtores de leite do país. “Não é apenas regulamentando que se melhora a qualidade de leite no Brasil. O desafio é levar assistência técnica aos produtores. Assim, teremos avanços”.

Como resultado da reunião, o Mapa analisará os documentos elaborados pelos especialistas e definirá até o final do mês se as mudanças propostas pelas Instruções Normativas 76 e 77 realmente serão implantadas.

Fonte: CNA

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM