Agronegócio irlandês é atacado pela loucura do ativismo climático; o plano do governo é de reduzir as emissões agrícolas em 25% até 2030; Elon Musk emite sua opinião
Os protestos de agricultores contra políticas de ambientalistas continuam crescendo na Europa. Depois de Holanda, Itália, Polônia, Alemanha e Espanha, agora é a vez dos produtores rurais da Irlanda protestarem contra medidas impostas pelo governo. De acordo com uma matéria publicada nesta semana no jornal britânico The Guardian, os pecuaristas do país dizem que é impossível cumprir a meta imposta pelo governo de reduzir as emissões de metano em 25% até 2030.
Segundo pecuaristas, para cumprir o compromisso, seria necessário começar a “abater os animais”, o que além de irracional, traria prejuízos sem precedentes. Nos últimos anos, ao invés de reduzir emissões, a Irlanda continuou a aumentá-las. Dados do governo revelam que as 135 mil fazendas da Irlanda produzem 37,5% das emissões nacionais, a maior proporção na União Europeia. “Estamos extremamente frustrados”, disse Pat McCormack, chefe da Associação Irlandesa de Fornecedores de Leite.
“É muito difícil quantificar, mas haverá aumento de custos e redução de produção. Cortar as emissões em um quarto levará muitas fazendas à falência e pode forçar o abate de centenas de milhares de vacas“, diz McCormack. Agricultores e seus aliados acusaram o governo irlandês de coalizão. De acordo com os fazendeiros, o governo está usando a agricultura como bode expiatório da crise climática. Assim, não há opção não ser abater os rebanhos. Até agora não houve protestos no estilo holandês.
Em artigo recente, publicado pelo jornalista Kevin Killough do Cowboy State Daily, a Irlanda pretende matar cerca de 200.000 vacas para combater a mudança climática, enquanto isso, ativistas climáticos têm fazendas e ranchos norte-americanos na mira.
Ainda segundo o jornalista agora o governo Biden tem como alvo a pecuária norte-americana. O enviado especial do presidente para o clima, John Kerry, alertou recentemente em uma cúpula do clima para o Departamento de Agricultura dos EUA que a necessidade da raça humana de produzir alimentos para sobreviver cria 33% do total de gases de efeito estufa do mundo.
Kacy Atkinson, uma defensora do setor que cria gado no condado de Albany, disse ao jornal que esta conversa sobre as emissões da indústria não está considerando os impactos benéficos do gado para o meio ambiente e o clima.
Na atmosfera, o metano que eles expelem – a maior parte é liberada pela boca do animal – se decompõe em 10 a 15 anos em dióxido de carbono e água. As plantas que o gado ajuda a cultivar usam esse dióxido de carbono. O carbono então é colocado de volta no solo através das raízes das gramíneas.
“Portanto, o gado é essencial para ajudar a manter o carbono preso no solo”, disse Atkinson.
Atkinson disse que o gado tem outros benefícios para o clima que estão sendo ignorados no foco apenas em suas emissões. Sempre que o solo racha ou fissura, ele libera carbono no ar.
Brett Moline, porta-voz do Wyoming Farm Bureau, disse também ao jornal que os regulamentos que provavelmente viriam de ideias como a de Kerry só tornariam a agricultura e a pecuária mais caras.
Em última análise, esses custos seriam repassadas para o consumidor, em resumo a população irá sofrer com altos custos dos alimentos.
“Isso vai encarecer os alimentos, e ainda temos uma grande parte da população com insegurança alimentar”, disse Moline.
Claro, as pessoas não vão parar de comer. Se as fazendas na América do Norte e na Europa fecharem, a produção de alimentos será transferida para países com regulamentações ambientais negligentes. O resultado final, disse Moline, é uma pecuária menos ecológica que produz o suprimento mundial de alimentos.
No que diz respeito aos impactos climáticos, Moline disse que eles estão ficando fora de proporção, onde tudo é atribuído às mudanças climáticas, como a seca nos últimos dois anos.
Elon Musk opinou no Twitter sobre o assunto
Elon Musk opinou no fim de semana sobre relatos de uma proposta do governo da Irlanda para abater cerca de 200.000 vacas para atender às metas de mudança climática da União Europeia. “Isso realmente precisa parar. Matar algumas vacas não importa para a mudança climática”, tuitou Musk no sábado, respondendo à autora Ashley St. Clair.
Em um artigo de opinião, Jamie Blackett, do jornal The Telegraph, alertou: “Parece cada vez mais claro que há uma agenda ecomodernista para eliminar completamente a carne convencional. Não é apenas a máfia do Extinction Rebellion; muitos dos políticos do mundo estão a bordo.”
Pessimismo dos produtores irlandeses
Os agricultores esperam que as mudanças propostas no cálculo das emissões de metano, junto a novas tecnologias e outras medidas possam evitar a necessidade de reduzir os rebanhos. John Sweeney, especialista em clima da Universidade Maynooth, contudo, é cético. “Vários métodos testados e não testados foram avançados para sugerir a conformidade com o teto de 25% de emissões.” Eles eram insuficientes, disse ele. “Somente uma redução nos números pode atingir as metas no curto prazo.”
Sweeney estima que a Irlanda precisará reduzir seu número de gado em 1 milhão até 2030. “O uso de palavras emotivas como ‘abate’ é inútil e inflama um processo que pode ser gerenciado de maneira mais gradual”, disse ele. Por fim, ainda não está claro como a Irlanda conseguirá esses cortes. O país tem um histórico de estabelecer metas ousadas e supostamente obrigatórias.
Radicalismo ambiental
O empreendedor Leandro Ruschel, publicou sua opinião sobre o assunto. “Pouca gente está consciente do nível de radicalismo ambiental que está sendo imposto pela União Europeia. Depois que a Holanda declarou guerra aos seus agricultores, chegou a vez da Irlanda adotar medidas semelhantes”. – disse ele em texto publicado no Twitter. Confira outros destaques do texto do empreendedor:
Há um esforço coordenado para deixar a carne mais cara, desencorajando o seu consumo, que seria substituído por alternativas, como insetos.
TODA a agenda extremista ambiental é profundamente anti-humana, e já impacta a vida de milhões de pessoas. Aparentemente, o carbono que os globalistas querem eliminar somos nós.
Depois de um ataque frontal contra a produção de energia, há uma ofensiva contra a a agricultura em geral. No Brasil, Marina Silva já deixou claro que pretende acelerar a “descarbonização” do campo.
Não é preciso ser muito inteligente para perceber que todo esse movimento jogará milhões de pessoas na pobreza e aumentará a fome. Maior custo de energia e de alimento significa que menos pessoas terão acesso a bens e comida.
Mesmo que a ameaça das mudanças climáticas seja tão séria quanto seus teóricos defendem, a solução passa por produzir o empobrecimento e a potencial morte de milhões de pessoas? Especialmente as mais pobres?
O mais impressionante é que esse debate não está acontecendo, e decisões como essa do governo irlandês estão sendo tomadas sem que o público nem mesmo saiba. A informação só foi revelada após uma ONG irlandesa entrar na justiça para obtê-la.
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