Clima desfavorável provoca danos ao patrimônio na produção de soja em MT

A escassez de chuvas, a seca e vendavais causam prejuízos aos produtores de soja

O impacto do fenômeno climático El Niño continua a causar sérios problemas no setor agrícola de Mato Grosso, gerando preocupações significativas entre os agricultores locais. Além dos desafios relacionados à redução da produtividade e à necessidade de replantio devido ao estresse hídrico e à seca, agora há uma nova fonte de apreensão: as intensas chuvas acompanhadas de vendavais. Na semana passada, um barracão foi completamente destruído pelos ventos fortes, resultando em prejuízos estimados em quase R$ 2 milhões para o produtor.

Os impactos negativos e as complicações decorrentes das condições climáticas adversas no início da safra 2023/24 em Mato Grosso são abordados no episódio 116 do programa Patrulheiro Agro.

Na região de Ipiranga do Norte, localizada no médio-norte do estado, o agricultor Valcir Batista Gheno teve que iniciar a colheita da soja aproximadamente 30 dias antes do previsto. As expectativas iniciais indicavam uma colheita de mais de 70 sacas por hectare na área plantada. No entanto, devido às condições climáticas adversas, os primeiros resultados da colheita revelaram uma produção de apenas 30 sacas por hectare.

Demos início à colheita antecipada da soja devido a alterações no ciclo deste cultivar, originalmente programada para ocorrer entre os dias 20 e 22 de dezembro. Infelizmente, devido a um período de estiagem durante o enchimento dos grãos, o ciclo da cultura foi antecipado. O resultado é a presença de grãos não completamente desenvolvidos, pequenos e leves, resultando em uma redução no peso e, consequentemente, na produtividade.

Em Ipiranga do Norte, a área total semeados com soja atingiu aproximadamente 240 mil hectares, conforme informações fornecidas pelo Sindicato Rural.

“A incidência desse fenômeno está sendo extremamente prejudicial. No mês de novembro, registramos aproximadamente 130 milímetros de chuva, enquanto a média histórica para esse período seria de 300 milímetros. Embora as chuvas ocorram regularmente em nosso município, a quantidade tem sido insuficiente. Portanto, é crucial que chova agora para garantir o desenvolvimento adequado dos grãos. Antecipamos uma quebra significativa na safra do município”, alerta Karine Inês Berna de Souza, presidente do Sindicato Rural de Ipiranga do Norte.

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Foto: Pedro Silvestre

A redução na produção de soja pode atingir até 40%

A escassez de chuva está causando prejuízos significativos aos agricultores em São José do Rio Claro, outro município na região. Em algumas propriedades locais, foi necessário realizar o replantio da lavoura de soja duas vezes, com a possibilidade de perdas chegando a até 40% na safra.

Jetterson Treitinger, um agricultor da região, relata que, desde setembro, o acumulado de chuva em sua propriedade é de apenas 204 milímetros. A seca intensa e as altas temperaturas, atingindo até 70 a 80 graus na superfície do solo, foram fatores determinantes. Ele destaca que a soja, principalmente nas bordas dos campos, não resistiu, chegando a “cozinhar” durante a germinação. Jetterson estima uma perda de aproximadamente 40% dos 913 hectares cultivados de soja nesta safra devido à estiagem que persiste há mais de 25 dias. Além disso, ele revela que não conseguiu comercializar a produção conforme o esperado.

“A perda já está declarada. Aqui é um replante que perdeu pela segunda vez. A estimativa da nossa área é problemática. Trinta por cento já foi, e o que sobrou depende do que vai acontecer daqui para a frente. A soja está florando, mas não era para estar aparecendo flores. Mesmo a soja mais antiga já teve sua produtividade afetada”, afirma o agricultor. Ele destaca também a preocupação com o endividamento, indicando que não há perspectivas de minimizar a situação no próximo ano e que a situação é bastante desafiadora.

Prejuízos são ocasionados devido à intensidade dos ventos

Além dos desafios decorrentes do estresse hídrico e das temperaturas elevadas, outra fonte de preocupação em São José do Rio Claro são as tempestades com ventos intensos. Na última semana, uma propriedade foi impactada por ventos vigorosos que não apenas devastaram completamente um barracão, mas também derrubaram destroços do telhado sobre insumos agrícolas, caminhões e maquinários, resultando em danos significativos.

O produtor Victor Hugo Schwabe Pereira relata um prejuízo aproximado de R$ 2 milhões, abrangendo colheitadeiras, pulverizador, um secador desmontado, carreta graneleira, caminhão e tratores. O barracão sofreu danos praticamente totais, e a situação se apresenta desafiadora, especialmente considerando que muitos desses itens são financiados e ainda necessários para a safra em curso.

Felizmente, no momento do vendaval, não havia ninguém sob o barracão, apenas os equipamentos estavam presentes. Victor Hugo expressa alívio pelo fato de todos estarem no horário de almoço, mas reconhece que será necessário renegociar algumas contas. Ele destaca que este será um ano desafiador, mencionando que o plantio da soja na propriedade já está concluído. Contudo, a falta de umidade no solo e as condições climáticas quentes estão prejudicando significativamente o desempenho de grande parte da plantação. A estimativa do sojicultor é de perdas em torno de 30% na produtividade.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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