Operação resultou também em apreensão de armas e equipamentos usados em garimpo ilegal; Segundo a polícia, o confronto aconteceu com homens que seriam seguranças dos garimpeiros e tentavam impedir uma fiscalização do Ibama.
No sábado (28), agentes do Ibama e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram atacados a tiros durante uma operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé, no estado do Mato Grosso, a cerca de 480 quilômetros de Cuiabá. O confronto resultou na morte de cinco garimpeiros, baleados após tentarem impedir a fiscalização das autoridades.
Os agentes apreenderam seis armas que estavam em posse dos criminosos, incluindo um fuzil 556, uma submetralhadora, uma espingarda calibre 12, duas pistolas e um revólver, além de munições e outros acessórios. Nenhum agente foi ferido durante o confronto.
A operação
A ação das autoridades, que começou na segunda-feira (23), conta com o apoio de três aeronaves e resultou na destruição de 30 escavadeiras, 22 caminhonetes, dois caminhões, uma pá-carregadeira, seis motocicletas, 25 acampamentos e cerca de 5 mil litros de combustível, além de diversos motores e equipamentos usados pelos garimpeiros.
A Terra Indígena Sararé, que abrange 67 mil hectares e é habitada por grupos indígenas Nambiquara, é uma das áreas mais impactadas pelo garimpo ilegal no Brasil. Desde 2021, mais de 1,9 mil hectares foram degradados na busca por ouro.
Desde o início de 2023, o Ibama já destruiu cerca de 200 escavadeiras na região, o que mostra a dimensão do problema do garimpo ilegal na Terra Indígena.
Chacina na área de garimpo
Na mesma área, na segunda-feira (23), ocorreu uma chacina que deixou quatro mortos e um ferido. As vítimas foram atingidas durante uma briga relacionada a disputas por áreas de exploração no garimpo ilegal.
Entre os mortos estão Fábio Tavares Siriano, de 33 anos, e sua esposa, Flávia Melo Miranda Soares, de 20 anos, que morreu após ser deixada gravemente ferida na porta de um hospital em Pontes e Lacerda. Outro homem, de 33 anos, segue internado em estado grave.
Na terça-feira (24), a polícia encontrou mais três corpos, todos do sexo masculino, com marcas de disparos de arma de fogo. A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), no sábado (28), identificou três das cinco pessoas mortas no confronto com o Ibama e a PRF. Os identificados são Elivelton Sales Pinho, de 31 anos, Iterlan da Silva Souza, de 29, e Wellington Souza Monteiro, de 25.
Identificação dos suspeitos de garimpo ilegal
De acordo com a Politec, Iterlan e Wellington eram naturais do Pará, enquanto Elivelton era do Maranhão. As investigações indicam que eles atuavam como seguranças para os garimpeiros ilegais e tentaram impedir a ação dos fiscais do Ibama. Iterlan era natural da cidade de Redenção, Wellington de Santarém e Elivelton de Santa Luzia.
A PRF informou que o confronto ocorreu durante a madrugada e que as mortes foram resultado da reação dos agentes à resistência armada dos garimpeiros.
Entenda o caso
A Terra Indígena Sararé tem sido palco de intensos conflitos relacionados ao garimpo ilegal, e as operações de fiscalização do Ibama e da PRF frequentemente enfrentam resistência armada. Além da destruição de maquinário, como escavadeiras e caminhonetes, as autoridades buscam desmantelar a infraestrutura logística do garimpo, que conta com um esquema organizado e armado.
A chacina ocorrida no início da semana reforça a suspeita de envolvimento de organizações criminosas na exploração ilegal de ouro na região. Segundo o delegado João Paulo Berté, a briga que resultou nas mortes de quatro pessoas pode ter sido motivada por disputas internas no garimpo, e uma das linhas de investigação segue essa hipótese.
As autoridades seguem apurando as conexões entre os crimes na região e o crescente envolvimento de grupos criminosos nas atividades ilegais de garimpo em terras indígenas, que têm causado uma escalada na violência e na degradação ambiental.
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