Cidade baiana de 27 mil habitantes, Santa Rita de Cássia possui o maior contingente bovino do estado; Oeste baiano vem se destacando nos últimos anos pela pujança do agronegócio
O Brasil tem mais gado bovino do que pessoas. São 234,4 milhões de cabeças de gado bovino para 203,1 milhões de cabeças humanas. É o que revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na pesquisa Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) divulgada na última quinta-feira, 21 de setembro. O número de habitantes foi extraído do Censo Demográfico 2022 do mesmo instituto.
A cidade de Santa Rita de Cássia, no oeste baiano, se tornou o local com o maior rebanho bovino do estado em 2023, com 188,4 mil cabeças. Conforme dados da Pesquisa da Pecuária Municipal, realizada pelo IBGE, o município possuía o quarto maior efetivo em 2022, mas assumiu a primeira colocação depois de um ano.
Ainda de acordo com o IBGE, a cidade de 27 mil habitantes ultrapassou os antigos líderes do ranking, Itamaraju e Itanhém, localizadas no sul do estado. Os municípios, que passaram a ocupar o segundo e terceiro lugares, contabilizaram 183,2 mil e 169 mil, respectivamente.
Números nacionais
Mato Grosso, o gigante da pecuária bovina brasileira, se destaca como o supremo líder nesse cenário. Com um rebanho que ultrapassa os 34,2 milhões de cabeças, este estado representa 14,6% do total nacional. Sua vasta extensão territorial e condições climáticas favoráveis fazem de Mato Grosso um dos principais polos de produção pecuária do país. Além disso, a eficiência da gestão agropecuária e o investimento em tecnologia têm contribuído para o crescimento constante desse setor, consolidando o estado como referência na produção bovina.
Já a Bahia registrou o segundo maior crescimento absoluto de bovinos entre os estados do Brasil entre 2022 e 2023. O plantel aumentou de 12,5 milhões para 13,3 milhões de animais (+6,1%), o que representou mais 764,5 mil cabeças, atrás apenas do Paraná (+822,7 mil cabeças). Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2023, do IBGE.
Com esse crescimento, o efetivo baiano de bovinos quebrou o recorde do ano anterior e chegou, em 2023, ao seu maior patamar nos 49 anos da PPM, iniciada em 1974. Com o resultado positivo, a Bahia manteve o 7º maior efetivo do país, respondendo por 5,6% do total nacional, que foi de 238,6 milhões de cabeças (+1,6% frente a 2022).
São Félix do Xingu, localizado no estado do Pará, se destaca como o município com o maior rebanho bovino do Brasil. Com um impressionante total de 2,5 milhões de cabeças de gado, São Félix do Xingu é um verdadeiro colosso da pecuária nacional. Esse número monumental não apenas confirma a posição do Pará como um dos principais estados produtores de gado, mas também destaca a importância desse município na economia do país.
Santa Rita de Cássia
Apesar do crescimento de rebanhos ser um fenômeno nacional, a região onde a cidade está localizada influenciou no crescimento e na ampliação do rebanho, como aponta Mariana Viveiros. “Aqui [na Bahia] tem muita criação de pasto livre, então o clima sem muitas chuvas e secas, como o de 2023, é o ideal. Outro ponto é o fato dos pastos estarem em regiões de produção de grãos. Por conta disso, a alimentação do gado é facilitada e, consequentemente, a criação. É o que facilita, por exemplo, a região do oeste baiano. Os pastos tem proximidade com produtoras de milho e soja, commodities utilizadas na alimentação dos animais”, diz.
O prefeito do município, José Aragão (PSD), conhecido como Zezo, ainda acrescenta que o preço das terras também ajudou no aumento das cabeças de gado. “Aqui é uma terra de pessoas simples. Não tem grandes empresários, a maioria é pequeno e médio. Por estar fora dos grandes centros do estado, aqui as terras são mais baratas, o que facilita os pastos”, aponta.
Além disso, a região investiu em inseminação artificial na reprodução das fêmeas, o que auxiliou o aumento nos rebanhos da cidade. “Inseminamos artificialmente mais de 4 mil vacas. Tudo sem custo nenhum para o produtor, o que valorizou muito o Rebanho e aumentou a produção”, afirma o secretária de Agricultura da cidade, Ildomar Busse.
Pecuária do Oeste Baiano
A região possui mais de 2 milhões de cabeças de gado. O número de pecuaristas na região ultrapassa os 220 criadores de animais. Este pedaço do estado, formado por 31 municípios, abriga uma pecuária cada vez mais forte. E não é qualquer rebanho. O plantel reúne animais de alta genética, com predomínio da raça Nelore.
Os produtores rurais estão investindo na pecuária com base em um negócio que envolve estratégia de logística. Muitas fazendas de criação de gado estão nos municípios de São Desidério, Barreiras e Luiz Eduardo Magalhães. A região é a que mais produz grãos na Bahia, principalmente soja e milho, bases da ração animal. Assim, ao invés de levar o alimento até o gado no alto sertão, eles levam os animais até onde está a comida.
Com as plantações tão perto, a ração no Oeste chega a ser 20% mais barata do que em outras partes do estado, onde não há produção de grãos.
A estratégia está mudando o perfil da pecuária da região. O pecuarista que antes enviava bezerro para engordar em Feira de Santana e no Recôncavo Baiano, agora realiza o ciclo completo: cria, recria e engorda. O gado é enviado para abate em agroindústrias de várias regiões do Estado.
A raça predominante no Oeste é a Nelore, inclusive a região se destaca pelos selecionadores de animais da raça buscando os melhores individuos adaptados ao clima da região. O gado Nelore têm tolerância ao calor, possuem alta fertilidade e se adaptam bem aos trópicos, demonstrando resistência a doenças e pragas.
Agricultura do Oeste Baiano
Parte dessa pujança deve-se ao fato da cidade ficar no oeste baiano, região que abrange o Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é a fronteira agrícola que mais cresce, em área plantada, em todo o Brasil atualmente. A previsão da pasta é que a região chegue a 8,9 milhões de hectares até o final de 2030. A região é formada por 337 municípios e 73,1 milhões de hectares, cerca de 51% da área dos quatros estados.
A agricultura se desenvolve em duas áreas com diferentes características: o Vale e o Cerrado. No Vale predomina a agricultura de subsistência, com o cultivo de mandioca, milho, arroz e feijão, além da pecuária. No Cerrado, a área é mais plana, permite mecanização e é onde se firmou o polo agrícola da Bahia. Na região estão as maiores áreas de soja, algodão, milho e café.
O algodão, outra forte cultura do Oeste da Bahia, é considerado o primeiro em qualidade no Brasil. A região é hoje a segunda maior produtora nacional. Na última estimativa de safra, somando também o milho, a área ocupada por estas culturas fica perto de um 1,9 milhão de hectares e a produção passa de 7,6 milhões de toneladas. E a agricultura na região pode crescer ainda mais.
Com informações do site Correio 24horas
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