O boi teve uma das maiores desvalorizações da sua série histórica, por isso, compreender o ciclo pecuário é importante para aproveitar, principalmente, as compras da reposição e, neste caso, lucrar alto com o boi gordo!
A pecuária de corte nacional é um dos grandes pilares da economia nacional, produzindo um alimento essencial a saúde, além de gerar emprego. O rebanho nacional é o maior do mundo, com cerca de 220 milhões de bovinos, segundo dados do IBGE. Dentro da pecuária, o chamado Ciclo Pecuário é caracterizado por fases distintas, que envolvem variações sazonais no rebanho bovino, como por exemplo o número de abate de fêmeas, os preços de compra e venda do bezerro e também do boi gordo. Por isso, compreender o ciclo pecuário é importante para aproveitar, principalmente, as compras da reposição e, neste caso, lucrar alto com o boi gordo!
Entenda agora o ciclo pecuário. Uma coisa é fato, se o produtor souber identificar os períodos de alta e baixa é muito possível lucrar em todo esse período. Ao longo das décadas, acompanhando a evolução da pecuária, é possível identificar momentos em que, determinados padrões de comportamento mercadológico, se repetiram, ou seja, o ciclo pecuário é implacável.
Entender como funciona o ciclo, sua sazonalidade e quais são as características de cada etapa, ajudam o pecuarista nas tomadas de decisão e no planejamento de estratégias a longo prazo, possibilitando que determinadas propriedades saibam em quais anos é melhor investir na reposição, na retenção de matrizes ou, até mesmo, se compensa intensificar a engorda para um dado período do ano.
São ocasiões em que o fazendeiro ampliou seus estoques, ou situações em que a pecuária realizou movimentos de contração de rebanho, de acordo com a disponibilidade de fêmeas. Segundo os “bons pecuaristas”, compreender o ciclo pecuário é importante para aproveitar, principalmente, as compras da reposição.
Conheça as Fases do ciclo pecuário
O ciclo pecuário é um fenômeno caracterizado por flutuações nos preços do gado – cria, recria, engorda – e da carne, com períodos de baixa e alta, que se repetem de tempos em tempos.
E, com isso, de forma muito resumida, a fase de alta é caracterizada pela valorização dos bezerros, aumento no abate de fêmeas, aumento do preço da arroba do boi gordo e consequente aumento na produção de bezerros. Por sua vez, a fase de baixa do ciclo inicia-se com a desvalorização dos bezerros, aumento no abate das matrizes, maior oferta de animais para os frigoríficos e redução no valor da arroba.
Fêmeas: o fator determinante
É importante ressaltar que o fator determinante do ciclo pecuário, é a fêmea. A manutenção ou o abate das fêmeas impacta em flutuações nos preços da arroba.
Quando o preço do bezerro diminui e a fase de cria torna-se desinteressante, observa-se uma tendência coletiva dos pecuaristas de aumentar o descarte de fêmeas. Dessa forma, há uma tentativa do pecuarista em cobrir os custos da produção pecuária.
Devido à estação de monta que geralmente ocorre no final do ano, é esperado que no começo do próximo ano aconteça um maior abate de fêmeas (aquelas que não emprenharam vão para descarte), o que, certamente, pressiona o preço da arroba para baixo.
Segundo dados da Agrifatto, o número de fêmeas abatidas neste primeiro trimestre de 2023 atingiu 44,4% do total de animais abatidos. Reiterando, assim, o momento de baixa do Brasil no ciclo da pecuária. A tendência é que este abate de fêmeas ainda permaneça por algum tempo.
Explicando cada etapa
Começando a nossa explicação pela fase de alta, quando o preço do bezerro está valorizado, a tendência é que o pecuarista queira investir mais no mercado de cria. Portanto, ele compra ou retém mais fêmeas na fazenda para aumentar a produção de bezerros.
Devido a retenção de fêmeas nas fazendas, diminui-se a oferta de animais aos frigoríficos, ou seja, escassez de carne bovina. Naturalmente, aumentando o preço da arroba do boi gordo.
Esse aumento de preço encoraja os pecuaristas a investir na reposição de seus animais na fazenda e aumentar seus rebanhos.
A consequência da grande oferta de bezerros no mercado devido os investimentos em cria, é que quando há grande oferta e pouca demanda o preço tende a cair para que haja escoamento da produção. Portanto, o preço da arroba do bezerro cai, iniciando-se a fase de baixa do ciclo.
A desvalorização da arroba do bezerro tende a aumentar o abate das fêmeas nas fazendas, aumentando a oferta de carne no mercado. A alta oferta de produto pressiona o preço da arroba do boi gordo para baixo, desvalorizando-a.
Os baixos preços da arroba desestimulam a produção e o produtor, fazendo com que ele diminua seu rebanho e não invista em reposições.
Com a produção desacelerada, a quantidade de bezerros no mercado é reduzida, o que, certamente, aumenta o valor da sua arroba. Desta forma voltando ao início do ciclo novamente.
Em outras palavras, em anos de baixa, quando a margem do produtor está comprometida, a produção é desestimulada. Então, ele abate as fêmeas para colocar dinheiro em caixa.
Em anos de alta ocorre exatamente o contrário, onde o produtor produz mais bezerros e consegue uma margem mais alta. Assim, ele pode aproveitar o momento para investir na fazenda e aumentar sua capacidade produtiva. Como?
Ciclo pecuário no ano de 2023
Atualmente, a duração do ciclo pecuário está entre 5 – 6 anos. Esta duração já foi maior no passado e tende a diminuir no futuro, pois a idade de abate dos animais vem reduzindo.
No biênio 2020 e 2021, os preços das commodities estavam elevados e o valor da arroba também. Isso estimulou a produção pecuária, fazendo com que os pecuaristas retivessem as fêmeas e produzissem mais bezerros.
O ano de 2022 foi lamentavelmente marcado pela queda do preço do bezerro devido à alta oferta. E agora, em 2023, o mercado pecuário está colhendo os frutos deste cenário de baixa: aumento no abate de fêmeas e pressão para baixo no valor da arroba do boi gordo. Segundo dados do Cepea, os valores da arroba já recuaram cerca de 22% ao longo do primeiro semestre.
Planejamento do pecuarista
O pecuarista que tem planejamento e que entende o ciclo pecuário a fundo, com certeza está enxergando uma oportunidade neste contexto de baixa.
Daqui há mais ou menos dois anos, o mercado pecuário, deverá estar vivenciando novamente a fase de alta nos preços da arroba do boi gordo. E para que você, pecuarista, possa desfrutar deste momento vendendo seus bois gordos, é interessante que comece a investir agora na reposição do seu rebanho.
Portanto, existe agora uma oportunidade para o pecuarista comprar animais de “reposição lenta”. Como por exemplo, vacas prenhes; matrizes ou bezerros, a preços baixos (momento de baixa na arroba) e desfrutar desse investimento lá em 2025, onde os valores da arroba devem alcançar novos recordes.
Cenário segundo o Cepea, comprova os dados
Segundo pesquisadores do Cepea, ainda que as exportações venham demandado um volume significativo de animais para engorda, parte dos frigoríficos e de confinadores aposta na parceria com produtores, buscando adquirir animais ainda quando bezerros, o que acaba reduzindo a demanda por bois próximos da terminação.
Em certos casos, a demanda externa por animais mais jovens e a diminuição do tempo para terminação (obtido com uso de tecnologias) fazem com que o período de terminação seja mais precoce, contexto que também explica a menor liquidez envolvendo animais por volta de 24 meses. Outro fator, ainda, é a desvalorização acentuada do boi gordo, que desestimula a reposição, sobretudo em casos em que a terminação ocorre no pasto.
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