Chuvas no RS prejudicam mais de 70 mil propriedades rurais

Fenômenos climáticos resultaram na perda de aproximadamente 290 cabeças de gado bovino, 181 suínos e 167 mil aves

Entre os dias 16 e 24 de novembro, no estado do Rio Grande do Sul, diversos eventos climáticos, como chuvas intensas, granizo e vendavais, impactaram negativamente 72.318 propriedades rurais gaúchas. Essa informação foi levantada e documentada em um relatório cuidadosamente elaborado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS).

De acordo com o mencionado relatório, 198 municípios experimentaram prejuízos significativos no setor agropecuário, sendo que 115 deles declararam estado de emergência. O alcance desses eventos adversos foi vasto, atingindo um total de 3.220 localidades.

Chuvas no RS prejudicam mais de 70 mil propriedades rurais
Foto -Mauricio Tonetto / Seco

No que diz respeito à infraestrutura, aproximadamente 37.640,65 quilômetros de estradas vicinais foram prejudicados, resultando em complicações para 1.238 comunidades no escoamento de suas produções. A situação se agravou com a contaminação de 434 fontes de água, deixando 8,4 mil famílias sem acesso ao recurso vital. A devastação também se estendeu a 6.307 produtores, afetando construções e instalações, incluindo 63 armazéns, 71 silos, 242 estufas de fumo, 1.161 estufas/túneis plásticos para horticultura, 578 aviários, 772 açudes e 229 pocilgas.

As principais culturas de grãos, como trigo, soja, milho, milho silagem e arroz, foram duramente atingidas. Os danos nas áreas de produção alcançaram 120,6 mil hectares, resultando numa estimativa de perda superior a 205 mil toneladas. Entre os produtores afetados, 4.006 reportaram prejuízos em lavouras de soja, abrangendo 83,5 mil hectares. Nas lavouras de milho, as perdas foram de 131,6 mil toneladas, distribuídas em 67,4 mil hectares, prejudicando 10.302 agricultores.

Adicionalmente, houve registros de prejuízos em lavouras de aveia (825 toneladas), cevada (12,5 mil toneladas), canola (3,2 mil toneladas), linho (1,2 mil toneladas), feijão 1ª safra (307 toneladas), milho silagem (377,8 mil toneladas) e aveia branca (223,5 mil toneladas). O total de produtores enfrentando adversidades no setor de grãos alcançou a marca de 19.711.

No que se refere à fruticultura, 6.915 produtores enfrentaram perdas em suas produções, com ênfase nas culturas de uva de indústria, maçã e bergamota. Outros 2.923 produtores relataram prejuízos em produtos olerícolas, enquanto 9.165 indicaram danos na produção de fumo.

Quanto às pastagens, houve impacto em 15.320 hectares de pastagem nativa, 24.290,50 hectares de pastagem cultivada e 6.440 hectares de silagem, afetando um total de 5.932 produtores.

A atividade pecuária nas regiões afetadas apresentou complicações para 286 produtores, resultando na perda de 260 bovinos de corte, 29 de leite, 181 suínos, cerca de 167 mil aves comerciais, 72 toneladas de peixes e 5.160 caixas na apicultura. Na produção leiteira, 7,69 milhões de litros de leite não puderam ser coletados, prejudicando 3.412 produtores.

Assistência aos agricultores afetados

A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR) revelou a implementação da segunda fase do Programa de Restauração da Fertilidade do Solo, destinando R$ 15 milhões para revitalizar áreas cultiváveis no Vale do Taquari, na Serra e na região Norte. A SDR estabelecerá parcerias com municípios para contratar equipamentos, bem como adquirir, distribuir e aplicar insumos como corretivos, condicionadores de solo, adubos, bioinsumos e até mesmo sementes de cobertura. A escolha dos beneficiários ficará a cargo dos municípios, com um limite individual de R$ 30,6 mil.

Anteriormente, a SDR havia divulgado um projeto de suporte à pecuária familiar, direcionado aos agricultores e pecuaristas familiares dedicados à pecuária de corte. O público-alvo são aqueles que integram grupos ou associações de produtores diretamente envolvidos em uma das seis Unidades de Aprendizagem Coletiva (UACs) na região da Campanha/Alto Camaquã. O objetivo é incentivar a aplicação e disseminação dos conhecimentos e práticas adquiridos nas UACs para promover a sustentabilidade da pecuária familiar em suas propriedades.

Recentemente, foi lançado o Projeto de Apoio aos Produtores de Leite impactados pelos eventos climáticos de setembro. Esse programa visa atender cidades em estado de calamidade pública devido às chuvas intensas, contando com um investimento de R$ 2,3 milhões.

Ambos os projetos oferecerão financiamento por meio do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), com um valor máximo de até R$ 15.000 por beneficiário. Essa linha de crédito, destinada a pessoas físicas, proporciona um bônus de 80% sobre o valor financiado para aqueles que estiverem em dia com os pagamentos, com um período de carência de até três anos e amortização em até cinco anos para o contrato.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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