Chuvas no RS causam isolamento e perdas em propriedades rurais

O boletim mais atualizado da Defesa Civil gaúcha divulgado às 19h desta quinta-feira (2/5), aponta que ao menos 29 pessoas morreram no Estado, e 36 estão feridas. 

As chuvas intensas e contínuas no Rio Grande do Sul estão causando estragos em várias partes do estado. Segundo o último relatório da Defesa Civil estadual divulgado na quinta-feira às 19h, pelo menos 29 pessoas perderam a vida, enquanto 36 ficaram feridas e outras 60 estão desaparecidas. Mais de 14 mil indivíduos foram deslocados de suas residências, afetando um total de 154 municípios.

Fábio Eckert, um agricultor que cultiva soja e arroz às margens da Lagoa dos Patos, na zona rural de Tapes, está lamentando as perdas consideráveis ​​em sua colheita de soja, ainda pendente. Antes das chuvas, ele havia colhido cerca de 60% da safra. “Do que ficou para trás, acho que não restará nada”, diz ele. Fábio estima que, em apenas quatro dias, choveu aproximadamente 400 mm.

Ele relata que a soja, cobrindo uma extensão de 2.500 hectares de sua fazenda, já havia sido prejudicada pelo atraso no plantio devido às chuvas de novembro. A produtividade da área colhida foi de cerca de 60 sacas por hectare.

Quanto ao arroz, ele teve mais sorte, com apenas pequenas porções do grão em áreas completamente alagadas. Ele documentou a situação em vídeos enviados à Globo Rural. A área total de cultivo com arroz em sua propriedade é de 1.500 hectares. Fábio menciona que o aumento drástico do nível da lagoa foi causado pela água que desceu das montanhas.

A avaliação completa dos danos causados ​​pelas chuvas só será possível após o seu termo. Fábio, que não possui seguro agrícola para a safra atual, expressou preocupação e a necessidade de esperar até segunda-feira para ter uma clareza maior da situação e calcular as perdas. “São três dias de espera e oração. Se as chuvas não cessarem, perderemos toda a área”, ele prevê.

Fábio Ecker perdeu sua lavoura de soja em Tapes (RS) — Foto: Fábio Eckert / Arquivo pessoal

A falta de segurança amplia a vulnerabilidade de Fábio, que agora depende do suporte de representantes políticos e associações agrícolas para ajudar os agricultores a enfrentar essa crise. Ele destaca que os custos com adubo e sementes foram os mais altos desta temporada, complicando ainda mais as finanças. “As contas não estão batendo. Vamos precisar de mais tempo para quitar as dívidas futuramente”, relata.

Por sua vez, Genésio Moraes, presidente do Sindicato Rural de Tapes, expressou uma preocupação específica com a soja, pois cerca de metade da produção ainda está nas lavouras. Dos 14.000 hectares cultivados no município, apenas entre 50% e 55% foram coletados até agora. “Com a previsão de mais chuvas até domingo, o que ainda não foi colhido provavelmente será perdido”, alertou.

Lavoura de arroz alagada pelas enchentes no RS — Foto: Arquivo pessoal

Genésio também destaca as dificuldades enfrentadas pelos agricultores que têm grande parte de suas plantações de soja ainda por colher. “Há produtores que plantaram 2.000 hectares e só conseguiram colher 10%”, menciona. E lamenta: “Depois de três anos de secas severas, esperávamos uma boa safra de soja, mas os planos foram frustrados.”

O presidente do sindicato expressou a esperança de que a chuva diminua e o sol volte a brilhar nos próximos quatro dias, o que poderia resgatar parte das plantações. Enquanto isso, uma entidade está especializada em apoiar as famílias afetadas e colaborar com os esforços dos órgãos públicos.

Parreiral de videiras destruído pelas chuvas em Bento Gonçalves (RS) — Foto: Arquivo pessoal

Loan Steglich, um agricultor de Catuípe (RS) que cultiva soja, milho e canola, compartilha a angústia diante da situação crítica das propriedades rurais em todo o estado. Ele observa que, em sua região, a maior parte da soja já foi colhida, restando apenas cerca de 5% nas lavouras. No entanto, os municípios onde o plantio foi atrasado devido à chuva estão ainda mais atrasados ​​na colheita. “A tragédia é indescritível”, lamenta, referindo-se não só às perdas de colheitas, mas também de residências, equipamentos e infraestrutura, como pontes e estradas.

Empréstimo destaca que mesmo antes das chuvas, os agricultores já enfrentaram dificuldades devido aos elevados custos de produção e a uma produtividade média de apenas 50 a 60 sacas por hectare. “Os lucros mal cobriram os custos”, ele observa.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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