A passagem de uma frente fria pela região Centro-Sul do Brasil nesses próximos 3 dias irá deixar o tempo bastante instável e com possibilidades para ocorrência de chuvas generalizadas.
Regiões produtoras de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, de São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Rondônia e da metade sul de Minas Gerais deverão receber volumes de chuvas entre 10 a 30 mm durante esse final de semana.
Chove também sobre metade norte do Rio Grande do Sul entre hoje e amanhã, mas será o Paraná e o Mato Grosso do Sul que irão registrar os maiores volumes de chuvas. Já em Goiás e no Mato Grosso, essas chuvas virão na forma de pancadas irregulares. Podendo não atingir todas as áreas que estão necessitando de mais uma chuvas.
E essas chuvas deverão ser as chuvas da despedida, pois em grande parte do Sudeste e Centro-oeste essas deverão ser as últimas da temporada, voltando a ser previstos chuvas apenas para o mês de setembro.
Contudo, essas chuvas que estarão ocorrendo até domingo irão beneficiar, e muito, as lavouras de 2ª safra, bem como cana de açúcar e café, uma vez que irão possibilitar uma elevação dos níveis de umidade do solo, garantindo assim, melhores condições ao desenvolvimento das lavouras, principalmente de milho, sorgo, feijão e girassol.
Mas mesmo com o retorno das chuvas a previsão é que a produção de milho venha a ser bastante impactada pelo clima esse ano. A perspectiva é que a quebra de milho em relação a safra passada seja bastante significativa, variando de 5 a 30%, dependendo da região a ser monitorada.
Mas é fato que o Paraná e São Paulo, são os Estados que apresentam as maiores quebras de produtividade e o Mato Grosso a menor. Assim, podemos estimar que a safra no Brasil de milho safrinha não deva passar dos 56 MMT. O bom é que essas chuvas no Paraná estancaram de vez as perdas que vinham crescendo dia após dia.
Para a cana de açúcar, apesar dessas chuvas atrapalharem o rápido avanço da colheita, irão possibilitar uma melhora ao desenvolvimento das plantas, já que muitas continuam sob estresse hídrico. Favorecendo, desse modo, a produtividade das lavouras que irão ser colhidas durante o 2º semestre.
No café a situação é semelhante
A ausência de chuvas nessas últimas semanas, associada as altas temperaturas levaram a uma antecipação na maturação dos grãos, o que poderá uma antecipação da colheita, mas nada que venha ocasionar perdas na qualidade e/ou produtividade. E a estimativa é que nessa safra a produção de café seja bem maior do que a safra passada, até porque, estamos num período de safra alta, por conta da bianualidade da cultura do café.
Entretanto, nem tudo são boas notícias
Após a passagem dessa frente fria pela região Centro-Sul, uma massa de ar polar de moderada intensidade estará avançando pela região e com ocasionando o declínio acentuado das temperaturas mínimas nas madrugadas de segunda e terça-feira. Há possibilidade de ocorrência de geadas de fraca a moderada intensidade sobre as áreas produtoras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná. Deverá pegar algumas áreas de milho safrinha do sul do Paraná, como em Guarapuava, Pato Branco e Ponta Grosso.
Há possibilidade de que esse frio mais intenso venha ocorrer também em Cascavel, uma vez que as previsões preveem temperaturas na casa dos 2 a 3°C na manhã dessa próxima segunda-feira.
Nas demais regiões do Paraná, assim, como em São Paulo e Minas Gerais, a previsão é que a segunda feira também será bastante fria, porém os termômetros deverão marcar valores entre 4 a 8°C. Com risco apenas para ocorrências de geadas nas regiões de altíssima altitude do Sul de Minas Gerais e mesmo assim, serão geadas bem pontuais.
O grade problema estará sendo no Paraná, onde o milho safrinha já vem sob um forte estresse hídrico, na qual deixa a planta ainda mais suscetível ao estresse térmico. Ainda não dá para prever quais serão os reais impactos que essa geada poderá trazer para a cultura do milho do Paraná, já que não serão geadas generalizadas, apenas geadas pontuais e de fraca a moderada intensidade. Mas é fato que poderá sim, diminuir ainda mais a produção estadual, que já está bem comprometida esse ano, infelizmente.
Não há riscos para ocorrências de geadas sobre as áreas produtoras de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e do Mato Grosso do Sul, sendo que no MS apenas o extremo sul do Estado é que poderá ter algum registro de geadas, porém, bem pontuais. Assim, lavouras de café e de cana de açúcar, bem como de hortaliças e frutíferas não serão afetadas.
Agrometeorologista Marco Antonio dos Santos
Rural Clima