Episódio aconteceu durante forte chuva na cidade. Irmã do dono dos animais disse que ouviu o barulho do trovão a cerca de 1 km de distância.
Uma vaca e seis bezerros morreram após serem atingidos por um raio durante uma forte chuva em Diorama, a 250 km de Goiânia. Um vídeo feito pelo produtor rural Edson Gomes Pinto, 49, dono da propriedade, mostra os animais deitados no pasto (veja acima).
“Olha a tragédia do raio, o que aconteceu. Olha o perigo. Ainda bem que não estávamos em casa. Deus é grande”, diz ele na gravação. O fato aconteceu na tarde de sábado (25). Irmã de Edson, a auxiliar de serviços gerais Maria Gomes Pinto Nunes, 51, mora em uma chácara 1 km e diz que ouviu o trovão.
“A gente sentiu o barulho do raio aqui. Ontem choveu o dia todo”, afirma.
“Olha a tragédia do raio, o que aconteceu. Olha o perigo. Ainda bem que não estávamos em casa. Deus é grande”, diz ele na gravação.
Entrevista com especialista mostra como evitar esses prejuízos
Entrevista com o chefe do departamento de engenharia elétrica e professor da Universidade Federal de Minas Gerais José Osvaldo Saldanha Paulino. O especialista elencou as principais dicas para os pecuaristas preocupados em proteger sua fazenda da incidência de raios, que matam lotes inteiros e causam prejuízo às propriedades e ao bem-estar animal.
Segundo Paulino, ainda não há solução que garanta 100% de proteção contra o fenômeno natural. “No caso rural, existe a questão de uma cultura de que não se tenha um sistema de proteção para as fazendas. O pessoal se preocupa muitas vezes com a sede, onde você tem pessoas, mas a propriedade rural é muito extensa e os animais ficam espalhados”, advertiu o engenheiro elétrico, recomendado um sistema de proteção que abranja toda a fazenda.
O especialista afirmou que árvores isoladas em uma pastagem são um ponto preferencial para a queda dos raios por conta da altura elevada na área geralmente descampada. “Toda vez que você tem um ponto alto, é preferencial para a queda de um raio. Aquela história que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar é mentira, ele cai em um ponto mais alto”, revelou.
“Se você tem um pasto do qual você tirou toda a vegetação elevada e ficou com uma árvore, ela vai ser um ponto preferencial pra queda de raio. O interessante é que muitas vezes, durante uma chuva, os animais se dirigem exatamente para esta árvore. Então, se cai um raio, todos os animais em volta dela serão eletrocutados porque a descarga atmosférica cai na árvores, mas a corrente se espalha pelo chão e toda a região do entorno desta árvore fica perigosa, por isso vários animais morrem”, completou.
O profissional afirmou que nesses casos é possível até instalar um para-raios em árvores nestas condições, mas o mais comum é evitar o acesso dos animais em um raio de 10 a 20 metros do seu tronco. “Se tem uma árvore isolada, é muito importante que você evite o acesso dos animais perto dela. Tem fazendas que põem cerca em volta da área para que o animal não chegue”, exemplificou.
Além desta medida, Paulino disse que deixar pequenas regiões de mata também pode minimizar o risco da morte por descarga elétrica de raio. “Se eu não tenho nenhum ponto proeminente, nenhum ponto mais alto, uma árvore específica deixa de ser um ponto preferencial. Se uma pessoa está debaixo de uma pequena floresta, de um capão um pouco maior, ela está relativamente protegida, ou em uma situação muito melhor do que se estivesse debaixo de uma árvore isolada”, recomendou.
“Para as pessoas, o melhor, caso elas estejam em meio à queda de raios, é procurar um abrigo mesmo, uma construção, se possível de concreto, se possível que tenha para raio. Mas uma região que não tenha nenhuma ponta é uma região mais segura e isso vale para uma árvore, uma torre, um moinho, para qualquer objeto elevado”, acrescentou o professor, dizendo ainda que máquinas agrícolas com cabinas muito altas e mais abertas também oferecem riscos aos trabalhadores rurais.
Cercas
Paulino reforçou que as cercas podem ser elementos perigosos por conta de sua extensão e por serem compostas por fios metálicos, condições que favorecem a condução de energia. “Quando o raio cai em cima de uma árvore, ela fica perigosa em uma região de 10 a 20 metros no entorno de sua base. Mas quando um raio cai numa cerca, ele corre uma distância muito maior porque a cerca é composta por arames metálicos e a corrente vai andar pela fiação, às vezes 200 a 300 metros distante do ponto da queda e todo o gado que estiver ali perto pode tomar choque”, avisou.
Para minimizar eventuais acidentes, Paulino ensinou que a primeira técnica a ser usada é o aterramento, ou seja, criar caminhos para que a corrente que caiu no fio metálico da cerca vá para a terra. “A corrente do raio quer ir para a terra. Ela começa na nuvem e quer atingir a terra, não quer cair na cerca. Se eu criar caminhos para esta corrente ir pra terra, eu vou minimizar o risco. Com o aterramento, eu vou ligar os fios da cerca na terra para o raio ir embora”, afirmou em entrevista ao apresentador Mauro Sérgio Ortega.
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Outra técnica a ser usada é o seccionamento. “Ao seccionar, eu vou tornar a cerca pequena. Ao invés de ter uma cerca com comprimento enorme em que o raio cai e energizar a cerca toda, se eu separo ela em vários pedaços, quando um raio cair, só aquele pedaço vai ser energizado, então eu estou minimizando a área perigosa”, observou. O professor comentou que, no entanto, ao contrário do seccionamento usado em cercas próximas a linhas de energia, o vão entre um palanque e outro deve ser maior para evitar a continuidade de uma descarga com a força de um raio. “Os fazendeiros fazem o seccionamento da cerca quando ela está perto da linha de energia pra evitar que a indução dê choque, mas esse seccionamento não é suficiente para um raio”, avisou.
Por fim, o professor recomendou um olhar holístico para a proteção da propriedade como um todo e a contratação de um profissional que possa elaborar um projeto com tal finalidade.