Churrasco de fim de ano no Brasil está ameaçado

Há vários fatores para que o churrasco possa virar um transtorno para os brasileiros na virada de ano. Comunicado foi feito por um dos maiores frigoríficos!

Os consumidores brasileiros podem enfrentar desabastecimento de carne bovina neste fim de ano. Além da disparada dos preços, há a possibilidade de escassez do produto em supermercados e açougues. O aviso foi dado, dias atrás, por um dos maiores frigoríficos do país aos seus clientes: “Pensem uma maneira de estocarem as mercadorias [cortes] mais concorridas, pois este final de ano será atípico. Todo os frigoríficos do Brasil estão com dificuldades em terem seus estoques reabastecidos.”

Há vários fatores para que o churrasco possa virar um transtorno para os brasileiros na virada de ano. Entre eles, a falta de bovinos prontos para o abate, o período de entressafra e a demanda interna aquecida por carne bovino. “Do lado da oferta de matéria-prima, a baixa disponibilidade de animais terminados enxuga os estoques da indústria”, disse, nessa quinta-feira 14, a Scot Consultoria.

Some-se a isso o aumento das exportações de carne bovina, impulsionadas pelas compras chinesas, cuja demanda cresceu por causa do surto de peste suína africana, e pela ampliação de mercados. Dias atrás, o Brasil habilitou mais 13 frigoríficos para exportar para a China, além de oito para a Arábia Saudita.

Conforme a Scot Consultoria, o mercado da carne bovina tem tido altas consideráveis neste final de ano. “Na carne com osso, a alta na última semana foi de 7,9% para o boi casado, cotado em R$12,52/kg. Desde o final de agosto, a cotação subiu 22,0%. Já na carne sem osso, nos últimos sete dias, na média de todos os cortes pesquisados, o preço no atacado subiu 2,14%. São nove semanas de altas consecutivas, com variação acumulada de 10,0%.”

Também na quinta 14, o Cepea reforçou: “Levantamentos já têm verificado que a arroba chega a ser negociada por R$ 200,00 em algumas regiões do estado de São Paulo. O preço da carne (carcaça casada de boi, formada por 48% de traseiro, 38% de dianteiro e 14% de ponta de agulha) negociada no atacado da Grande São Paulo tem atingido sucessivos recordes reais da série do Cepea, iniciada em 2001, desde sexta-feira 8.”

Foto: Divulgação

Abate de matrizes

A falta de bovinos prontos para a indústria foi provocada principalmente pelo abate de matrizes. “A participação da categoria nos abates aumentou nos últimos anos. Segundo o IBGE, as novilhas compuseram 14,8% do total de fêmeas abatidas em 2008, participação que aumentou para 24,4% em 2018. Em relação aos abates totais, elas compuseram 5,8% do total em 2008 e 10,2% da quantidade abatida no ano passado”, escreveu o veterinário Hyberville Neto, no site Pasto Extraordinário.

O cenário de alta nos preços da carne bovina já havia sido antecipado pela Abrafrigo em nota divulgada no fim de outubro: “O crescimento das exportações, a habilitação de novas plantas de frigoríficos para comércio exterior, a abertura de novos mercados e a oferta restrita de animais vêm provocando o aumento nos preços da carne bovina, principalmente a partir de agosto passado.” A tendência, assinalou a entidade, é que o consumidor continue pagando mais caro pelo produto.

Em alguns estabelecimentos no Distrito Federal, a carne de primeira já subiu R$ 10 o quilo, revelou neste sábado um comerciante ao AGROemDIA. Além do aumento, a oferta do produto no mercado interno pode ter uma queda acentuado nestas últimas semanas de 2019. Com isso, o consumidor deve recorrer mais aos cortes de suínos e frango, que igualmente estão mais valorizadas por causa do incremento da procura.

Já há supermercadistas se prevenindo em relação a um possível desabastecimento de carne bovina em algumas regiões do país. Há alguns dias, o dono de uma rede de supermercados pediu a um frigorífico que enviasse tudo que pudesse de cortes de bovinos, sem se preocupar com a cotação.

Há informes de que neste fim de semana alguns frigoríficos do centro do país teriam cancelado, momentaneamente, as vendas de carne bovina no mercado interno.

Fonte: AGROemDIA

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