China: suspendida importação de carne bovina brasileira

Casos atípicos de vaca louca são confirmados pelo MAPA e China suspende impostações; Confira abaixo tudo sobre a doença que deixou o mercado louco!

O Ministério da Agricultura confirmou neste sábado (04/9) o surgimento de dois casos atípicos de mal da vaca louca no país, determinando a suspensão das exportações brasileiras para a China a partir de hoje até que as autoridades do país concluam a avaliação das informações  repassadas pelo Brasil sobre os dois casos. O mercado chinês responde atualmente por 59% das exportações brasileiras, segundo números divulgados hoje pela Associação Brasileira de Frigoríficos.

Segundo esclarece o texto do Mapa, os casos atípicos da doença ocorrem de maneira espontânea e esporádica e não estão relacionados à ingestão de alimentos contaminados.

O ministério informa que todas as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá. Dessa forma, conclui, não há risco para a saúde humana e animal.

Os dois casos de mal da vaca louca – um em cada estabelecimento – foram detectados durante a inspeção ante-mortem (com os animais ainda vivos). Tratam-se de vacas de descarte, que apresentavam idade avançada.

Esses seriam são o quarto e quinto casos de EEB atípica registrados em mais de 23 anos de vigilância para a doença. O Brasil nunca registrou a ocorrência de caso de EEB clássica.

“O Mapa esclarece que a OIE exclui a ocorrência de casos de EEB atípica para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país. Desta forma, o Brasil mantém sua classificação como país de risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos”, afirma a pasta em nota. 

Veja as notas na integra:

Veja também o ofício publicado pelo MAPA, detalhando a suspensão da venda de carne para a China:

Veja abaixo um vídeo divulgado pela Agrifatto, em que a analista Lygia Pimentel explica o que irá ocorrer nos próximos dias após essa confirmação dos casos de vaca louca. Além disso, ela faz um alerta sobre os riscos de alimentar bovinos com alimentos de origem animal, como é o caso da “cama de frango”:

Você sabe o que é “mal da vaca louca”?

O nome pode não ser tão popular agora, mas ficou conhecido mundialmente após o surto da doença entre as décadas de 80 e 90, no Reino Unido. A epidemia tornava os animais perigosos, daí seu nome, e também assustava porque podia haver contaminação de humanos.

O primeiro grande surto da doença teve seu auge entre 1992 e 1993, quando foram confirmados quase 100 mil casos no Reino Unido. Estima-se que 180 mil cabeças de gado tenham sido afetadas e mais de 4 milhões de animais foram sacrificados na época.

Durante este período, o consumo de carne bovina ficou, inclusive, proibido naquele país.

O que é a doença da vaca louca?

A enfermidade é fatal e acomete bovinos adultos de idade mais avançada, provocando a degeneração do sistema nervoso. Como consequência, uma vaca que, a princípio, era calma e de fácil manejo, por exemplo, se torna agressiva, daí, o apelido do distúrbio.

encefalopatia espongiforme bovina, nome científico da doença, é gerada por uma proteína infecciosa chamada príon. O príon já é presente no cérebro de vários mamíferos naturalmente, inclusive no ser humano, contudo, ele pode se tornar patogênico ao adotar uma forma anormal e se multiplicar demasiadamente.

Quando isso acontece, o príon mata os neurônios e no lugar ficam buracos brancos no cérebro, por isso o nome da doença de “espongiforme”, já que os buracos têm a forma semelhante a de uma esponja.

Como a vaca é contaminada?

Existem duas formas principais para o animal adquirir a doença:

  • caso de origem atípica: nele, naturalmente, o príon sofre uma mutação, se tornando infeccioso. Quanto mais velho o animal, maior a probabilidade disto acontecer;
  • contaminação: por meio do consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como por exemplo, farinha de carne e ossos de outras espécies. No Brasil, é proibido o uso deste tipo de ingrediente na fabricação de ração para bovinos.

Não há indícios de que uma vaca transmita a doença para a outra, mas, caso ela seja diagnosticada com o mal, o produtor deve colocá-la para o abate e incinerar o corpo, a fim de evitar que se torne alimento para alguma espécie, explica Vanessa.

O criador também deve avisar o serviço oficial de defesa sanitária.

Quais os principais sintomas?

A doença da vaca louca tem uma evolução longa, na qual o animal apresenta sintomas neurológicos, como:

  • nervosismo;
  • apreensão;
  • medo;
  • ranger dos dentes;
  • hipersensibilidade ao som, toque e luz;
  • ataxia, ou seja, dificuldade para andar.

Estes sintomas podem ser confundidos com outras enfermidades que afetam o Sistema Nervoso Central, como raiva, intoxicações, poliencefalomalácia, herpes vírus bovino, entre outras. Por isso, é importante a sua comprovação por meio de diagnóstico laboratorial.

Dá para tratar?

Não existe um tratamento ou vacina para a vaca louca, por isso, a melhor saída é prevenir que o animal desenvolva a proteína infecciosa, usando apenas as rações autorizadas. Consulte mais detalhes da prevenção nesta cartilha do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Quando acometido pela doença, o gado pode morrer entre duas semanas e seis meses após o início dos sintomas.

Humanos podem ser contaminados?

Assim como nos animais, os humanos podem desenvolver o príon infeccioso naturalmente ou adquirir no consumo de carne infectada. Em seres humanos, existem duas variedades da doença, veja a seguir:

Veja os dois tipos da doença que acomete humanos. — Foto: Editoria de Arte/G1

Ambas as doenças têm alguns sintomas em comum, como a perda de memória, perda visual, depressão e insônia. É possível que uma pessoa tenha adquirido o problema e ela não manifeste sintomas por anos.

Quando identificado, o paciente pode ser tratado com antivirais e corticóides. No entanto, aproximadamente 90% dos indivíduos acometidos evoluem para óbito em um ano.

O diagnóstico pode ser feito por meio de exame laboratorial. Não há indícios da transmissão entre humanos, segundo o Ministério da Saúde, exceto em caso de contato com o sangue do paciente.

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